8-Bit Adventures 2 é um RPG, feito nos moldes dos clássicos das antigas, desenvolvido e publicado pela Critical Games. Nele, somos convidados a acompanhar as aventuras de um grupo de, e eu juro para vocês, aventureiros que precisam enfrentar uma série de perigos altamente perigosos para salvar seu mundo de uma segunda potencial destruição. Que lugarzinho bom de se viver, não é mesmo?

E aí, será que vale a pena acompanhar esse rolo todo? É o que veremos agora, em mais uma análise caprichada do Pizza Fria!

Rosto clássico, mente nova

Como as coisas mudam com o tempo, leitoras e leitores. Antigamente, na época em que ainda jogávamos em consoles feitos de madeira e caçávamos nossa comida com lanças de pedra e tacos de madeira, a luta pelos bits era o que havia de mais importante no mundo dos videojogos eletrônicos. Nada exemplifica mais isso, por exemplo, que o famoso Nintendo 64. Tão importante que trazia seu documento até no nome, para encantar as pessoas e motivar as compras. Agora, o que eram esses tais bits? Pouco sabíamos.

Contudo, parece que a tendência atual segue o caminho inverso. Agora, a parada mais cool, principalmente no circuito indie, é recriar todo o charme e atmosfera dos joguinhos que tinham seus bits contados nos dedos das mãos (ou pés). Um bom exemplo disso, inclusive, é nosso convidado de hoje: 8-Bit Adventures 2. Além disso, o título chega com a promessa de recapturar, e homenagear, todo o brilho dos RPGs das antigas e, principalmente ao que percebi, os primeiros da famosa saga Final Fantasy.

Não seio vocês, leitores e leitoras, mas sempre que vejo alguma promessa desse tipo não consigo fazer nada além de ficar profundamente emocionado. E empolgado, entre outros adjetivos similares. E, também, frequentemente acabo me decepcionando e praguejando o dia no qual me deixei levar pelas doces mentiras dos trailers e exibições. Mas, será que foi esse o caso dessa vez? Venham e vamos descobrir.

História

8-Bit Adventures 2 se passa dois anos após o primeiro game da franquia, mostrando um pouco sobre como o mundo se recuperou dos eventos que quase o destruíram na aventura anterior e colocando um novo vilão no pedaço: um garotinho muito curioso chamado Glitch, que possui o poder de dominar as pessoas, alterar a realidade e, no geral, ser uma dor de cabeça para todo mundo. No meio disso, nos unimos aos heróis das antigas e aos novos protagonistas que se unem a eles para, como é o comum nesse tipo de situação, salvar o mundo.

Achei bem legal que a narrativa do título faz um resumão bem legal do que aconteceu no jogo anterior, nos apresentando tanto aos protagonistas (a ladra, o guerreiro e o mago) quanto ao mundo em que vivem e o computador que tanto controla quanto protege o lugar. Isso é uma outra sacada bem legal, pois faz a história ser um misto de magia com tecnologia e, também, uma certa quebra da quarta parede.

O enredo e os personagens são uma das maiores forças de 8-Bit Adventures 2. Tudo é feito com tanto charme e esmero que fica quase impossível não se cativar pelos heróis e heroínas, rir de algumas das situações bizarras pelas quais eles passam ou se emocionar com certas mostras de amor e camaradagem. Além disso, o título brinca com convenções do gênero de uma forma que o faz não se levar a série demais, mantendo o tom de aventura despretensiosa e divertida que ele propõe e faz tão bem. Pena, contudo, que não sido legendado para a nossa língua.

Gameplay

8-Bit Adventures 2, em sua essência, é um RPG em turnos com foco em uma exploração mais linear, na qual exploramos cidades e masmorras enquanto caminhamos em direção aos objetivos que temos no momento. Podemos encontrar alguns tesouros e segredos aqui e acolá mas, em minha experiência, boa parte da estrada é uma linha reta. Isso, acredito eu, acabou por ser uma oportunidade perdida para deixar o título ainda mais recheado.

