Poderíamos começar este texto dizendo que a comunidade gay ganhou um novo canal de humor, mas afirmar que existe uma sociedade gay é uma forma de separar os humanos, portanto, vamos dizer que todo mundo ganhou um novo canal para ver bons vídeos, só que esse tem uma temática homo, ok?
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Estamos falando do Põe Na Roda, canal que vem arrancando risos com sketches do cotidiano das bees e por mostrar que o humor gay não é apenas fazer piadas com viado.
Com vídeos lançados sempre às 11h24 das terças-feiras, o canal já abordou temas como a falta de água em SP – recomendando uma chuca consciente –, os estereótipos gays e por aí vai. Nesta terça, por exemplo, eles lançaram um vídeo especial de Dia das Mães, com depoimentos reais e bem humorados de mães que contam como é ter um filho gay e como foi receber essa notícia. (assista lá em baixo)
Batemos um papo rápido com o Pedro HCM, idealizador do canal que tirou algumas dúvidas sobre o Põe Na Roda.
Qual é o propósito do Põe na Roda?
Pessoalmente, me realizar porque minha vida profissional estava muito frustrante. Nunca me faltou trabalho, mas tinha pouca realização. Profissionalmente, acredito que exista espaço e muito público pra um canal gay e de humor na internet. O público LGBT ainda é pouco representado na mídia.
Você acha que essa iniciativa ajuda a diminuir o preconceito?
Acho que sim. Já vejo vários heterossexuais comentando que gostam do canal e acompanham, mesmo sendo feito e voltado para o público gay. Também é uma maneira dos heterossexuais se inteirarem sobre esse universo que é tão rico e divertido. O vídeo das mães, inclusive, é uma tentativa de chegar em pais heterossexuais que não lidam bem com a homossexualidade dos filhos. Mas não tenho a pretensão de "acabar com o preconceito", claro, isso infelizmente ainda está longe de acontecer.
Existe algum assunto difícil de tocar com o Põe na Roda?
Depois que falamos de chuca logo no vídeo de estreia, acho que não, hahahaha.
Mais difícil é explicar pro hétero padrão o que é chuca, né?
Sim! É complicado, mas me divertem as mensagens de héteros desavisados que visitam o canal. Tem perguntas do tipo "o que é chuca?" ou "o que é aplicativo de pegação?". Um dia quero fazer um vídeo respondendo todas essas perguntas.
Sabemos que os roteiros são escritos por você, mas, além de ti, quem faz parte do canal?
Até agora não temos ganhos, então fica difícil oficializar qualquer "cargo", ou mesmo cobrar qualquer coisa. Então conto com amigos que me ajudam e acreditam no projeto, seja produzindo, dirigindo, atuando ou dando pitacos mesmo. Os que estão mais envolvidos no projeto e participando de várias etapas de vários vídeos são o Nelson Sheep e o Rick Dourado.
É difícil fazer humor gay sem beirar as clichês piadas com gays que existem há décadas na nossa sociedade?
Acho que o humor depende muitas vezes do estereótipo (ou do exagero), porque as pessoas precisam identificar aquilo pra então rir. Mas o ideal é ser o mais criativo possível pra não cair nas velhas fórmulas já batidas – qualquer quadro do Zorra Total em que "a graça" se basta pela bichinha ser afeminada. Tento não ser ofensivo, mas escrevendo humor corro esse risco desde sempre. Já me chamaram de gordofóbico e homofóbico na coluna da Folha que assino, mas se um dia acharem que fui, não tenho problemas em pedir desculpas.
Pronto, agora saca só o vídeo fofo repleto de mães de gays que sambam na cara da sociedade.
Por Rodrigo Guarizo
Atualizado em 20 Mai 2014.