Anima Flux é um metroidvania em duas dimensões, com um foco especial em cooperação, desenvolvido e publicado pela… Anima Flux. Nele, controlamos uma dupla de soldados que precisam resolver um dos maiores problemas de infestação por insetos que já vi em minha vida. Quem diria que no espaço futurista não haveriam dedetizações mais simples e práticas, não é mesmo?
E aí, será que vale a pena acompanhar essa aventura? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!
Dupla de dois
Ultimamente, leitores e leitoras deste maravilhoso canto das webs, andei revendo minhas opiniões acerca da vida no espaço. Ainda que a ficção nos venda um local de aventuras sem fim, cheio de espécies diferentes e planetas para desbravar e sabres, cada vez mais venho percebendo um problema persistente com essa empreitada: a presença de insetos. Ou alienígenas mutantes com bocas dentro de bocas e, talvez o mais aterrador de todos, o altíssimo preço do metro quadrado em determinadas estações especiais. Esse é o maior inimigo, não é mesmo?
Para fortalecer essa impressão, iremos conversar sobre mais um joguinho que mostra a seriedade dos problemas insectóides que podemos encontrar nas fronteiras além dos anos-luz: Anima Flux. Ou, como passou a ser conhecido em minha mente brilhante, o metroidvania cooperativo. Premissa interessante, não é mesmo?
Devo admitir que realmente curto quanto tentam fazer algo diferente com o gênero, tão amado por minha pessoa, seja envolvendo novas mecânicas, estéticas ou, ao menos, diferentes maneiras de se narrar uma história. Lembro de já ter visto algo parecido em Castlevania Portrait of Ruin, mas nada ainda que deixasse dois jogadores, ao mesmo tempo, controlarem bonecos diferentes. Mas, será que isso dá certo mesmo? É o que vamos descobrir agora.
História
Anima Flux se passa em uma cidade, localizada dentro de uma grande nave espacial, que não é tão ruim assim de morar. Claro, ela é governada por uma teocracia autoritária e totalitária, seus cidadãos vivem sobre pressão e controle constante, há um perigo sempre presente de ataques de seres do espaço e, dizem por aí, que o controle de pragas é uma porcaria. Mas, ainda é um lugar honesto para se viver, com gente saudável e com todas as partes do corpo em seus devidos lugares. Certo? Bom, tenho uma péssima notícia para vocês, caros leitores e leitoras.
Uma invasão de mutantes, com alguns insetos nojentos e outras aberrações da mesma família, tomou o lugar de assalto dizimando boa parte da população, colocando o restante em alto risco e quebrando boa parte da cidade. Para tentar dar um jeito nessa situação deprimente, os líderes do tal governo enviam dois soldados porretas, Roy e Eileen, para tentar dar um jeito no problema. Contudo, a missão será complicada por dois grandes motivos. Primeiro, que o estrago é muito maior que o imaginado. Segundo, porque nossa heroína e nosso herói não se dão nada bem.
Anima Flux usa muito bem essa dinâmica de opostos para construir sua narrativa, além de ser uma maneira interessante de desenvolver seus personagens. Eileen, sempre séria, pensa apenas em terminar a missão e seguir o protocolo. Roy, um pouco mais flex em seus objetivos, pensa em ajudar os sobreviventes em primeiro lugar. Ver os dois chegando até um ponto comum, e se tornando parceiros de verdade ao longo do processo, é algo bem legal. Além disso, observar como a sociedade se comporta, e como os líderes da teocracia lidam com o que está acontecendo, levanta alguns pontos interessantes para se pensar e debater.
Jogabilidade
Em sua essência, Anima Flux é um metroidvania em duas dimensões com mecânicas de combate um pouco mais punitivas que o normal, aumentando o desafio e fazendo com que o jogador precise ser esperto se quiser chegar ao final da jornada. De maneira geral, podemos realizar ataques comuns e especiais, mediante novas habilidades e equipamentos que encontramos, utilizar itens de cura, pular e nos esquivar das coisas. Contudo, isso é uma visão bem geral.
Cada um dos protagonistas possui habilidades bem distintas, úteis para diversas situações e capazes de causar um bom estrago se utilizadas da maneira correta e em conjunto. Eileen utiliza um arco, e poderes baseados nele, que permite atacar de longe com três flechas simultâneas. Ela é muito boa para manter os inimigos mais longe, além de ser muito útil no começo do jogo quando temos opções de defesa mais limitadas. Roy, por outro lado, utiliza uma espadona que dá um dano bem legal, além de poder atordoar os inimigos. Contudo, seu alcance é menor e qualquer vacilo significa perder uma boa quantidade de vida.
