Tentarei ser o mais imparcial possível nessa análise, porém, já de antemão, preciso admitir que Sonic Frontiers mais que superou minhas expectativas. Voltando à década de 90, imagine a emoção de um jovem que nas proximidades do Natal, ganhou seu primeiro Master System 3 Compact com o game do Ouriço Azul na memória. Pois bem, talvez essa seja a minha primeira e mais nostálgica experiência com ouriço, e uma das mais impactantes até o surgimento de Sonic Adventure no Dreamcast em 1998.

O tempo foi passando e o Sonic Team, divisão da SEGA responsável pelos jogos do herói que dá nome ao time, parecia ter perdido a formula de sucesso. Sonic Boom, Sonic Unleashed e Sonic The Hedgehog no Xbox 360 e Playstation 3 foram fracassos, Sonic Generations até agradou, mas ainda não acertou em cheio. Porém, foi em 2017, com Sonic Mania ,que a equipe conseguiu trazer algo que os fãs de longa data realmente queriam, um belo jogo do ouriço veloz com gráficos em segunda dimensão e fases cheias de loop, repletas daquilo que ele tem de melhor, velocidade.

Por fim, preparem aquela Pizza Fria meus amigos! Depois de tantos jogos medianos, coletâneas incompletas e fracassos, Sonic Frontiers chegou de voadora, trazendo para os viúvos da franquia, uma história adulta e competente, boas novidades, fases com obstáculos variados e cenários nostálgicos, regados a muita velocidade e uma trila sonora de emocionar. Vem pra mais uma review!

Apenas mais um dia na vida de Sonic e seus amigos

Sonic Frontiers tem início, quando o famoso cientista bigodudo, Dr.Eggman, insere uma espécie de dispositivo em um misterioso portal escondido em uma floresta. Com portal acionado, seres misteriosos começam a surgir, e na tentativa de resgatar seu precioso dispositivo, o vilão acaba sendo sugado pelo próprio portal que havia aberto.

Enquanto isso, parecisa ser apenas mais um dia com céu de brigadeiro, quando Sonic The Hedgehog e seus inseparáveis amigos Amy Rose e a raposa de duas caldas Tails Myles Prower, seguiam de avião em direção às Starfall Islands, para descobrir o que levou as poderosas Esmeraldas do Chaos até elas.

De repente, o painel de controles do avião começou a apitar e um tipo de carga atmosférica atrapalhou os planos do trio, quando subitamente, um misterioso portal vermelho se abriu, sugando os heróis, que foram separados e levados a outras dimensões. Esse é apenas o prelúdio de um game do ouriço com uma história madura, sólida e que vai sendo muito bem desenvolvida e apresentada ao longo da jornada.

Para agradar aos novatos e veteranos

Buscando agradar tanto aos jogadores mais casuais quanto os fãs hardcore do mascote da Sega, Sonic Frontiers pode ser apreciado em três modos de dificuldade distintas, o fácil, recomendado para quem tem pouco tempo para se aventurar e pretende dar um foco maior na história, normal, para aqueles que buscam um jogo mais balanceado, querem curtir a história e enfrentar inimigos desafiadores e difícil, que é recomendado para os jogadores que buscam batalhas desafiadoras e que procuram superar seus limites.

Além disso é possível, no início do game ou nas opções do jogo, escolher o melhor estilo de jogo para você que varia entre o modo focado em ação, voltado para as pessoas que não estão acostumadas com os jogos do Sonic e essa talvez seja uma possível maneira do Sonic Team atrair novos jogadores à franquia e para os fãs de longa data do herói, o modo alta velocidade.

É importante destacar aqui que praticamente toda a sua experiência no game pode ser personalizada no menu opções em configurações do jogo. A velocidade inicial, velocidade turbo inicial, velocidade de giro, velocidade turbo de giro, velocidade máxima, altura do salto e muito mais. Tudo isso pode ser modificado para caso você se sinta mal com a sensação de velocidade do game ou até mesmo para facilitar a passagem em alguma área.

Um vasto universo a lá baforada do selvagem

Após a conclusão de um estágio introdutório às mecânicas básicas do game, somos levado à área de exploração. Temos aqui, um mundo realmente vasto e aberto, onde Sonic deverá explorar, procurando e superando desafios, a fim de, adquirir conhecimento sobre o terreno e liberar novas áreas do mapa, coletar itens mnemônicos, para liberar seus amigos aprisionados, sementes do poder para se fortalecer e buscar por chaves, para abrir uma espécie de baú e adquirir as 7 Esmeraldas do Chaos, espalhadas pelas ilhas.

Explorar os mapas em Sonic Frontiers é uma delícia e tudo no game está muito bem interligado. É possível realmente sair de uma área e ir a outra com facilidade e à medida em que conclui missões, novos gaps para agilizar essas transições, vão sendo adicionadas, tornando a exploração ainda mais agradável e dinâmica.

