A primeira coisa a se fazer antes de visitar a exposição Waking up in news America, em cartaz no MIS até 2 de abril, é saber um pouco mais sobre o artista, o assunto, sua temática e abordagem. Diferente de muitas mostras que fazem-se entender com facilidade, esta, apesar de impactante, precisa ser compreendida antes que o visitante entre na sala.
Por isso, o Guia da Semana listou tudo o que você precisa saber antes de visitá-la. Assim, será fácil compreender o espírito das intervenções instaladas. Confira:
ROBERT HEINECKEN
Apesar de produzir um trabalho essencialmente fotográfico, foram poucas as vezes nas quais ele, de fato, tomou uma câmera nas mãos. Grande parte de seu trabalho foi gerado a partir de imagens preexistentes, como revistas, colagens, videogramas e fotogramas, o que fez com que ele se autodenominasse um “parafotógrafo”.
Atuando como designer gráfico e gravurista, Heinecken esteve por muito tempo interessado em como a percepção individual é moldada pelo noticiário, pornografia e propaganda, e lançou mão das imagens de TV e impressas por toda sua carreira.
WAKING UP IN NEWS AMERICA
A exposição foi vista pelo público pouquíssimas vezes e estava há duas décadas longe do mundo das artes. A obra foi realizada em 1986 e, assim como seu legado, mesmo no contexto do século XXI, examina o fenômeno dos meios de comunicação de massa, em especial, a televisão.
A instalação acontece em uma sala, sugestivamente doméstica, em que absolutamente todas as superfícies – paredes, piso, teto e todos os objetos que compõem o ambiente - são cobertas por imagens captadas da TV. O visitante pode caminhar livremente pelo espaço e experimentar a imersão pelo mundo de imagens proposta pelo artista.
CAPTAÇÃO DAS IMAGENS
Heinecken se apropriou de imagens captadas de modo bastante artesanal da própria televisão para gerar o invólucro que recobre a sala. Longe das tecnologias de hoje, ele pressionava o papel de Cibachrome (tipo de papel fotográfico) na tela da TV e ligava e desligava o aparelho seguidamente para sensibilizar o papel. As imagens geradas são versões embaçadas das sequências de movimentos de apresentadoras de TV e fazem alusão direta ao movimento Dadaísta de permitir que o material encontre por si sua forma final.
O PAPEL DA TELEVISÃO
A imagem de apresentadoras americanas (principalmente as loiras de olhos azuis) é uma peça por excelência dos anos 80 e uma declaração sobre o impacto da televisão e suas fantasias, tudo impulsionado pelo poder da mídia de unir linguagem e imagem.
PROPÓSITO
Além de questionar o papel da televisão e sua influência nos telespectadores, a mostra busca fazer jus ao legado do artista que faleceu em 2006, relativamente negligenciado nos últimos anos, e reviver sua obra. Em 2014, o Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York organizou uma grande retrospectiva de seu trabalho, atualmente em cartaz no Hammer Museum (Los Angeles), e foi comparado a gigantes da arte conceitual, como John Baldessari, Cindy Sherman e Richard Prince.
CURIOSIDADE
A instalação deve ser destruída após cada exibição, o que torna cada mostra um pouco diferente.
Por Nathália Tourais
Atualizado em 5 Mar 2015.