Drova – Forsaken Kin é um CRPG com grande foco em exploração, além de ser ambientado em uma temática celta, desenvolvido pela Just2D e publicado pela Deck13. Nele, somos colocados em um mundo inóspito, cheio de monstruosidades e uma fauna nem um pouco amigável, enquanto tentamos fazer uma entrega muito especial. No começo, ao menos.
E aí, será que vale a pena encarar esse rolê? É o que saberemos agora, em mais uma análise mágica do Pizza Fria.
Na vida (ainda mais) selvagem
Devo dizer, leitores e leitoras, que a vida não está fácil para ninguém. De fato, cada dia fica mais e mais difícil juntar a quantidade necessária de papel moeda para vivermos com dignidade e, se dermos muita sorte, um pouco de conforto e exageros. Por exemplo, esses dias tive que aceitar um trabalho duvidoso como entregador para consertar a carroça sem roda que chamo de computador. Como entregador de itens mágicos, melhor dizendo. Por conta disso, acabei me perdendo em terras inóspitas, cheias de monstros, gente nervosa pronta para brigar por qualquer coisa e mercadorias com preços abusivos.
Se isso aconteceu de verdade? Ora leitora, que pergunta. Provavelmente, sim. Ou, como costuma ocorrer com certa frequência, estou confundindo realidade com videojogos novamente. Curiosamente, nosso joguinho da vez conta sobre uns rolos parecidos com esse que juro ter vivido. Drova – Forsaken Kin ou as aventuras de um camarada incrível como eu? Vai saber.
O que realmente me interessou no título, deixando os memes de lado, foi a proposta de exploração que ele oferece. De sairmos andando pelos mapas, fazendo missões, descobrindo coisas perdidas e tretando contra tudo e todos. Skyrim realmente me criou gosto pelo estilo, e sempre corro atrás da oportunidade de jogar algo que traga aquela sensação de ficar maravilhado e curioso novamente. Mas, será que foi o caso agora? Venham comigo, e vamos descobrir.
História
Drova – Forsaken Kin conta a história de uma grande decepção. Após receberem uma pedra mágica, com um bocado de sabedoria embutida, nosso personagem e a tribo da qual faz parte descobrem a existência de uma terra mágica e prometida chamada Drova, onde tudo é felicidade, alegria e nem um pouco de violência e opressão. Contudo, após chegar ao tal local, aprendemos rapidamente que isso não passava de uma baita propaganda enganosa. Nada de unicórnios, magia, algodão doce ou filhotes fofinhos. Que absurdo!
Agora, largados e quase pelados, somos obrigados a sobreviver nesse lugar inóspito, enquanto descobrimos as relíquias e tretas de uma cultura morta, nos envolvemos em guerras entre cidades, ajudamos os mais necessitados e tentamos não ser devorados pela fauna local. Ou não, visto que o jogo nos dá uma boa liberdade narrativa e se adequa bem às nossas escolhas e suas consequências.
Falar mais sobre a narrativa de Drova – Forsaken Kin seria estragar a diversão, até porque observar os acontecimentos naturalmente, falando com personagens e encontrando os detalhes do cenário, é parte essencial da experiência. Contudo, posso falar que me senti engajado na maioria do tempo, e que fiquei contente em ver como a trama do jogo se dobrava para absorver e dar peso ao que eu fazia e como lidava com determinadas missões.
Jogabilidade
Em sua essência, Drova – Forsaken Kin é um CRPG focado em exploração, com uma pegada mais old school em se tratando da maneira que o mundo recebe o jogador, e de como o jogo nos guia e auxilia. Inclusive, nesses aspectos, ele lembra muito alguns jogos bem legais lançados em décadas passadas como (e acredito que tenha sido bem inspirado por) Gothic.
A ideia inicial é de que podemos andar por um mapa bem extenso, e sem carregamentos, enquanto realizamos missões para diversos atores diferentes e descobrimos segredos escondidos. Cada cantinho pode conter uma porta escondida, uma caverna ou alçapão, contendo um pouquinho mais de desenvolvimento da trama, tesouros, novas missões ou, se dermos sorte, um monstro pronto para nos dar uma surra daquelas.
