Antes de falar de Moonbreaker é importante contextualizar um pouco o universo que o jogo orbita. Sabendo disso podemos dizer que é difícil pra gente estimar e dizer quais são os gêneros de jogos mais antigos, mas uma coisa é indiscutível, os Wargames claramente estão nessa lista. Os Wargames são jogos extremamente complexos, mas em resumo são jogos de tabuleiro que simulam campos de batalha reais ou fictícios, onde normalmente dois jogadores se enfrentam para decidir qual deles é o mais inteligente e consegue criar melhores estratégias para vencer e derrotar as unidades, o capitão ou a base do inimigo.

Com o passar dos anos os Wargames acabaram virando um Hobby das pessoas, e esse Hobby escalou para outras áreas que permeiam o jogo. É muito comum ver entusiastas desse nicho, criarem suas maquetes, pintarem e montarem suas próprias miniaturas e suas próprias peças para jogar na cara dos amigos que ele tem uma peça mais bonita. Entretanto todo esse universo sempre existiu paralelo aos videogames, apesar de existir jogos que se inspiraram nos Wargames eles trazem apenas o sentimento de jogar o jogo, mas essas atividades que orbitam os Wargames sempre acabaram ficando longe dos jogos eletrônicos. Até a chegada de Moonbreaker pelo menos.

Então se você no mínimo ficou curioso pra ver como todo esse universo que permeia os Wargames veio parar nos videogames, vem comigo pra mais uma análise do Pizza Fria, que eu te garanto que você vai sair daqui querendo comprar pincéis e tintas para pintar miniaturas.

O que é Moonbreaker?

Moonbreaker está em acesso antecipado, e é um jogo tático de estratégia em turnos focado em partidas PvP, o jogo está sendo publicado pela KRAFTON, e foi desenvolvido pelo estúdio Unknown Worlds Entertainment, estúdio esse responsável por Subnautica, um dos maiores sucessos do gênero de sobrevivência nos últimos anos. Isso por si só é impressionante pois é difícil ver estúdios corajosos para se aventurar em gêneros tão diferentes assim.

Moonbreaker apesar de ser um jogo tático, bebe muito do gênero de jogos de cartas como Hearthstone ou Legends of Runeterra, pois o jogador pode montar o seu exército com no máximo 10 unidades incluindo um capitão. O capitão é uma unidade mais forte que as outras e é o líder do seu time, ou seja, para vencer a partida você deverá derrotar o capitão inimigo.

Com o seu capitão em campo você também pode chamar as suas outras peças usando a famosa “mana” que aqui é chamada de brasa, um sistema bem familiar para os os jogadores mais assíduos de card games, onde peças mais fracas custam menos brasa e peças mais fortes custam mais brasa, porém em Moonbreaker você não possuiu peças na mão ou um deck, você já começa com todas as suas peças disponíveis para jogar, dependendo somente de ter a brasa certa para isso.

Cada peça pode se mover uma vez por turno livremente e pode também atacar uma vez por turno livremente, porém as habilidades especiais de cada uma das peças podem custar brasa para serem usadas, como por exemplo um ataque em área ou uma cura. Essas peças podem atacar a distância ou corpo a corpo, porém você deverá se posicionar para ter uma linha de tiro ou se aproximar para bater no seu inimigo, logo posicionamento é muito importante em Moonbreaker.

Moonbreaker conta atualmente com 41 peças, sendo três dessas Capitães para você escolher e montar as suas equipes, porém cada um desses Capitães são bem diferentes um dos outros, e exigem um estilo de jogo completamente diferente. Por exemplo, um deles é um personagem voltado para o combate corpo a corpo, então você deverá montar uma estratégia para aproximá-lo do time inimigo e mantê-lo vivo.

Outro Capitão é voltado para invocar tropas e aprimorá-las, ou seja, serve para aquelas pessoas que gostam de um campo de batalha mais caótico. E o último Capitão é voltado em espalhar minas pelo mapa e puxar os inimigos para elas, esse é ideal para aqueles que desejam pensar um pouco mais nas possíveis estratégias da partida. Então, escolher o seu capitão e montar o seu exército em função dele é por si só uma tarefa interessante.

