Guia da Semana

The Chant é um game de terror que tenta fugir do padrão que esperamos do gênero. Em vez de termos uma cidade misteriosa ou uma casa assombrada, aqui temos um retiro espiritual de pessoas que buscam superar os seus problemas internos. A premissa da ambientação que o jogo apresenta me deixou intrigado logo no primeiro trailer do game. Pois, inovação no terror é algo que não acontece com tanta frequência, pois, a maioria deles acaba se deixando levar por clichês ou sustos baratos.

Portanto, com a premissa de entregar algo mais psicodélico e focado em lutas contra espíritos de outra dimensão, será que The Chant consegue realmente entregar algo diferente e interessante? Confira agora em mais uma review do Pizza Fria!

Bem-vindo ao retiro espiritual

The Chant começa introduzindo a protagonista Jess, enquanto ela corre por uma ponte. Ao parar por um segundo, ela acaba tendo uma visão que mostra que a personagem possui traumas passados que precisam ser superados. Assim sendo, ela recebe um convite de uma amiga, chamada Kim, para ir até um retiro espiritual. Lá ela conhecerá outras pessoas que também precisam superar vários problemas internos e juntos, poderão alcançar a paz interna e se livrar de todas as energias negativas. Embora tenha ficado receosa, Jess acaba aceitando o convite.

Assim sendo, ao chegarmos no local, logo fica claro que estamos em uma região muito afastada. A amiga da protagonista então explica que toda está distancia é necessária para que as pessoas ali possam se conectar com elas mesmas e superar todas as energias ruins. Neste segmento, também aprendemos uma forma de meditação para acalmarmos a mente. Este elemento será importante durante os trechos de gameplay. Logo, após andarmos um pouco, finalmente chegamos no local do retiro. Devemos então interagir com as pessoas ali e conhecer um pouco sobre cada um deles.

The Chant
The Chant deixa a desejar no desenvolvimento de personagens. (Imagem: Divulgação)

Neste sentido, um dos maiores problemas de The Chant já fica evidente. Pois, o título acaba pecando no desenvolvimento dos personagens. Isto faz com que não tenhamos um apego com eles e muito menos nos importemos com as situações que eles se encontram. De forma geral, este problema é potencializado pelo fato do game não apresentar muitas cenas em que vemos os personagens interagindo entre si e crescendo ao decorrer da história. Em vez disso, o jogo acaba usando o recurso de documentos, sendo que ao encontrarmos estes itens podemos descobrir um pouco do passado e das motivações dos personagens naquele local.

Uma história pouco desenvolvida

Além da falta de desenvolvimento de personagem, The Chant acaba não entregando uma narrativa interessante o suficiente para manter os jogadores engajados. Após a protagonista chegar no retiro, criaturas de outra dimensão que se alimentam de energias negativas aparecem e atacam os personagens presentes no local. Isto estabelece o mistério principal da trama. Logo, para irmos desvendando, é preciso que a protagonista explore os vários ambientes do game e encontre documentos de texto e vídeos para ir juntando as peças. Entretanto, o jogo acaba não apresentando fatores interessantes e intrigantes que fazem os players ficarem curiosos sobre o que realmente está acontecendo.

Em vez disso, a narrativa acaba usando de elementos já conhecidos no gênero, como cultos secretos e um grande mal imergindo. Além disso, outro fator que decepciona é o aspecto terror. The Chant é um jogo que se descreve como uma aventura de terror. Porém, quase não temos este elemento presente durante o game, que acaba se tornando mais um título de ação e exploração do que necessariamente de terror. Entretanto, existem alguns elementos que conseguem se destacar na obra.

Puzzles desafiadores e criativos

O grande destaque de The Chant são os puzzles durante a exploração. Embora os cenários sejam bem lineares e limitados, o game usa bastante o já esperado sistema de leva e traz de itens presente em survival horror. Portanto, ao explorarmos os locais do título, em muitos ambientes existirão portas que não podemos acessar naquele momento. Assim sendo, temos que avançar e buscar itens correspondentes que nos permitem acessar aquele local. Além disso, existem zonas que apresentam uma energia negativa especifica que a protagonista não consegue entrar. Logo, para adentrarmos a região, precisamos obter um conhecimento de meditação específico para resistir àquela energia maligna.

