A exposição Kandinsky: Tudo começa num ponto, chegou a São Paulo, no Centro Cultural Banco do Brasil. A mostra permanece em cartaz até dia 28 de setembro e o Guia da Semana esteve presente na abertura para contar tudo o que acontece por lá em 20 fotos. Confira:
KANDINSKY: TUDO COMEÇA NUM PONTO
A exposição, além de revelar muito da vida e obra do gênio da arte, fala também sobre a trajetória da arte russa, bem como a de outros artistas russos da época e suas influências.
TEATRO
A mostra também conta com uma encenação sobre a vida do artista, onde ele contracena com sua tia e outras figuras importantes. A apresentação situa o visitante e dá uma base do que a mostra tem para oferecer.
IMERSÃO
Ainda no mesmo piso, uma parte da mostra é dedicada a inserir o visitante dentro de um dos quadros mais famosos de Kandinsky - No Branco, de 1920. Óculos e fones são disponibilizados e, já com eles, o visitante entra em um túnel com véus, onde acontece a imersão.
A experiência é bacana, mas dá um pouco de tontura e não é nada grandioso.
PRIMEIRA SALA
A primeira sala da mostra fala sobre Kandinsky e as raízes de sua obra em relação à cultura popular e o folclore russo. Assim, os visitantes começam a visita entendendo o que era a Rússia e conhecendo o que influenciou o artista.
OUTROS ARTISTAS
Ainda na primeira sala, é possível ver o trabalho de outros artistas, de vários períodos diferentes, representando o que era visto na Rússia naquela época. Nota-se que as cores utilizadas por todos eles eram extremamente parecidas.
PRIMEIRO QUADRO DA MOSTRA
Essa é a primeira obra de Kandinsky com a qual o visitante entra em contato e, apesar de ser abstrata à primeira vista, já é possível identificar alguns elementos figurativos.
O quadro se chama São Jorge, é de 1911, e se olhado atentamente, revela o chapéu e o rosto de São Jorge, sua lança, o cavalo e, atrás, figuras que podem ser entendidas como espíritos.
XILOGRAVURAS
Um conjunto extremamente raro de xilogravuras de Kandinsky são encontradas ainda na primeira sala. Elas fazem parte de uma coleção privada, que não são vistas em museu nenhum do mundo e vieram especialmente para essa mostra.
Em todas elas, é possível notar a cultura russa de raiz. As imagens representam lendas, rituais e também o folclore - estéticas do interior.
ELEMENTOS ESPIRITUAIS
Quase todos os quadros da exposição possuem diversos elementos espirituais - aspecto que Kandinsky tinha em suas obras devido ao Xamanismo, do qual era um exímio admirador, assim como outros artistas da época.
OBJETOS RUSSOS
Para quem não sabe, o pai do abstracionismo era também um colecionador de objetos russos e é possível notar que as cores usadas por ele, em determinado período, se assemelhavam muito a esses objetos.
QUADROS FIGURATIVOS
É possível ver também quatro quadrinhos coloridos que são mais expressionistas do que abstracionistas. São de um período anterior a sua influência e paixão pelo abstrato e a mais famosa delas é a da igrejinha, na ponta direita.
Os quadros também mostram a diversidade de Kandinsky, que não é considerado um gênio "apenas" por ser o pai do abstracionismo, mas por transitar por diversos estilos e fazer obras primorosas em todos eles.
SEGUNDA SALA
Na segunda sala, o visitante entra em contato com a arte moderna russa de outros artistas - que não eram abstratos e vinham de outras escolas, trazendo o cubismo, pontilhismo, pós-impressionismo e outras influências - enquanto Kandinsky também estava atuando.
Nesses quadros, vemos aspectos modernos como a ausência de traços e o pincel e as marcas dos pincéis escancaradas na tela.
KANDINSKY
Nessa sala são encontrados dois quadros de Kandinsky já completamente abstratos. Ambos são uma excelente leitura da sua relação com as cores.
É importante saber que ele criou uma nova tabela de cores, relacionando cada uma delas com sons e instrumentos musicais. Devido a isso, hoje em dia não se estuda a teoria das cores sem estudar Kandinsky.
XAMANISMO
A terceira sala é onde a mostra começa a relacionar o trabalho do artista com o xamanismo. Kandinsky não seguia o xamã como religião, mas era um admirador profundo, que estudava e acreditava.
Assim, o ambiente é composto por obras de arte que representam tal movimento e também por vestimentas e objetos xamânicos - a intenção é que os visitantes olhem para os objetos e os reconheçam nos quadros - alguns são óbvios, e outros acontecem numa interpretação mais pessoal.
KANDINSKY E A RELAÇÃO COM AS CORES
O artista tinha uma relação muito forte com a cor azul. Para ele, ela representava a espiritualidade e a viagem para dentro de si mesmo. O preto representava os obstáculos e era sempre colocado em forma de corte, como se estivesse no meio de um caminho. Já o branco, era o silêncio.
ELEMENTOS XAMÂNICOS
Esse quadro se chama "Dois Ovais". À primeira vista, é uma obra totalmente abstracionista, mas tem elementos figurativos e uma narrativa óbvia ligada ao xamã.
Na parte superior, somos levados às montanhas da Russia, embaixo, em rosa, tem a presença de um peixe, uma rede, pescadores e uma canoa. É possível notar também que os braços dos pescadores se confundem com o objeto que eles usam para pescar - também muito parecidos com as roupas xamânicas, com linhas compridas e esguias.
FEITIÇO TERRESTRE - NICHOLAS ROERICH
Esse não é um Kandinsky, mas entrou para a lista dos mais lindos da exposição! A obra se chama Feitiço Terrestre, é do russo Nicholas Roerich, e mostra uma jornada pelo universo. No topo da terra, com espíritos no fundo, três seres vestidos com pele de bicho (costume xamânico) caminham rumo a algum lugar.
SALA 4
A última sala possui obras de pintores contemporâneos ao Kandinsky, que faziam parte do grupo Cavaleiro Azul, incluindo Gabriele Munter, sua segunda esposa.
GABRIELE MUNTER
Gabriele também era uma apaixonada pelas cores e abusava delas em suas obras, sendo chamadas de cores reais - pois não eram vistas em quadros daquela época.
PINTURA EM VIDRO
Kandinsky e Gabrielle foram para a Alemanha e passaram a pintar em vidro - técnica pela qual ficaram encantados. Através dela, ele passou fazer quadros como críticas à sociedade da época - pelo fato da Russia proibir toda arte que não fosse feita como forma de propaganda.
Assim, devido seu apego ao abstracionismo e sua revolta com a imposição, fez obras referentes aos contos de fadas russos com traços e aspectos extremamente infantis - uma maneira irônica que encontrou de dizer que se era esse o tipo de arte que eles queriam, era o que eles teriam.
TUDO COMEÇA NUM PONTO
Tudo começa num ponto. Kandinsky escreveu isso em um de seus livros, chamado Espiritual na Arte, pelo fato de ele acreditar realmente que tudo começa num ponto. Que as possibilidades são infinitas, mas todo quadro possui um ponto central, onde tudo começou.
Por Nathália Tourais
Atualizado em 28 Jul 2015.