Moonbreaker traz vários mapas diferentes para você jogar, porém na prática eles não afetam muito a jogabilidade da partida, e trazem obstáculos simples para esconder as suas tropas. No fim, a jogabilidade de Moonbreaker mescla elementos de jogos de carta, Wargames e jogos de estratégias por turno para criar uma jogabilidade no mínimo interessante.

Uma oficina para pintar bonequinhos

Talvez o maior trunfo de Moonbreaker seja o seu sistema de customização de peças, esse sistema permite que os jogadores pintem os seus personagens como bem entenderem usando as mais variadas cores, pincéis e técnicas para isso. Esse sistema é a primeira vez que um jogo transmite o Hobby de pintar miniaturas para um jogo de videogame que também se inspira nos jogos de Wargame.

Esse sistema todo é absurdamente complexo, e permite que a comunidade crie skins lindas para os personagens, porém infelizmente ainda não há uma maneira de exportar e importar essas skins para outros jogadores, então caso você seja péssimo em pintar e desenhar que nem eu, terá que passar horas estudando teoria das cores e técnicas de pintura para ficar bonitão em Moonbreaker.

E fica a dica aqui para você entrar no servidor do Discord oficial do jogo para ver as obras de arte criadas pela comunidade do jogo.

Um cenário Multimídia

Moonbreaker se passa em um cenário de ficção científica e fantasia criado pelo autor Brandon Sanderson, um dos maiores escritores de fantasia da atualidade, responsável pela série de livros “Mistborn”, logo o jogo traz um universo riquíssimo que é contado nas descrições das peças do jogo e principalmente nos áudio-dramas criados para o jogo.

Esses áudio-dramas são um primeiro passo para o futuro de Moonbreaker, pois os desenvolvedores já garantiram que o plano é transformar o jogo em algo multimídia e exportar todo esse universo e personagens para quadrinhos, livros e etc. Esses áudio-dramas são um primeiro passo nessa direção, e vale destacar a qualidade de todos eles, pois até o momento que estou escrevendo essa análise, já foram lançados três desses dramas que contam a história dos 3 Capitães do jogo. Esses áudios são muito bons e fica a recomendação para você ouvi-los em qualquer plataforma de streaming de áudio ou dentro do próprio jogo mesmo.

Todo esse plano se casa perfeitamente com os planos futuros de Moonbreaker que é transformar o jogo em um modelo Free to Play e investir em conteúdos além do jogo.

O que esperar de Moonbreaker?

Como eu disse anteriormente, o principal plano para o futuro de Moonbreaker é transformá-lo em um jogo F2P e mantê-lo vivo com atualizações num modelo Live Service padrão da indústria. Isso pode ser um pouco preocupante no futuro, pois não sabemos como a monetização do jogo será de fato. Entretanto, no lançamento do Acesso Antecipado o jogo possuía uma loja, uma moeda paga com dinheiro real e um sistema de boosters para comprar peças novas, porém os desenvolvedores atenderam os pedidos da comunidade e retiraram todo esse sistema de monetização, reembolsando os jogadores que gastaram dinheiro com o jogo.

Agora todas as peças estão disponíveis para todos os jogadores que comprarem o Acesso Antecipado do jogo, e a única coisa que você pode desbloquear jogando são as recompensas do passe de batalha do jogo, que também é gratuito. Então por mais que esteja cedo para afirmar qualquer coisa sobre a monetização do futuro modelo Free to Play é interessante saber que os desenvolvedores estão preocupados com isso.

Então, depois de tudo isso, eu posso afirmar que Moonbreaker está em um excelente estado ainda em Acesso Antecipado. O jogo está bastante completo e todos esses planos de trazer a lore do jogo para outras mídias e transformá-lo em um jogo como serviço competitivo é empolgante para os amantes de Wargames, para os amantes de jogos de carta e para aqueles que gostam de pintar miniaturas.

Moonbreaker está disponível para PC, via Steam, por R$ 59,99. O game foi lançado em setembro deste ano.

*Preview realizada em um PC equipado com uma placa de vídeo RTX com código fornecido pela KRAFTON.