O filme acompanha os três (e não é cansativo, alternando os rappers com freqüência) em seu dia-a-dia e mostra como eles vêem o rap como instrumento de transformação social. Combatente e suas colegas usam as letras para chamar a atenção das meninas de sua idade. Togum canta que, se uma pessoa não fizer nada por si mesma, os outros não farão nada por ela. Rapper de coração mole, que está retomando o relacionamento com o pai desaparecido por tantos anos, ele deseja se formar na faculdade e tem grandes ambições. Nada de apologia ao crime. Pelo contrário, em muitas letras, o personagem que se envolve com drogas e crime acaba mal.
A partir de um certo momento, Fala Tu deixa de ser propriamente um documentário sobre rappers para registrar o cotidiano do subúrbio. E, se por um lado é impressionante perceber como a pobreza e até a doença não matam o senso de humor dos retratados (a cena com o pai de Togum é ao mesmo tempo comovente e divertida, e Macarrão tem tiradas hilárias), por outro percebe-se que a alegria tem limites e há situações que nem o rap pode remediar. Também salta aos olhos como a desagregação familiar afeta os rappers. O documentário foi duplamente premiado no Festival do Rio BR 2003: melhor diretor e melhor documentário em longa-metragem na escolha popular.
Fala Tu
Diretor: Guilherme Coelho
País de origem: BRA
Ano de produção: 2003
Classificação: 12 anos