Is This It, álbum de estreia do The Strokes, marca o início de uma nova era na música. O ano é 2001. A partir daí, a cena indie ganha novas caras e traços. Se na década de 1980 o pós-punk e o new wave ditavam as cartas na música alternativa e nos anos 1990 nomes como Sonic Youth e Pixies se tornaram referências, os anos 2000 marcaram o surgimento de novas bandas. Liderados por Julian Casablancas e cia, outros “THEs” como Vines, Hives e Killers, começam a ganhar notoriedade.
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Álbuns importantes foram lançados na década passada com a alcunha de ser indie. Mas o gênero vem perdendo fôlego nos últimos anos e, por consequência, a qualidade dos discos também está caindo. Em contrapartida, o hip hop se reinventa a cada dia e nomes como o coletivo Odd Future – liderado pelo inquieto Tyler, the Creator – ganham mais terreno na música alternativa.
Listamos cinco álbuns lançados este ano que comprovam o declínio e a perda da relevância/qualidade da dita “música indie”. E vamos a eles:
Bankrupt!, Phoenix
Após flertar de maneira direta com o pop em Wolfgang Amadeus Phoenix, os franceses do Phoenix ressurgiram em 2013 com Bankrupt!. Se “Entertainment” - primeiro single, que vazou antes do álbum na íntegra – causou boa impressão, o restante de Bankprunt!é, no mínimo, decepcionante.
Quem lembra do alegre e uniforme Wolfgang desacredita que o Phoenix esperou quatro anos para viajar legal e fazer seu pomposo e rococó novo álbum. A receita guitarra/baixo/bateria de Wolfgang deu lugar a camadas e mais camadas de sintetizadores. Mais uma vez a busca por uma nova sonoridade não fez bem. Os singles – além de “Entertainment”, “Trying To Be Cool” também foi escolhida – soam (pouco e às vezes) como Wolfgang, mas, de resto, o que se ouve é uma tentativa frustrada de soar anos 1980.
Comedown Machine, The Strokes
O principal pilar da música indie dos anos 2000 lançou Comedown Machine, seu quinto álbum de estúdio, este ano. A não-repercussão (ou repercussão negativa) do disco impressionou até o fã indie mais pessimista. Se Is This It – seu trabalho de estreia e talvez um dos álbuns mais importantes lançados na década passada – iniciou uma nova era na música alternativa, apostando em riffs curtos, baixo pulsante e bateria marcada, uma espécie de garage rock moderno, Comedown Machine repete os erros de Angles, de 2008, e traz uma banda em busca de novas sonoridades. E errando.
O clima oitentista definitivamente não combina com o Strokes. A divertida e meio espacial “One Way Tigger” assustou a todos quando vazou na web, ninguém sabia se a banda estava pregando uma peça com seus fãs ou se realmente aquela era uma canção “real”. E era real. Comedown Machine não é o Strokes das antigas e nem é o novo Strokes, pois o novo Strokes ainda está em formação.
Modern Vampires of the City, Vampire Weekend
Modern Vampires of the City é o terceiro álbum do grupo nova-iorquno Vampire Weekend. Após surgir em 2008 com seu ótimo disco de estreia, homônimo, cheio de influências de ritmos africanos – como em “A-Punk” -, mas embrulhado num visual descolado/universitário de Nova York, o quarteto amadureceu e tentou apostar em novas sonoridades. “Nova” não é sinônimo de “melhor”.
Apesar de Modern Vampires ter seu valor, o trabalho não tem mais ambientação alegre e divertida nem o frescor da estreia dos caras. E peca por isso. Saem as guitarras pulsantes e alegres e entram os sintetizadores. Sair da zona de conforto é o mérito do Vampire Weekend em Modern Vampires of the City. Da lista dos cinco discos indie mencionados aqui, é o único que merece ser ouvido na íntegra.
Mosquito, Yeah Yeah Yeahs
Como tudo que o Yeah Yeah Yeahs produz, Mosquito é uma obra difícil de ser digerida. O trio nova-iorquino é conhecido pela crescente adesão dos sintetizadores a sua sonoridade garage rock. Ao longo dos anos e dos discos, o YYYs tornou seu som cada vez mais complexo – um misto de luz e escuridão difícil de se conquistar -, masMosquito leva essa proposta a um patamar perigoso.
It’s Blitz!, o penúltimo álbum do grupo, de 2009, foi o último a misturar punk e synthpop com felicidade. Mosquito é confuso, desconexo, difícil. Não é uma adição prazerosa. “Sacrilege”, a faixa de abertura, é um dos poucos momentos felizes do trabalho, mas ainda sim não se compara a nada encontrado nos três primeiros discos do trio liderado por Karen O.
Planta, CSS
A música indie brasileira tem um embaixador na gringa, o CSS, ex-Cansei de Ser Sexy. O nome mudou para soar mais universal. Afinal, siglas podem representar qualquer coisa, em qualquer idioma. Planta é o quarto álbum da banda, e o primeiro sem Adriano Cintra como membro. Todos se perguntavam se a saída de Cintra – tretado com as outras quatro integrantes de CSS – seria sentida e faria mal a banda. Foi sentida e fez mal.
Planta é um disco que não fala sobre nada, não lembra nada, não tem uma proposta, um norte, um conceito. Cintra saiu da banda dizendo que era o único que realmente sabia tocar, e, pela sonoridade do álbum, parece que o cara não estava blefando. A banda indie brasuca mais conhecida lá fora lançou um disco pra lá de fraco em 2013.
Por Anderson Nascimento
Atualizado em 2 Set 2013.