Parabéns ao Sonic Team, que sem dúvida acertou em cheio em cada detalhe do level design e soube trabalhar e explorar muito bem as características do mascote da Sega.

Sejam bem vindos ao Ciberespaço!

Além de poder rodar livremente por toda essa área de exploração, contamos com portais que nos levam ao ciberespaço. E sim, mais uma vez Sonic Frontiers brilha com estágios muito bem construídos onde passamos por alguns já conhecidos pelos fãs ouriço como Green Hill Zone, Sky Sanctuary e Chemical Plant Zone, alguns deles em perspectiva 2D, outros em 3D e outros mesclados.

É necessário um certo número de engrenagens, adquiridas através de lutas contra guardiões, inimigos ou missões, para liberar essas fases e cada uma das fases nos oferece uma lista de com 4 missões distintas que são, chegar ao objetivo, ou seja, finalizar a fase, concluir com tempo S, concluir com um número específico de anéis e coletar todos os anéis com estrelas vermelhas no estágio.

Cada um desses objetivos quando concluídos nos garante chaves e se as 4 missões forem concluídas uma extra nos é concedida pela conclusão de todas as missões. Com as chaves em mãos, devemos vagar em busca dos baús para desbloquear as Esmeraldas do Chaos.

Sério, não é exagero algum dizer que o Sonic Team fez um ótimo trabalho, as fases possuem mecânicas variadas e não ficam enjoativas. Temos aqui mais uma vez, TUDO o que todo fã de longa data do ouriço pediu. Estágios rápidos, muito bem construídos e músicas de batidas aceleradas que aumentam ainda mais a sensação de velocidade ao game, em alguns momentos sinto aquele mesmo prazer de correr, usar dash na trila de anéis e deslizar pelos corrimões, que sentia nas plataformas de Metal Harbor no Sonic Adventure 2.

Movimentos básicos do ouriço

Os controles muito bem responsivos de Sonic Frontiers são simples e intuitivos. Sonic se movimenta com a utilização do analógico esquerdo e a câmera pode ser girada com o direito. Com R2 o herói usa o turbo para atingir maior velocidade.

Como o botão X, Sonic salta e pressionando novamente, ele dá um salto duplo. Quando surgir o alvo em um inimigo, mola ou objeto, basta pressionar quadrado para utilizar o ataque direcionado. Se você vir uma trilha de anéis enfileirados, basta pressionar L3 e assim como em Sonic Adventure, o ouriço usa uma espécie de dash que te leva de uma ponta a outra nos anéis.

Além disso, o botão quadrado serve para ataque e Sonic dessa vez não se limita a pular ou rolar, ele soca e chuta, e utiliza ataques especiais. O círculo faz Sonic deslizar se estiver no chão ou dar uma pisada, caso esteja saltando.

Os botões superiores L1 e R1 são usados para esquivar dos ataques inimigos nas batalha, enquanto nas fases ou enfrentando inimigos como o guardião, L1 ou R1 fazem Sonic esquive para os lados.

Fortalecendo o herói

Em Sonic Frontiers, inimigos derrotados podem deixar experiência, que são pequenos fragmentos de habilidades ou sementes de potência e defesa. É preciso coletar e juntar fragmentos suficientes para obter pontos e trocar por uma habilidade, acessar o menu habilidades e utilizar os pontos de acordo com o custo daquela que foi escolhida.

Além disso, em Sonic Frontiers encontramos pequenas criaturas chamadas Kocos, elas não chegam perto de serem carismáticas como os pequenos Chaos, porém, essas criaturinhas misteriosas ao serem encontradas, podem ser levadas até o Koco Ancestral, que dará ao nosso herói uma recompensa que pode ser aumento da velocidade ou na capacidade de carregar anéis.

Como dito acima, encontramos também durante a jornada as Sementes de Potência vermelhas e as Sementes de Defesa azuis, que podem ser levadas até o Eremita para aumentar o ataque e a defesa do herói.

Um show de inovações

Sonic Frontiers trouxe inúmeras inovações à franquia e uma delas, e que me agradou demais, é a forma de encarar desafios. Não é mais só pular e bater oito vezes no chefe ou usar o golpe circular no chão. Agora cada inimigo enfrentado possui uma mecânica exclusiva e isso foi muito bem explorado pelo Sonic Team.

Um exemplo rápido é o Strider, uma espécie de torre gigante onde Sonic deve deslizar entre gaps em formato de anéis gigantes até formar uma base e acertar o núcleo do inimigo. Outra é o Sumo, onde ringues de luz são formados em volta da área da luta e Sonic deve bater na grade impulsionando o inimigo contra uma parede de choque.