De fato, o mundo de Drova – Forsaken Kin odeia o jogador, mas não digo isso de uma forma ruim. Na verdade, essa filosofia faz com que estejamos sempre sobre perigo, precisando prestar atenção no que vamos fazer, para onde iremos e, principalmente, com quem iremos caçar briga. Principalmente no começo, a parte mais tensa e que pode espantar alguns em minha visão, o próprio ato de andar entre cidades ou acampamentos é um risco considerável.
Contudo, podemos nos defender utilizando uma série de armas e habilidades diferentes. O jogo nos permite especializar, através de pontos ganhos ao subir de nível, tanto no uso de equipamentos de combate (espadas, lanças e por aí vai) quanto em outras coisas interessantes como minerar, criar poções, armadilhas, e por aí vai. E isso é muito bom, visto que o jogador que sair na loucura pensando que é um herói de jogos mais tradicionais, sem preparo ou pensamento, vai quebrar a cara com facilidade.
O combate de Drova – Forsaken Kin é um tanto quanto simples, se resumindo a um botão de ataque, esquiva, especial e habilidade (que depende de uma barra de recurso para utilizar). Também podemos utilizar poções, armadilhas e projéteis que ajudam na hora de nos dar aquela vantagem tão necessária para sobreviver aos perigos que encontramos. Para vencer o ursão da foto acima, por exemplo, colocar uma boa arapuca para fazer com que ele não se mova é uma ideia excepcional.
Fora isso, temos muitas missões para resolver e aceitar. O que achei mais legal nesse aspecto é que elas nem sempre tem uma resolução “correta”, e quando ocorre ela nem sempre é visível de cara. Isso faz o jogo recompensar o jogador que é atento e esperto, algo que sempre ganha pontos comigo e acho essencial para uma experiência mais completa.
De negativo, achei apenas que o combate de Drova – Forsaken Kin poderia ser um pouco mais completo em se tratando de ações, talvez com combos e coisas parecidas. Além disso, achei muito fácil se perder por conta da forma que o jogo lida com mapas e a falta de direcionamento. Isso não é ruim, por si só, mas se torna complicado com preciso achar um personagem específico que não possui uma moradia fixa, ou quando o modelo utilizado para ele é parecido com todos os outros da cidade.
Sons e Visuais
Drova – Forsaken Kin conta com visuais bem legais, entregando sprites bem desenhadas, coloridas e animadas. Os cenários e personagens realmente ajudam a criar aquela sensação de estarmos em um local inóspito, e acredito que isso seja essencial para que o jogo funcione bem e nos mantenha sempre com aquela sensação de que o perigo espreita em cada esquina.
A trilha sonora também funciona, criando uma boa atmosfera e complementando tanto a ação quanto os momentos mais parados. Contudo, acho que ela poderia ter sido um pouco mais ousada para entregar algumas músicas que nos marcassem mais. É boa, mas não se destaca.
Vale a pena comprar Drova – Forsaken Kin?
Devo dizer, leitores e leitoras deste maravilhoso recanto digital, que Drova – Forsaken Kin conseguiu me prender bastante durante todo o tempo que o joguei. Apesar do sofrimento, e das mortes inesperadas por julgar que uma mosca tão pequena nunca poderia explodir em minha cara, o título entregou tudo que esperava, e até mais.
Ele é desafiador em boa medida, cheio de coisas para descobrir, entrega uma boa variedade de mecânicas que se completam e apresenta um mundo que pede para ser explorado. Os únicos pontos que acho que poderiam ter sido um pouco mais açucarados são um combate mais profundo em se tratando de ações como golpes e afins, uma trilha sonora pouco ousada e a confusão que sentimos por conta de alguns personagens serem muito parecidos e o jogo não ajudar na hora de encontrar determinadas coisas.
Mas, ao fim e ao cabo, eu achei Drova – Forsaken Kin um jogo super divertido, e fiquei contente de ter dedicado meu tempo e esforço para ele. Deixando de lado as boas lembranças de Gothic e companhia, o título serviu para saciar aquela minha vontade de um jogo no qual eu pudesse me perder, e acredito que ele será muito bom para aqueles que se encontrem na mesma vibe que eu. Portanto, recomendo.
DROVA – Forsaken Kin chega hoje, 15 de outubro, para PC, via Steam, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S, Xbox One e Nintendo Switch.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela Deck13.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 15 Out 2024.