“Imagens e melodias valem mais do que mil palavras” seria uma boa expressão para apresentar este documentário que expõe momentos da trajetória de Tom Jobim. A “falação”, como disseram o cineasta Nelson Pereira dos Santos e o diretor musical Paulo Jobim, para explicar a “importância de Tom para a música” ou “o que é a Bossa Nova” se fez desnecessária para mostrar a grandiosidade do homenageado. Como ele mesmo dizia, “a linguagem musical basta”.
A ousada forma de contar a história foi possível graças ao rico acervo que o Instituto Tom Jobim acumulou ao longo dos anos e a muita pesquisa por parte dos envolvidos. Antônio Venâncio, ajudado por Dora Jobim, co-diretora do filme, foi o responsável por procurar e reunir o acervo, que conta com entrevistas, apresentações em programas de televisão e especiais diversos (nacionais e internacionais).
A neta de Tom Jobim descobriu na internet muitos intérpretes – amadores e famosos - das “músicas do vovô”, como se referiu carinhosamente ao maestro. Um desses achados está no filme: é a interpretação de Judy Garland para “How Insensitive”, ou melhor, “Insensatez”, composta em parceria com Vinicius de Moraes.
O documentário reúne, ao todo, 42 músicos em performances emocionantes das mais emblemáticas músicas da carreira de Antonio Carlos Jobim. "Garota de Ipanema", "Desafinado", "Águas de Março", "Sabiá", "Samba de uma Nota Só", entre outras, podem ser apreciadas nas vozes de cantores da grandeza de Elis Regina, Gal Costa, Henri Salvador, Caetano Veloso, Jean Sablon, Maysa, Sammy Davis Jr, Ella Fitzgerald e Chico Buarque.
Uma sensação de quero mais é o que resta ao término da sucessão de apresentações musicais mescladas com fotos de Tom Jobim em diferentes momentos de sua vida e outras imagens nostálgicas do Rio de Janeiro das décadas de 50 e 60. Os quase 90 minutos de filme, obviamente, não comportaram toda a obra e parcerias do compositor, que soma mais de 200 canções.
E em tempos em que ainda é de se admirar a capacidade da internet de divulgar músicos, como em verdadeiras campanhas virais, “A Música Segundo Tom Jobim” vem mostrar a universalidade do compositor que teve suas obras traduzidas para diversos idiomas muito antes da invenção do YouTube. Respeitado e admirado internacionalmente, Tom Jobim fez música brasileira “pra inglês ver”... e ouvir, traduzir, cantar, gravar e se encantar.
Aos que sentirem falta de mais informações sobre Tom Jobim, resta aguardar o próximo documentário sobre o músico. Desta vez, com muitas palavras. "A Luz do Tom", também assinado por Nelson Pereira dos Santos, é composto por depoimentos de três mulheres importantes na vida de Jobim. São elas: sua irmã Helena e as duas esposas, Ana e Thereza.
Atualizado em 10 Abr 2012.