De 19 a 26 de abril, acontece em São Paulo, a semana pela legalização da maconha. Com esse evento em mente, e pensando em todos os estados e países que legalizaram a maconha nos últimos anos, resolvemos montar uma lista com alguns detalhes que, se você não sabe, deveria saber.
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Para começar, vamos partir do princípio básico de que maconha refere-se a várias drogas psicoativas e medicamentos derivados de plantas Cannabis Sativa, e que seu consumo começou três mil anos antes de Cristo. Veja abaixo algumas curiosidades:
1. A legalização da maconha não vai liberar o uso recreativo
O objetivo da legalização da maconha não é que as pessoas possam fumar para pegar uma brisa ou para ficarem doidonas. Como em vários estados integrantes dos EUA, a maconha só é vendida para fins medicinais, sob prescrição médica, como diminuir a dor crônica em pacientes com câncer, por exemplo, e para pessoas que tem distúrbios alimentares e do sono, ansiedade e depressão. Leia mais aqui
2. Você não pode ser preso por estar fumando maconha no Brasil, hoje.
No Brasil, a venda (tráfico) de maconha é proibida, mas o uso não. Leia mais aqui. É claro que, a partir do momento que você está portando mais do que uma quantidade específica de maconha, configura tráfico. Essa quantidade é 12g (a mesma de outras drogas como cocaína, crack, etc.)
3. Neurônios se regeneram
Há muitos anos um dos maiores argumentos de quem recrimina o uso de maconha é a ideia de que fumar mata neurônios. Mas, há mais de dez anos, existem estudos que provam que não. Isso é mito, fumar maconha não mata neurônios. Leia mais aqui.
Pelo contrário, estudos na Europa, em universidades dos EUA e no sul do Brasil estão testando o uso de componentes da maconha para regenerar células em caso de doenças degenerativas. Leia mais aqui.
4. O único princípio ativo da maconha não é o THC
Sim, o THC é o principal princípio ativo da maconha, mas não é o único. A maconha tem mais de 60 princípios ativos, como o CBD (existe maconha só com cbd, muito usada nos EUA pra tratar os sintomas de esclerose em crianças).
5. A maconha vem sendo testada para ajudar pacientes que sofrem de epilepsia, câncer de pele, esclerose, entre outros
O óleo de maconha, que vem do THC e outros princípios ativos, está sendo testado para uso medicinal, como regeneração de células da pele em casos de câncer de pele, tratamento de epilepsia, como é o caso da gaortinha Amy. Leia mais aqui.
6. Maconha, como qualquer outra coisa que altera o estado e fisiologia do sistema nervoso, não faz bem e tem efeitos colaterais. Assim como remédios, álcool, cigarro, etc.
Então, sim, maconha faz mal, da mesma forma que álcool, cigarro, remédios para depressão e outros também fazem, cada um com seu efeito colateral. Por isso, é bom saber bem quais são os efeitos de cada remédio ou droga (lícita ou não) que você consome, para entender onde está pisando.
7. A legalização da maconha pode ser boa para o Brasil
José Mujica, presidente do Urugai, é um senhor a ser respeitado. Recentemente ele legalizou a maconha no país, segundo alguns critérios: em primeiro lugar, a legalização da maconha significa que a produção pode ser melhor controlada (tanto em qualidade quanto em quantidade), e o governo pode cobrar impostos sobre ela. Impostos esses que podem ser convertidos em fundos destinados à educação, saúde, ou o que o país precisar.
Depois, se você legaliza uma droga, ela para de ser "assunto" apenas do tráfico e seus usuários não incentivam financeiramente o mesmo. Então, além de você poder focar sua força policial em cuidar de outras drogas e outros assuntos importantes, você tira dinheiro do tráfico e diminui a violência nessas áreas de risco (menos gente comprando drogas em bocas, menos possibilidade de dar problemas). Diminui, não acaba. Há vários outros motivos que você pode explorar melhor vendo esta entrevista.