No começo, Anima Flux dá poucas ferramentas para o jogador se manter vivo. Habilidades simples como esquivas, ataques carregados ou curas mais efetivas são liberadas após um bom tempo, e chefes enjoados, obrigando que sejamos um pouco mais pacientes e medrosos no começo. Acho que isso torna as horas iniciais do jogo um pouco menos divertidas do que deveriam, sendo algo que pode afastar alguns jogadores que, após tomar diversas ferroadas na cara de um ou outro boss mais enjoado, acabam por deixar a aventura de lado.
Falando em habilidades, podemos conseguir várias delas de diversas maneiras. Geralmente, ou ganhamos em momentos específicos da história, matando chefes, ou através de missões secundárias e vendedores. Temos uma boa quantidade dessas, que possuem tanto efeitos em combate quanto para auxiliar na exploração e no desbloqueio de novas áreas. Prestem atenção em suas sidequests, gente bonita. Vale muito a pena.
Não podemos deixar de falar, é claro, do modo cooperativo. Anima Flux permite que joguemos tanto sozinhos quanto acompanhados, com cada jogador tomando controle de um personagem. Esse modo é muito divertido, e potencializa as forças do jogo ao permitir que ambos os players usem suas habilidades em sinergia para poder passar dos perigos da cidade com um pouco mais de tranquilidade. Um adicional muito bom, inclusive, é que o título também permite jogar localmente.
Contudo, isso é uma faca de dois legumes, como dizem. Ainda que seja muito maneiro jogar junto, com toda zoação e diversão que isso carrega, ser acompanhado pela inteligência artificial é bem complicado. Nosso bot amigo raramente faz boas escolhas, gastando cura, energia e atacando inimigos sem um mínimo de amor próprio ou estratégia. Meu Roy robô, por exemplo, se matou diversas vezes ao ficar dando espadas em um inimigo que nunca poderia ser ferido pela frente, por conta de uma armadura de espinhos cabulosa.
Mas, de toda forma, Anima Flux funciona bem tanto só quanto acompanhado. Ainda que dividir o trabalho de botar os insetões na sola da bota seja o ideal, e acredito que inclusive tenha sido a ideia principal do título, a ação diverte e nos desafia de qualquer maneira. O importante, precisam lembrar, é que o jogo leva um certo tempo para engatar. Mas, quando pega no tranco, ele voa livre e feliz.
Sons e Visuais
Anima Flux possui visuais bem legais, com cores vivas, desenhos muito bem feitos e animações fluidas e leves. Além disso, os cenários são legais e criam uma boa atmosfera. Ainda que as paisagens se repitam, gerando certa confusão, me agradei do que vi. Além disso, faço uma menção honrosa para as sequências animadas, que ficaram muito legais.
A trilha sonora também me agradou, ainda que não tenha sido super memorável. Ela constrói bem os momentos do jogo, e consegue nos embalar quando necessário. Por fim, o jogo chega com uma tradução muito legal e feita com competência, não deixando nada a desejar para o roteiro original. Isso é algo muito positivo, e merece ser aplaudido.
Vale a pena comprar Anima Flux?
Anima Flux chegou com uma proposta bem interessante, leitores e leitoras, de adicionar uma nova camada de complexidade para um gênero que vem se tornando cada vez mais popular. A ideia de colocar cooperativo é muito boa, e acredito que o jogo lança fundações sólidas para tornar a experiência ainda melhor em futuras iterações.
O combate é bem divertido, curti a ambientação e achei que o jogo nos dá bastante para ocupar o tempo. Além disso, o desafio sempre é bem-vindo. Contudo, sofri um pouco ao jogar sozinho por conta da I.A maluco do parceiro robô, e acho que determinadas habilidades deveriam ou vir liberadas por padrão, ou ao menos nos serem dadas um pouco mais cedo.
Mas, no fim das contas, o saldo de Anima Flux é super positivo. O jogo me agradou, e conseguiu tanto aplicar os fundamentais dos vania de uma maneira satisfatória quanto dar uma sacudida na fórmula para deixar com a sua cara. Se curtirem jogos para duas pessoas, mais ainda se for desse estilo tão amados, recomendo darem um conferida.
Anima Flux já está disponível para PC, via Steam, desde o dia 7 de outubro.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela Anima Flux.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 20 Nov 2024.