Guia da Semana

Alguns meses atrás, tive a oportunidade de realizar o preview de Phoenix Springs, um jogo do gênero point & click que traz uma narrativa centrada em investigação e mistério. Durante o período em que tive acesso antecipado ao título, pude perceber um grande potencial narrativo neste mundo neo-noir desenhado a mão que, se bem desenvolvido, poderia oferecer uma experiência envolvente.

Após passar várias horas no papel de Iris Dormer, a protagonista em busca de seu irmão desaparecido, fica a pergunta: será que Phoenix Springs realmente entrega uma narrativa marcante? Confira a seguir em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!

Uma grande aventura de investigação e deduções

Phoenix Springs é fortemente inspirado nos clássicos do gênero point & click, o que significa que a principal ênfase está na interação com personagens e na busca por pistas no ambiente. O jogo começa de forma eficiente ao estabelecer esse conceito logo de início, apresentando a protagonista sozinha em um trem a caminho de um deserto. A partir daí, um flashback se desenrola, e somos introduzidos às primeiras fases da investigação, que funcionam como um tutorial. Nesse início, a jogabilidade é bastante intuitiva, e o jogo realiza um bom trabalho ao apresentar as mecânicas principais que serão utilizadas ao longo da jornada.

Phoenix Springs
O game faz um excelente trabalho ao introduzir aos jogadores as principais mecânicas de observação e dedução que serão usadas ao decorrer da campanha. (Imagem: Divulgação)

Um dos aspectos centrais de Phoenix Springs é a coleta e junção de pistas encontradas no ambiente, as quais são representadas por palavras-chave. Essas palavras são descobertas por meio de diálogos com outros personagens ou através da interação com objetos. Por exemplo, no início do jogo, Iris investiga uma casa onde seu irmão desaparecido, Léo, supostamente morou. Ao chegar ao local, podemos tocar a campainha e conversar com o atual morador da casa. Durante o diálogo, descobrimos mais sobre o passado da casa e das pessoas ao redor.

Conforme a conversa avança, algumas palavras-chave são reveladas, como as iniciais de uma universidade, e é necessário investigar os arredores em busca de itens e personagens que possam fornecer informações adicionais. Após essa exploração, é preciso deduzir como combinar certas palavras-chave para descobrir o próximo passo da investigação. A progressão desses desafios é bem implementada em Phoenix Springs, exigindo que o jogador se torne cada vez mais atento aos detalhes das conversas e dos objetos. Destaco, inclusive, os desafios presentes nos momentos finais do jogo, que exigem um alto nível de observação e dedução por parte do jogador, proporcionando uma experiência muito gratificante.

Phoenix Springs
Phoenix Springs entrega uma boa progressão de desafios na história, fazendo com que os jogadores sempre tenham que observar as pistas com atenção para descobrir os próximos passos. (Imagem: Divulgação)

Outro ponto de destaque durante a investigação é a capacidade da protagonista de observar pessoas e objetos, oferecendo reflexões pessoais sobre eles. Esse recurso contribui significativamente para o desenvolvimento da história, permitindo aos jogadores entender melhor a forma de pensar de Iris. Isso a torna uma personagem mais carismática e interessante de acompanhar ao longo da trama. Além disso, esse lado mais observador também serve como uma ajuda em momentos de dedução, em que os jogadores podem se sentir perdidos. Em Phoenix Springs, podemos interagir com diversos objetos, pessoas e até mesmo pensamentos, embora nem todos sejam essenciais para o progresso. No entanto, essas interações adicionam mais profundidade e personalidade aos ambientes investigados, o que é um ponto extremamente positivo.

Uma jornada cheia de mistério, mas com um desfecho decepcionante

Phoenix Springs acerta em cheio na construção do mistério em sua narrativa. As estranhas circunstâncias que cercam o desaparecimento de Leo, o passado enigmático de Iris e a quase mística localidade de Phoenix Springs são elementos bem trabalhados. O jogo faz bom uso de diálogos com os diversos NPCs ao longo das investigações, especialmente quando a protagonista finalmente chega à intrigante Phoenix Springs. Nesse ponto, Iris encontra várias figuras enigmáticas e, para chegar à fase final de sua busca por Leo, precisará explorar profundamente o passado dessas pessoas e suas motivações.

O game se destaca ao interligar as histórias dos residentes de maneira impressionante, tornando algumas sequências emocionantes. Um exemplo notável é uma investigação em que o jogador precisa descobrir por que um dos residentes perdeu a memória, o que culmina em uma revelação impactante para a narrativa.

Phoenix Springs
Em Phoenix Springs, o mais importante é a jornada. (Imagem: Divulgação)

Entretanto, ao chegar na reta final de Phoenix Springs, o jogo acaba sofrendo com um ritmo apressado, o que compromete o desfecho. O mistério tão cuidadosamente construído ao longo da narrativa não recebe o fim que merecia, deixando a impressão de que o encerramento foi aquém do esperado. No entanto, a jornada em si se mostrou bastante satisfatória, tanto pelo impacto visual dos cenários que exploramos quanto pelas interações com os personagens. Para mim, o percurso acabou sendo mais importante do que a conclusão, e o jogo conseguiu me cativar apesar de sua conclusão.

Audiovisual

Phoenix Springs também brilha na criação de seu mundo neo-noir, que envolve os jogadores na jornada de Iris Dormer. O game apresenta cenários desenhados à mão que trazem um toque de originalidade à direção de arte. Desde a desolação do deserto até as salas vazias de uma universidade em uma cidade onde tudo parece ter perdido o sentido, e culminando na quase surreal Phoenix Springs, o título oferece uma paleta visual única. A arte e as cores utilizadas elevam a imersão do jogador, complementando perfeitamente a atmosfera misteriosa da narrativa.

Phoenix Springs
A direção de arte de Phoenix Springs impressiona. (Imagem: Divulgação)

Além disso, a dublagem da protagonista é outro ponto de destaque em Phoenix Springs. A performance consegue transmitir com precisão as emoções de Iris, ou, dependendo da situação, a sua falta de emoção.

Desempenho

Minha experiência foi em um PC equipado com uma RTX 3060. O game é bem leve e não apresentou nenhum problema de desmpenho e nem travamentos. Além disso, não tive praticamente nenhum bug durante a jogatina, tornando minha jornada em Phoenix Springs praticamente livre de problemas técnicos.

Vale a pena jogar Phoenix Springs?

Phoenix Springs oferece uma excelente experiência para os fãs de jogos clássicos de investigação e point & click. A narrativa é conduzida de forma envolvente, intrigando os jogadores a cada nova pista descoberta e elevando o nível de desafio das deduções conforme a história avança. Esse equilíbrio entre investigação e mistério é bem mantido ao longo da maior parte da campanha, mantendo o jogador interessado na jornada de Iris.

Embora o jogo perca um pouco de seu brilho na reta final, o verdadeiro destaque está na jornada em si, repleta de personagens cativantes e uma direção de arte impressionante. Por isso, recomendo fortemente Phoenix Springs para os fãs do gênero.

Phoenix Springs foi desenvolvido pela Calligram Studio e chega nesta segunda, 7, para PC, via Steam.

*Review elaborada em um PC equipado com uma RTX com código fornecido pela Calligram Studio.

Pizza Fria

Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos games

Por Leandro Paiva, Pizza Fria

Atualizado em 7 Out 2024.