8. Legalizar maconha não significa que as pessoas vão poder fumar onde quiserem
Se muita gente imagina que com a legalização da maconha seus filhos e netos vão conviver diariamente com gente fumando maconha nas ruas, praças e escolas, está errado. Em primeiro lugar, em São Paulo, por exemplo, fumar qualquer coisa em ambientes fechados (que não sua propriedade privada) é crime. Além disso, a legalização traria uma série de regras para o consumo. Um bom exemplo é Amsterdam, onde você pode consumir maconha de forma recreacional, mas apenas maiores de idade em lugares legalizados e específicos, chamados "coffee shops".
9. Legalizar a maconha pode, inclusive, melhorar a qualidade da erva
Voltamos à questão do tópico 7. Se você legaliza a maconha, pode instaurar critérios básicos da qualidade da erva plantada e vendida, diminuindo assim a enorme quantidade de produtos químicos ou prejudiciais que hoje são encontrados em centros de venda ilegais. "Fazer render" a maconha colocando orégano, amoníaco e outras substâncias, uma vez ilegal, vai aumentar a qualidade da erva.
10. A planta Cannabys é conhecida por cânhamo
Por que isso é importante? O cânhamo é uma fibra muito forte e com diversos usos. Além de tecidos, o cânhamo é utilizado na fabricação de papel, cordas, alimentos (principalmente forragem animal), compensados (como os de madeira) e para a fabricação de óleos, resinas e combustíveis. Há diferentes concentrações de THC em diferentes tipos de cânhamo, e o papel de cânhamo, por exemplo, é mais barato e de melhor qualidade que de celulose, além de diminuir a destruição de árvores.
O poliéster (ou policarboneto, basicamente qualquer plástico em geral) nada mais é que uma fibra sintética, com vida útil menor que o cânhamo, que custa mais pra ser produzida, então, tem maior valor de venda, além de um grande poluente que demora anos para ser decomposto na natureza.
O cânhamo (e a maconha) foram proibidos por muito tempo porque as indústrias têxteis, madeireira e outras já ganhavam muito dinheiro com a fabricação desses outros produtos citados acima e, com a chegada do cânhamo, uma mudança estrutural precisaria acontecer. Além disso, fazer plástico, celulose, etc, são coisas complicadas de fazer em casa, enquanto plantar e colher cânhamo é relativamente fácil. Assim, pequenos produtores poderiam acabar interferindo no mercado e tirando espaço dos "peixes grandes". Por isso, diversas teorias foram inventadas sobre o uso da maconha, além da pressão religiosa, e ela foi proibida. Hoje a produção em pequena escala do cânhamo em alguns países como Portugal é permitida.
De acordo com reportagem da revista Superinteressante, aqui no Brasil, maconha era “coisa de negro”, fumada nos terreiros de candomblé para facilitar a incorporação e nos confins do país por agricultores depois do trabalho. Na Europa, ela era associada aos imigrantes árabes e indianos e aos incômodos intelectuais boêmios. Nos Estados Unidos, quem fumava eram os cada vez mais numerosos mexicanos – meio milhão deles cruzaram o Rio Grande entre 1915 e 1930 em busca de trabalho. Muitos não acharam. Ou seja, em boa parte do Ocidente, fumar maconha era relegado a classes marginalizadas e visto com antipatia pela classe média branca. Leia mais aqui.
11. Existem estudos que tentam provar alguns efeitos negativos da maconha
Ainda não foram comprovados 100% alguns dos efeitos mais comentados da maconha, como a impotência. O fato é que o consumo, à longo prazo, das drogas, por meio de estudos nos EUA, pode diminuir a quantidade de espermatozóides no esperma (mas ainda não foi comprovado como isso acontece). Além disso, como qualquer outra droga fumável, pode trazer risco de desenvolver problemas no pulmão, diminuição das defesas do corpo (imunidade), dor de garganta e tosse, etc.
Quer saber mais um pouco sobre maconha, canabys, cânhamo e seus usos? Veja o documentário abaixo:
Por Julia Bueno
Atualizado em 20 Mai 2014.