Setembro é um mês importante para Humberto Gessinger, vocalista dos Engenheiros do Havaí. É o mês no qual ele lança seu 5º livro, intitulado “Seis Segundos de Atenção”, e também o 20º álbum de sua carreira, “Insular”. Há 10 anos não lançava um CD exclusivo de inéditas – tempo esse que, segundo ele, nem sentiu passar por estar sempre com o “pé na estrada”.
Ao longo da última década, Humberto compôs diversas músicas inéditas, que foram gravadas em álbuns ao vivo, e não em um disco fechado e com um conceito. “Insular”, o novo CD, por sua vez, traz algumas destas canções com arranjos e parcerias rigorosamente escolhidos - daí a satisfação do músico em ter esperado todo esse tempo.
Já o livro reúne uma série de crônicas bem-humoradas sobre diversos temas, como tempo, processo de criação, futebol, política, entre outros. Mesmo confessando que não pensa no público no momento que compõe e escreve, sempre tem expectativas positivas e se pergunta se as pessoas vão entender a sua mensagem. Acima de tudo, sua intenção é poder acrescentar, compartilhando dúvidas, experiências e propondo um diálogo com o leitor.
Guia da Semana: Você acha que "toca" mais as pessoas com suas músicas ou textos?
Humberto Gessinger: Achei que fosse o contrário, mas sinto até na linguagem corporal dos fãs, durante a sessão de autógrafos, que há um maior cuidado com os livros do que com os discos – apesar de estes serem objetos mais frágeis. Os fãs dizem se sentir mais próximos de mim lendo meus livros do que escutando minhas músicas. Eu comecei a pensar depois que é algo característico da literatura mesmo, porque junta a solidão de quem escreveu com a solidão de quem está lendo - são dois processos solitários e dá realmente a maior sensação de proximidade. A música, eu acho que ela é uma comunicação mais total, mais abrangente; por outro lado tem essa coisa que as pessoas se sentem mais próximas do autor lendo um livro, acho que pela maneira com que tu usufrui de um livro mesmo, sozinho.
Guia da Semana: Para você, como grande fã de literatura, qual é a obra de leitura obrigatória?
Humberto Gessinger: Não tem como ninguém que fale a língua portuguesa passar sem ler O Grande Sertão Veredas, (do Guimarães Rosa), mas acho que é um livro que tem uma hora certa para se ler. Eu li ele tarde, quando tinha 45 anos, há 5 anos, não sei se teria gostado tanto se tivesse lido em outro momento da minha vida. Mas quando li, fiquei fascinado, é um livro que toma conta da nossa imaginação. Tinha ouvido tantas pessoas falarem tão bem dele que até demorei para ler por causa disso, imaginei que não poderia ser tão bom. Mas realmente, achei tudo de bom que tinham falado.
Guia da Semana: Como você é no tempo livre?
Humberto Gessinger: Sou muito caseiro. Sempre fui. É até irônico que a vida tenha me levado para um ofício que me faça viajar tanto, mas eu sou muito caseiro. Gosto muito de ler, e outra coisa que eu faço desde sempre é jogar tênis. São meus passatempos: leitura, fazer música em casa, e jogar tênis.
Por Rafaela Piccin
Atualizado em 30 Set 2013.