Unknown 9: Awakening, desenvolvido pela Reflector Entertainment e publicado pela Bandai Namco Entertainment, é um título que promete transportar os jogadores para uma rica experiência narrativa. O jogo segue a jornada de Haroona, uma jovem com habilidades sobrenaturais ligadas a uma dimensão paralela chamada Umbral.
O game foi anunciado em 2020, ainda antes do lançamento dos consoles da nova geração, e quatro anos depois, se prepara para ser lançado. Mas será que todo esse tempo de desenvolvimento fez bem ao título? É o que saberemos agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Entre o místico e o real
O enredo de Unknown 9: Awakening é centrado em Haroona, uma jovem que descobrimos logo no começo do game que teve sua história marcada por tragédias e mistérios desde a infância. Desde pequena, Haroona foi treinada por sua mentora, Reika, para entender suas habilidades e controlar o potencial perigoso do Umbral, já que ela é uma Quaestor. No entanto, a história de fato começa quando Vincent Lichter, ex-aluno de Reika e atual líder da facção Ascendentes, mata a mentora de Haroona em uma tentativa de libertar a humanidade das influências dos 9 Desconhecidos, um grupo de seres imortais que, de acordo com Vincent, retém o verdadeiro potencial humano.
Apesar de uma premissa intrigante e um universo promissor, a narrativa de Unknown 9: Awakening tropeça em alguns aspectos. Embora a ideia de uma guerra secreta entre facções em busca de poder seja interessante, o título muitas vezes se apoia em clichês do gênero. Os diálogos não têm a profundidade esperada, e a história de Haroona acaba por parecer mais previsível do que inovadora. No entanto, a Bandai Namco se apoia que o jogo terá ligações com um universo transmídiatico, como quadrinhos, podcasts e uma trilogia de livros que expandem o lore do game. Isso pode ser um ponto forte da narrativa da franquia como um todo, mas, em Unknown 9: Awakening, acaba não funcionando como deveria.
Misturando Tomb Raider e Forspoken
O gameplay de Unknown 9: Awakening é uma mistura interessante de influências de outros jogos de ação e aventura. É fácil traçar paralelos com a última trilogia de Tomb Raider e com Uncharted, devido à ênfase na exploração de ambientes lineares e ao combate misturado com elementos de furtividade. Ao mesmo tempo, há uma inspiração em jogos como Forspoken devido ao uso das habilidades especiais de Haroona, especialmente as conectadas ao Umbral.
No entanto, o combate em Unknown 9 me pareceu simplificado demais. A maior parte das lutas é travada corpo a corpo, exceto quando Haroona utiliza seu poder de Incorporar, que lhe permite possuir inimigos e usar suas armas de longo alcance ou criar estratégias mais elaboradas. Mesmo com essa habilidade interessante, o combate não traz muita profundidade e pode rapidamente se tornar repetitivo, principalmente em trechos onde o que fazemos, basicamente, é lutar. O jogo também apresenta uma clara falta de polimento no controle de Haroona, o que faz o movimento da personagem parecer um pouco travado, prejudicando a fluidez das ações durante o combate.
Em termos de exploração, Unknown 9: Awakening adota uma abordagem mais linear, com mapas relativamente estreitos e diferentes colecionáveis que podem ser perdidos ao longo do caminho. Os jogadores são incentivados a se esconder na grama alta para surpreender inimigos, ou usar suas habilidades úmbricas para manipular objetos e criar situações vantajosas, como em Tomb Raider. Possuir a habilidade de tornar-se invisível por um tempo é interessante, contudo, para jogadores habituados a sistemas de combate mais elaborados e exploração livre, Unknown 9 pode parecer superficial, em especial para entusiastas de mundos abertos.
Por fim, o game até oferece uma Árvore de Habilidades que podemos evoluir e aprimorar Haroona em Combate, Furtividade e nas Habilidades Úmbricas. Algumas habilidades são desbloqueadas naturalmente como parte da história, como o escudo, nos permitindo evoluir e aprender outras. Mesmo assim, essas habilidades seguem não acrescentando grande profundidade ao combate. Além disso, como cada um desses ramos traz melhorias diferentes ao gameplay, o jogador precisará escolher com sabedoria, já que não será possível desbloquear todas as habilidades em uma única narrativa e não é possível realocar pontos.
Visual datado dita o ritmo
Visualmente, Unknown 9: Awakening não consegue acompanhar a atual geração de consoles. Ao menos no PlayStation 5, o que eu vi foi uma modelagem simplória dos personagens, e os cenários, embora atmosféricos, carecem de detalhes mais refinados. A atriz Anya Chalotra, conhecida por interpretar Yennefer na série The Witcher da Netflix, empresta sua voz e aparência à protagonista Haroona, mas, no jogo, sua versão digitalizada acaba sendo uma sombra do carisma da atriz. Há momentos em que a personagem parece estaticamente modelada, com expressões faciais rígidas e pouco convincentes, o que não ajuda em nada a imersão.
Outro problema grave é a falta de opções entre modos de desempenho e qualidade, algo que se tornou padrão em games da geração atual. A falta de escolha faz com que o título tenha uma taxa de quadros que oscila demais em momentos mais intensos, como em explosões ou em combates com vários inimigos. Unknown 9: Awakening parece estar travado em algo um pouco acima dos 30 FPS, com quedas perceptíveis que afetam a experiência geral. A ausência de um modo desempenho mais estável é um grande ponto negativo, especialmente em um gênero que se beneficia de gameplay fluido e responsivo.
Por outro lado, a trilha sonora de Unknown 9: Awakening é atrativa e, em sua maioria, combina muito bem com boa parte das cenas, dosando momentos de ação e emoção, bem como a exploração. No entanto, o áudio não está livre de falhas. Embora a dublagem seja competente, o título sofre de problemas de sincronia labial, com as falas muitas vezes não correspondendo aos movimentos da boca dos personagens. Esse detalhe, aparentemente pequeno, acaba distraindo o jogador e compromete a imersão, especialmente em um título tão focado na narrativa.
A localização em português do Brasil, por outro lado, é bem executada, com legendas adaptadas e que capturam bem o tom da história, tornando a experiência mais acessível para jogadores brasileiros.
Vale a pena comprar Unknown 9: Awakening?
Unknown 9: Awakening tinha tudo para ser um dos grandes títulos narrativos do ano, com uma protagonista carismática, um universo intrigante e um foco em história. No entanto, a execução deixa a desejar. A jogabilidade travada, os gráficos datados e a falta de fluidez no desempenho prejudicam a experiência, que poderia ter sido muito mais imersiva.
Ainda assim, para aqueles que se conectarem com a história de Haroona e o universo Unknown 9, há algo de valor a ser encontrado aqui, especialmente quando combinado com os podcasts, quadrinhos e romances que expandem o lore apresentada – que, confesso, não procurei me informar mais a fundo. Possivelmente o potencial está lá. O jogo é um produto singular, e deveria funcionar perfeitamente dessa forma. Para Awakening, por hora, uma possível solução é trabalhar em patches que otimizem a experiência de gameplay, seja em elementos visuais, seja em otimização.
Dito isso, se você é fã de aventuras narrativas e está disposto a perdoar algumas falhas técnicas, Unknown 9: Awakening ainda oferece uma jornada interessante. No entanto, para mim, o game será lembrado mais por suas promessas do que por sua realização.
Unknown 9: Awakening será lançado para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC, via Steam no dia 18 de outubro.
*Review realizada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Bandai Namco.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Álvaro Saluan, Pizza Fria
Atualizado em 17 Out 2024.