O diretor Gus Van Sant nos leva a uma escola secundária em Portland, onde tudo parece levar o rumo mais normal do mundo, com todos aqueles personagens típicos de escola norte-americana: o garotão que namora a cheerleader, a garota bitolada que só usa calças compridas na hora da educação física, o grupo de amigas que só se preocupa com as calorias, e outros tipos similares. Em mais um dia normal, Michelle está começando seu trabalho na biblioteca, Elias está revelando fotos que acabou de fazer, Nicole, Brittany e Acadia vão ao banheiro depois do almoço, John teve problemas com o diretor por chegar atrasado. É quando os amigos Alex e Eric entram na escola, armados até os dentes, e começam a disparar.

A arte imita a vida: no caso, os acontecimentos da escola Columbine, há alguns anos. Mas não espere grandes revelações em Elefante; sabemos apenas que os dois rapazes não tinham nada de assassinos nazistas, somente não foram levados a sério pelo diretor quando precisavam de ajuda. O filme é, na maioria do tempo, um passeio pela escola. A câmera apenas segue os protagonistas de cada cena, e em alguns casos vemos o mesmo acontecimento repetido até três vezes, sempre sob um ponto de vista diferente. Vencedor em 2003 da Palma de Ouro em Cannes, o longa tira seu título do "elefante na sala de estar", aquele problema enorme que todos ignoram até que seja tarde demais. Mesmo sem oferecer respostas, o filme mostra que, seja lá ou aqui, há algo de podre em uma sociedade onde os jovens são capazes de barbaridades como metralhar colegas, colocar fogo em mendigos ou afogar calouros de faculdade.