The Chant
Os puzzles são interessantes e bem variados. (Imagem: Divulgação)

Em relação aos puzzles, também existem alguns em que devemos fazer uma combinação de itens. Para exemplificar, em alguns dos quebra-cabeças em que devemos juntar algumas peças de metal em formatos geométricos. Ao combinarmos estes itens, poderemos abrir portas e explorar novos locais. Além disso, também existem cenários em que será necessário realizarmos algumas ações em ordens especificas. Por exemplo, existe um segmento em que a protagonista precisa religar a energia de uma localidade. Assim sendo, é preciso que realizemos as etapas de religamento na ordem correta. Logo, a variedade de puzzles e a complexidade que eles vão ganhando ao decorrer da campanha é algo positivo.

Lutando contra criaturas de outra realidade

The Chant apresenta um sistema de combate bem único e interessante. Diferente de outros jogos de terror, em que temos uma arma com munição escassa ou devemos apenas fugir, em The Chant, devemos lutar usando incensos. Logo, ao decorrer da história, a protagonista coletará itens pelo cenário e poderá construir variados incensos, que funcionam como armas brancas contra estas criaturas. Portanto, devemos usar este item para lutar, sempre gerenciando corretamente, pois, eles irão gastar com o tempo. Existem outros itens que podemos usar para nos defendermos contra os monstros, como, por exemplo, sal grosso, que pode ser usado para atordoar os vilões.

The Chant
No game, teremos que lutar contra criaturas que se alimentam de energias negativas. (Imagem: Divulgação)

O título também apresenta algumas lutas contra chefes em segmentos específicos. Estes trechos são bem interessantes e conseguem desafiar o jogador de uma maneira única. Pois, será preciso usar todos os recursos em mãos para derrotar o monstro. Portanto, é importante que os recursos encontrados sejam usados com sabedoria, sendo que estes itens serão necessários nestes confrontos maiores. O sistema de cura do título também funciona de uma maneira única, por meio da meditação. Portanto, existe uma barra de energia mental, gasta ao sofrermos ataques ou entrarmos em zonas de energia negativa.

Trilha sonora e gráficos

The Chant apresenta faixas que se focam mais nos sons ambientes e menos em trilhas épicas que irão empolgar o jogador. Senti falta disso no jogo, pois, as faixas envolvendo a ambientação e os monstros acabam se repetindo demais. Entretanto, nos poucos momentos em que uma trilha diferente está presente, principalmente nos segmentos de lutas contra chefes, as músicas conseguem empolgar.

The Chant
O design de personagens em The Chant é bom, mas o game peca ao entregar pouca variedade de cenários. (Imagem: Divulgação)

Em relação à ambientação, o jogo deixa a desejar no quesito variedade. A maioria dos cenários que visitamos no jogo são muito parecidos uns com os outros, principalmente os locais internos. Assim sendo, é comum entrarmos em uma casa e nos questionarmos se estamos realmente avançando ou explorando o mesmo lugar de maneira repetida. O mesmo pode ser dito em relação às trilhas que devemos caminhar na floresta, não temos uma orientação clara e é comum ficarmos perdidos, mesmo que o título seja bem linear em relação aos caminhos que devemos seguir.

Desempenho

Minha experiência foi no Xbox Series X. O jogo roda em uma resolução alta, entretanto, o visual do título não é nada impressionante. Temos alguns destaques, principalmente em relação ao design dos personagens e dos efeitos de iluminação, porém, de forma geral, o resto fica no mediano. O desempenho já foi algo que não decepcionou, pois, o título rodou em 60 FPS durante toda a campanha e sem quedas. Não tive problemas envolvendo bugs ou travamentos e os loadings foram rápidos.

Vale a pena jogar The Chant ?

The Chant é um game que apresenta uma premissa interessante, mas deixa aquele sentimento de poderia ser mais. Embora o jogo acerte em entregar uma trama única, a falta de desenvolvimento de personagens e da história, prejudica o ritmo e não entrega nada memorável. Além disso, mesmo que o game tenha puzzles interessantes e desafiadores, a jogabilidade no geral é bem limitada e lutar contra as criaturas acaba se tornando cansativo bem rápido. Além disso, a falta de uma trilha sonora marcante e uma ambientação mais variada, também prejudicam a experiência final.

Por fim, The Chant é um game que eu recomendo para os jogadores que querem vivenciar uma premissa diferente, desde que não esperem algo muito profundo ou marcante.

The Chant foi desenvolvido pela Brass Token lançado no dia 3 de novembro para Xbox Series X|SPlayStation 5 e PC, via Steam

*Review elaborado no Xbox Series X, com código fornecido pela Prime Matter.

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Por Leandro Paiva, Pizza Fria

Atualizado em 24 Nov 2022.