Para os meninos, a mudança é terrível. Significa deixar a escola e os amigos. Mas também pode ter seu lado positivo. Harry, particularmente, gosta da idéia de terem que usar nomes diferentes (seu nome verdadeiro nem é Harry - ele o escolheu por causa do famoso ilusionista Houdini), mesmo sem entender muito bem o motivo da mudança. Ele também conhece Lucas, um jovem que vem morar com a família por algum tempo. E terá a oportunidade de se aproximar mais de seu pai e aprender com ele valiosos segredos.
Kamchatka é contado unicamente pela perspectiva de Harry: a platéia só sabe o que ele sabe: que sua família está se mudando por alguma razão, que um estranho vem morar com eles, e que voltar para casa não é seguro. Não sabemos o que os pais de Harry fizeram para ser procurados, o que eles tanto conversam, aonde vão quando estão fora, não sabemos quem Lucas é e o que fez. Pode ser um contraste com o cinema norte-americano, que não resiste à tentação de nos explicar tudo nos mínimos detalhes, mas foi uma escolha acertada. Kamchatka não tem a pretensão de ser um filme "histórico", apenas usa a ditadura como pano de fundo para mostrar o valor da resistência e da dignidade.
Kamchatka
Diretor: Marcelo Piñeyro
Elenco: Ricardo Darín
País de origem: ARG
Ano de produção: 2002