Por fim, vou citar apenas mais um último exemplo, mas eu poderia ficar aqui citando vários, pois o game me possibilita isso. O Squid, é um inimigo voador e Sonic deve correr a toda velocidade sob uma espécie de rastro deixado por ele, desviando de projéteis até chegar em sua cabeça para desferir socos e pontapés. São tantos inimigos e mecânicas diferentes que tornam o game ainda mais empolgante sem deixa-lo enjoativo.

Desafios devem ser superados

Sonic Frontiers é um game repleto de desafios. Correr dentro de uma roda ao estilo hamster, seguir blocos em sequência, até não restar mais nenhum ativo na plataforma, esquivar e pisar em botões na sequência certa, esmurrar uma espécie de “saco de pedra”, montar uma sequência de tetris e até mesmo acertar bolas em alvos.

Sério, são muitas formas criativas e divertidas de liberar partes do mapa ou até mesmo para dar sequência ao game e alguns deles inclusive se destacam, como são os casos do jogo de pescaria, reunião de família, a missão de hackear e o quebra cabeças na ruina, por exemplo.

A pescaria inclusive é uma parte importante do game, Big The Cat estava procurando por um lugar sossegado para pescar, quando de repente, foi parar naquela estranha dimensão. Só esse já é um ótimo pretexto para uma boa pescaria, e pescar é uma tarefa simples, porém, recompensadora.

Basta ter uma ficha roxa, pagar ao gato pela vara e lançar a linha no local desejado. Após isso, um peixe irá morder a isca, pressione X e um círculo vermelho aparecerá. Assim que um círculo branco preencher as bordas do vermelho, pressione X e prontinho, missão cumprida.

Outra missão curtinha, mas que ficou muito bacana é a “Missão de hackear” onde a jogabilidade passa a ser a de um SHUMP e Sonic controla uma nave no melhor do estilo Ikaruga onde o tiro branco rebate o projétil inimigo branco e o preto, repele o tiro preto do inimigo. A cada contra-ataque um medidor de lazer teleguiado vai se enchendo e ao final, pressionar R2 lança um potente tiro a laser teleguiado.

Por fim, o “quebra cabeças na ruína” que é nada mais e nada menos que um jogo de Pinball, representando o saudoso jogo de Pinball do ouriço, Sonic Spinball do Mega Drive e Master System. Mais uma vez eu poderia citar diversas mecânicas bem interessantes aqui, mas eu realmente não quero estragar sua surpresa.

Performance, áudio e visual de Sonic Frontiers

É possível escolher entre duas qualidades gráficas distintas logo no início em Sonic Frontiers e essas configurações, podem ser modificadas a qualquer momento no menu opções em Gráficos. Por padrão, o jogo vem no modo gráfico que prioriza os belíssimos gráficos em 4K, porém, a taxa de quadros é mais baixa. Porém, se você não se importa com gráfico e prefere jogar com mais fluidez, o modo 60 FPS é o correto para você.

No geral, Sonic Frontiers roda muito bem no PlayStation 5, o jogo nem mesmo no modo 4K possui slowdown, os loadings são rápidos e o gráfico é lindo. Cada detalhe do game é muito bem construído, as chuvas batendo no solo e contornando o corpo do herói, os detalhes das texturas em sua maioria muito bem feitas e as cutscenes muito bem construídas e feitas com ótimas dublagem ornando com a animação.

Quanto ao áudio, como citado agora pouco, temos um ótimo trabalho de dublagem, aliado a uma excelente sonoplastia e uma trilha sonora digna da série Adventure. Isso mesmo meus amigos as músicas tocadas durante as fases no ciberespaço mantém um ritmo acelerado ao game e o rock pesado de “Find Your Flame” e “Break Throught It All” nas lutas contra os Titãs ficaram de arrepiar, e é sério, é empolgante demais voar como Super Sonic e lutar contra aqueles gigantes com essas músicas fantásticas.

Vale a pena comprar Sonic Frontiers?

Se você chegou até aqui, deve concordar comigo que seria loucura da minha parte não recomendar o game. Pois bem, Sonic Frontiers vale sim, cada minuto do seu tempo ou centavo investido. Finalmente, em Sonic Frontiers conseguimos exatamente o que todo fã de longa data gostaria de ver, um Sonic verdadeiramente rápido e ágil correndo em um mundo amplo e bonito, mas que apesar do tamanho, pode ser atravessado de uma ponta a outra em questão de minutos.

Além disso o game possui uma história madura e que vai sendo muito bem desenvolvida, e ainda por cima está totalmente legendado em português do Brasil, e muito bem localizado, diga-se de passagem. Agora só nos resta aproveitar o game, esperar por novas DLCs e torcer para o Sonic Team dar sequência a esse maravilhoso trabalho.

Sonic Frontiers está disponível com versões a partir de R$ 299,90 para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One, Nintendo Switch e PC, via Steam. No Metacritic, o game contou com uma média de 79 pontos no Metacritic.

*Review elaborado em um PlayStation 5 com código fornecido pela SEGA of America.