Guia da Semana

Tudo começa em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Cinco amigos se reuniam para filmar palhaçadas improvisadas com uma câmera de vídeo amadora. A brincadeira deu certo. Fausto Fanti, Marco Antônio Alves, Adriano Pereira, Bruno Sutter e Felipe Torres se mudaram para São Paulo e deram início ao humorístico Hermes & Renato, na Mtv. Em dez anos, o grupo se consolidou como uma das principais atrações do canal musical, além de adquirir fãs fiéis, que acompanhavam o programa periodicamente.

Mas um convite da Record, para integrar o programa Legendários, ao lado de Marcos Mion e João Gordo, também ex- funcionários da Mtv, mexeu com os rapazes de Petrópolis. O método de humor antes usado, mais escrachado e cheio de palavrões, uma das características mais marcantes do Hermes & Renato, terá que ser deixado de lado. Muitas dúvidas corroem os fãs do grupo, e Fausto Fanti, em entrevista ao ObaOba, explica o que vai acontecer com os ex-Hermes & Renato a partir de agora.

Que ideias vocês levam do Hermes & Renato para o Legendários, na Record?
Nós vamos usar muito essa história de sátiras musicais. Deu certo na Mtv com o Massacration, o Únidos do Caralho a Quatro e o Coração Melão. E nesses tipos de sátira, pelo menos aqui no Brasil, nós somos pioneiros. E a ideia é produzir isso na Record também. Vocês vão ver no Legendários uma boyband chamada Melado, que é totalmente inspirada nos Menudos.

Vocês não poderão usar os personagens clássicos, como o Joselito e o Boça. Certo?
O nosso contrato com a Mtv deixa claro que o conteúdo é todo deles. Inclusive o nome Hermes & Renato, que foi registrado logo no início. A gente vai tentar um acordo com a Mtv sim, em breve, mas não tem nada garantido.

Vocês tinham uma carreira musical com o Massacration que era independente do programa. O que acontece agora?
Nós estamos aguardando uma liberação da Mtv pra continuar fazendo shows. Mas existe um contrato com e EMI que foi assinado quando o nosso antigo contrato com a Mtv ainda vigorava. Então o CD do Massacration continua à venda. Nós vamos continuar fazendo shows sim. É um projeto que nós gostamos.

E como funciona a participação de vocês no Legendários? Vocês vão interagir com outros integrantes do programa ou terão um quadro exclusivo?
Nosso quadro, que inclusive a gente que escreve, é uma coisa só nossa. Assim como cada um no programa tem seu próprio espaço. Mas isso não impede que a gente participe de outros quadros. Nós participamos, por exemplo, de matérias do João Gordo. Vamos participar de várias partes do programa, não só a nossa.

Na Mtv, o Hermes & Renato tinha como característca o humor escrachado. Vocês não poderão fazer o mesmo na Record. Qual a expectativa do grupo para tentar moldar um novo tipo de um humor, mais leve?
Vai ser diferente. Agora nós estamos falando com outro público. Mas, por outro lado, nós acreditamos no nosso apelo popular, que já era explorado na Mtv. Acho que nós podemos criar uma banda de pagode, um grupo de axé, um personagem pedreiro, um funkeiro. É isso que nos inspira. Nós não absorvemos só essa cultura dita "elitizada". A gente ouve todo o tipo de música, lê todo o tipo de livro, vê todo o tipo de filme. O problema é que as pessoas associam nosso humor ao palavrão. Nós começamos com sátiras ao Pornochanchada, com a dupla de personagens Hermes & Renato, que tinha o ´porra´ mesmo, tinha a bichina, tinha a mulher traída...

E os palavrões já vinham diminuindo...
De dois anos pra cá, nós já estavamos evoluindo nesse sentido. Não houve pressão externa ou de diretoria. Há 10 anos eu era um moleque. Hoje eu tenho 31 anos. Não que você vira careta, mas o amadurecimento é natural. Eu percebi que posso ter um humor ácido sem falar um palavrão se quer. Em Comunicação não importa o que você fala, e sim a forma como você fala. Existem diversas formas de falar a mesma coisa. Na temporada passada não tinha muito palavrão. Estavamos trabalhando mais o texto, eles estavam mais elaborados. Nós precisamos fazer um humor mais lapidado e acessível. Hoje, na Record, a gente tem consciência disso.

Os vídeos do Hermes & Renato tem milhões de acessos no YouTube. O que você acha dessa disseminação do conteúdo televisivo via internet?
O YouTube é a maior revolução dos últimos tempos. Ele deixa qualquer tipo de informação acessível ao grande público. Existem vídeos nossos lá com 3 milhões de acessos. É uma divulgação enorme para nós. A TV e a mídia impressa ajudam, mas a Internet é muito importante para a divulgação do nosso trabalho.

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Atualizado em 31 Jul 2014.