Em parceria com uma das mais destacadas instituições dedicadas à arte moderna, o Museo Reina Sofía, de Madri, o Centro Cultural Banco do Brasil e a Fundação Mapfre trazem agora para solo brasileiro obras de Pablo Picasso e de outros artistas modernistas espanhóis da maior importância. Picasso e a modernidade espanhola vai, entre outros aspectos, oferecer ao público brasileiro diferentes abordagens sobre as contribuições do fundador do Cubismo e de seus contemporâneos ao cenário internacional da arte.
Com curadoria de Eugenio Carmona, professor de História da Arte da Universidade de Málaga e conceituado especialista no tema, a exposição conta com 90 obras e fica em cartaz até 8 de junho no CCBB de São Paulo e de 24 de junho a 7 de setembro no CCBB do Rio de Janeiro. Saiba agora os motivos para visitar a mostra:
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
Para quem não conhece o CCBB, a exposição é ainda mais interessante. Localizado no centro da cidade, o ambiente, além da arquitetura linda, é simplesmente incrível e, facilmente, nos hipnotizamos com algum detalhe.
A EXPOSIÇÃO
A mostra destaca a forma como Picasso concebeu a modernidade e como influenciou ou se relacionou com os principais criadores espanhóis da época – mas não é apenas isso. A exposição apresenta também os diálogos, as inter-relações e os desafios que se estabeleceram entre o próprio Picasso e Juan Gris, Miró, Dalí, Julio González, Óscar Domínguez e o conjunto de mestres espanhóis da arte moderna.
Grande parte dos visitantes interessam-se pela mostra devido ao fato de levar o nome e ter como foco Pablo Picasso. Entretanto, apesar de envolvente e muito rica, é comum sair da última sala com a sensação de querer mais do artista.
ORGANIZAÇÃO
A exposição é dividida em oito módulos, que contam oito histórias e resumem oito possibilidades criativas.
No que diz respeito a Picasso, fala-se especificamente da sua relação com a modernidade nos espaços “Picasso. O trabalho do artista” e “Picasso. Variações”. Além disso, sempre de forma transversal, são apresentadas obras que unem “Ideia e forma”, “Signo, superfície, espaço”, “Realidade e super-realidade” e “Natureza e cultura”. Um módulo especial é dedicado a um mergulho no imaginário de Picasso, para se perceber como ele concebeu a iconografia de sua conhecida obra Guernica – para tanto, recorre-se a suas elaborações em torno de “O monstro e a tragédia”. Finalmente, a conclusão da mostra destaca como a arte espanhola no final dos anos 1950 caminhou "Em direção a outra modernidade".
PICASSO
Pablo Picasso foi um artista completo. Pintor, escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo, tornou-se uma das mais conhecidas figuras da arte do século XX. Picasso demonstrava talento artístico desde pequeno, pintando de forma realista por toda a sua infância e adolescência.
Durante a primeira década do século XX, o seu estilo mudou graças aos seus experimentos com diferentes teorias, técnicas e ideias. Sua obra geralmente é classificada em períodos. Enquanto os nomes de muitos dos seus períodos finais são controversos, os mais aceitos da sua obra são o período azul (obras sombrias em tons de azul e verde azulado, ocasionalmente usando outras cores), período rosa (caracterizado por um estilo mais alegre com as cores rosa e laranja, e novamente com muitos arlequins. Muitas das pinturas são influenciadas por Fernande Olivier, sua modelo e seu amor na época período africano (começou com duas figuras inspiradas na África em seu quadro Les Demoiselles d'Avignon), cubismo analítico (estilo que Picasso desenvolveu com Braque usando cores marrons monocromáticas. Eles pegaram objetos e os analisaram em suas formas, tendo pinturas bem semelhantes nesse período) e cubismo sintético (desenvolvimento pós cubismo no qual fragmentos de papel e jornais eram colados em composições, marcando o primeiro uso da colagem nas artes plásticas).
O MONSTRO
Presente em muitas de suas obras, o Minotauro é reconhecido como o alter ego de Picasso. Através dele, falou de si mesmo e da condição psíquica da arte e do artista na modernidade. Ele, que geralmente adotava uma linguagem clássica em sua obra gráfica, criou uma criatura entre o mítico e o real, o humano e o selvagem.
GUERNICA
Parte da exposição é dedicada à interpretação do quadro Guernica, um de seus mais famosos. No ano de 1937, o governo republicano encomendou uma pintura de grandes dimensões a Picasso para o pavilhão espanhol da Exposição Universal de Paris.
O artista não havia encontrado inspiração até que ocorreu o bombardeio genocida da cidade de Guernica. A partir disso, recorrendo ao seu próprio imaginário, e os temas desenvolvidos nas sagas do Minotauro e da mulher toureiro colocaram-se a serviço da Tragédia.
Na famosa pintura, Picasso desenvolveu diversas relações, dando um foco diferenciado e destacado ao cavalo, que é a representação simbólica do povo e que, por isso, aparece unido à mulher que sofre pelo filho morto.
A exposição mostra os esboços feitos antes da pintura final tanto em quadros, quanto em uma sala interativa, onde o visitante direciona a luz de uma lantera na imagem projetada na parede, que revela o desenho feito para ficar como ficou.
PICASSO E OUTROS ARTISTAS ESPANHÓIS
Picasso e os artistas espanhóis tiveram papel decisivo na criação e nas definições da arte moderna internacional, e, assim, pretendem propor um encontro com as mais singulares contribuições desses criadores, porém não de forma convencional, por meio de rótulos, ou “ismos”, mas sim a partir dos fundamentos estéticos que configuraram as experiências espanholas da modernidade.
Por Nathália Tourais
Atualizado em 4 Abr 2015.