Em se tratando de mecânicas, temos um combate em turnos que tanto homenageia os clássicos, novamente, como coloca ideias novas na mesa. Primeiro, podemos usar uma equipe de três personagens por vez, mas podemos trocá-los livremente durante o combate. Cada um deles possui uma habilidade única que não gasta nenhum recurso, como roubar ou atacar dois inimigos por vez, além de uma série de outras exclusivas que gastam AP e se dividem entre os bons e velhos buffs, debuffs e por aí vai.

Cada personagem de 8-Bit Adventures 2 tem uma função muito bem definida, e saber quando colocar um ou outro em ação é essencial para poder passar pelos desafios que encontramos de uma forma menos problemática. Contudo, achei o jogo um pouco mais puxado para o lado das coisas, salvo em alguns momentos que a dificuldade deu uma guinada súbita para cima.

Enquanto não estamos lutando, passamos boa parte de nosso tempo explorando uma série de localidades diferentes, seja em busca de novos itens ou apenas para conhecer o pessoal do local. É interessante que, em algumas delas, também podemos tomar pequenas decisões ou resolver missões, não marcadas, que mudam algumas pequenas coisas para frente.

A grande sacada de 8-Bit Adventures 2 é a forma com que o jogo utiliza tanto suas inspirações quando suas novas mecânicas e cenários. Sempre estamos vendo algo novo, enfrentando inimigos diferentes e precisando nos adaptar à diferentes tipos de situação, enquanto corremos para mudar nossos personagens e equipá-los da melhor maneira possível. Isso ajuda muito a manter o título divertido, e trabalha tanto para manter a atmosfera de novo retro quanto para evitar que ele fique parecendo apenas um clone barato de outros que vieram antes.

Tudo considerado, o título não reinventa a roda no departamento de jogabilidade. Pelo contrário, ele foca em fazer tudo que se propõe com maestria, entregando uma experiência agradável e familiar ao mesmo tempo, capaz de manter o jogador entretido sem muitas surpresas ou dores de cabeça. E isso, de fato, ele consegue. Visto que, inclusive, conseguiu me manter colado na telinha do Switch durante horas e mais horas.

Sons e Visuais

Os visuais de 8-Bit Adventures 2 são muito bonitos, coloridos e bem animados. O trabalho com as sprites ficou bem maneiro, e também achei que eles souberam se inspirar em algumas coisas que víamos nos RPGs das antigas. Por exemplo, a animação do personagem fazendo pose de fortão me lembrou muito aquelas que víamos Bartz fazer quando queria tirar onda, lá em Final Fantasy V.

A trilha sonora, entretanto, foi o que mais marcou para mim. Cada música formosa, cada trilha bonita, que coisa maravilhosa. Muitas delas, sejam de combate ou exploração, ficaram em minha cabeça e, devo dizer, certamente irão entrar para minhas playlists que ouço enquanto jogo outras coisas ou, como costuma ocorrer, fico pensando no leite derramado.

Vale a pena comprar 8-Bit Adventures 2?

Excelente pergunta, gente bonita desse site. Devo dizer que, pensando no conjunto da obra, 8-Bit Adventures 2 foi um joguinho que me divertiu para caramba. E ouso dizer, até, que o faria mesmo sem minha ligação emocional com os RPGs da era dos 8/16 bits. E isso se dá por diversos motivos, os quais falarei de maneira resumida agora.

Do lado positivo, curti bastante a narrativa de 8-Bit Adventures 2, com todos seus personagens charmosos e acontecimentos inusitados e divertidos. Inclusive, o título consegue receber muito bem quem não jogou o primeiro, além de se apresentar com gráficos e visuais muito divertidos, junto de mecânicas competentes. De negativo, senti falta das legendas, achei ele um pouquinho linear e fácil demais, salvo um ou outro momento.

Mas, no fim das contas, 8-Bit Adventures 2 é um estouro. O game diverte e encanta, fazendo com facilidade o árduo trabalho de conquistar e prender o jogador. Isso tudo, devo dizer, enquanto faz uma bela homenagem aos títulos das épocas passadas. Se estiver procurando um RPG legal para passar o tempo, pode ir sem medo. Não vai se arrepender.

8-Bit Adventures 2 chega nesta quarta-feira, 16 de outubro, para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch. O JRPG já estava disponível para PC, via Steam e GOG.com, desde janeiro de 2023.

*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Critical Games.