Foi com a casa repleta de fãs adolescentes e um visual rocker composto por uma camisa xadrez amarrada na cintura que Thalles Cabral se apresentou nos palcos do Na Mata Café, em sua turnê por São Paulo.
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Você pode não estar se recordando do nome, mas certamente se lembra de Jonathan, o filho de Félix em Amor à Vida. O garoto, de apenas 19 anos, fez sua estreia na televisão em grande estilo, logo ao lado de atores como Antonio Fagundes, Susana Vieira e Bárbara Paz. E foi ao lado de Mateus Solano que ganhou o carinho do público.
Com tantas reviravoltas, a relação entre pai e filho na novela foi se tornando cada vez mais bonita. Se no começo o filho era criticado e rejeito por um pai mau caráter, ao final da trama o relacionamento ganhou uma bela cumplicidade.
Agora longe da dramaturgia, Thalles encontra tempo para se dedicar ainda mais a sua outra paixão: a música. Quem via o jovem na novela mal podia imaginar que atuar era apenas um de seus talentos. Com inspirações em Radiohead, The Beatles e Eddie Vedder, o ator e cantor acaba de lançar seu primeiro EP, That's What We Were Made For (disponível aqui), recheado de músicas com uma pegada folk e de composições próprias.
Durante uma de suas apresentações na cidade, o gaúcho falou ao Guia da Semana sobre sua paixão pela música e por São Paulo. Confira a entrevista na íntegra:
Quando surgiu seu interesse pelas artes?
Meus pais sempre me levaram ao teatro quando pequeno em Curitiba, e já me interessava por arte aos 7 anos, então comecei a fazer cursos. Depois disso vim para São Paulo e continuei com os cursos aqui, foi quando rolou um longo teste para a novela. Enquanto isso eu já levava a música como algo paralelo, eu comecei a tocar violão com 11 anos, que era um hobby, aquela coisa de tocar com a galera reunida. Depois comecei a compor, mas foi meio sem querer, quando fui ver já tinha umas 10, 15 músicas.
O quanto sua carreira na música disparou depois da novela?
O projeto do EP já estava sendo feito antes da novela começar, e acabou que aproveitamos o sucesso de Amor à Vida para fazer o lançamento, foi tudo meio natural, sem data certa para acontecer, e acabou que foi um acerto.
Dá para conciliar as duas carreiras ao mesmo tempo?
Agora que a novela acabou dá para fazer os shows mais tranquilamente. Gravar não é uma rotina, mas ao mesmo tempo é, porque há um compromisso. Eu vivo em São Paulo e ia para o Rio gravar toda semana, por isso só conseguia me dedicar à música quando vinha pra cá e ensaiava. Então é complicado achar tempo para tudo.
Há alguma preferência por atuar ou cantar?
Não. As pessoas sempre me perguntam, mas é impossível, nem 51 por cento. É igual, gosto muito das duas coisas.
Como esta a repercussão do EP?
Só em setembro, que foi o mês de lançamento, tinha 50 mil downloads. Foi muito engraçado, porque eu não esperava mesmo. O site parou de funcionar, caiu. Eu estava indo ao Projac quando fiquei sabendo que o site não aguentou os acessos. Em uma semana tinha quase 30 mil, foi muito rápido.
Por que você escolheu compor em inglês?
Na verdade nunca foi uma escolha, compor é algo que sai naturalmente. Eu estava no meu quarto, me veio uma ideia e saiu uma música de dois acordes, e daí saiu minha primeira composição, que aliás está escondida a sete chaves, porque de lá pra cá eu amadureci. Eu gosto muito de escrever em português também, escrevo crônicas e contos, mas pra mim funciona assim.
As letras são bem profundas. De onde vem inspiração?
No meu celular eu tenho um bloco de notas onde eu coloco tudo que passa pela minha cabeça, ideias para músicas, crônicas, sempre anoto. Em momentos de inspiração eu pego essas anotações e começo a procurar coisas interessantes.
É difícil fazer sucesso cantando rock no Brasil?
Tudo é difícil no Brasil, a arte em geral. Assim como montar uma peça de teatro aqui não é fácil. As pessoas não estão acostumadas a sair de casa e pensar “quero escutar um som novo” ou ir à uma peça e gastar uma grana e pronto. Na música também, meu som não é popular, não vai tocar num trio de Carnaval e as pessoas vão sair cantando. Mas é algo que eu acho legal também, ter um público que gosta do diferente, é um público muito leal.
Qual sua relação com são Paulo?
Nasci em Porto Alegre, fui para Curitiba e moro em São Paulo desde 2009. Eu tenho uma relação bem peculiar com a cidade. Quando ia pro Rio, eu chegava no Projac e falava “não é nenhuma São Paulo, né? Mas tudo bem...”. O pessoal ficava muito bravo, mas eu sou muito apaixonado pela cidade, não trocaria aqui por nenhum lugar. No meu show eu reservo um momento para falar de SP e de sua influência pra minha música, até na estética, a capa do EP é um trecho da Av. Paulista. Quando eu ia pro meu ensaio de teatro eu pegava um caminho da Paulista e deixava de pegar o metrô para andar de uma ponta a outra, caminhando e ouvindo música. Aquela parte da cidade é muito inspiradora, tem um terrorismo poético.
Quais seus lugares favoritos em São Paulo?
Gosto muito de ir à Livraria Cultura do Conjunto Nacional, e também ver peças na Reserva Cultural e Itaú Cultural. Na Paulista dá para fazer de tudo sem ter que se locomover muito, do restaurante ao cinema.
Por Marina Marques
Atualizado em 26 Fev 2014.