Kuarup é um ritual de homenagem aos líderes indígenas que se foram, de extrema importância para os povos Xinguanos. É também o nome da árvore da floresta cujo tronco é cortado e adornado com cinta, cocar, colares e pintura para representar um morto ilustre.
Por conta da pandemia de coronavírus, a tradicional celebração não aconteceu em 2019 e 2020. Porém, em julho deste ano, o povo Kuikuro será o primeiro do Xingu a retomar o ritual. Entre os dias 23 e 25 de julho ocorrerá o Kuarup do cacique Arifutua Tali Kuikuro, falecido em 2019, e de seu neto Oliven Kuikuro, falecido em 2020.
O Kuarup tem lugar de destaque como ritual milenar que fala do mistério das coisas, das almas e da invocação dos deuses para proteção. Para o povo do Xingu, cada tronco da árvore sagrada representa uma pessoa; e a família do falecido chora a noite inteira – e até o amanhecer - com o canto do Kuarup. O tronco representa a despedida da alma, que pode subir ao céu somente após o Kuarup.
O evento é vivido por vários povos, que se juntam para dançar, competir, lutar ritualmente e fortalecer os laços e a cultura. Para o ritual deste ano, é dever dos Kuikuro fornecer alimentação e transporte para todos, um número estimado em 2 mil pessoas, podendo chegar a 3 mil.
Nos anos anteriores, a FUNAI subsidiava os recursos para materializar esse momento cultural e sagrado para os povos Xinguanos. Este ano, porém, os Kuikuro não contarão com essa ajuda. Por isso, o povo Kuikuro, através de Kahuluhi Hori Kuikuro, genro do cacique homenageado e pai do menino Oliven, pede ajuda financeira para viabilizar o evento – saiba mais sobre o projeto de crowdfunding para ajudar o povo Kuikuro a trazer de volta o Kuarup.
Quem participa de um Kuarup contribui com a manutenção da cultura de raiz dos povos tradicionais indígenas do Alto Xingu. Além de uma experiência única, o ritual permite alcançar um estado de encantamento que conecta a magia, a imagem, a imaginação, a física, a metafísica, a ontologia, o inconsciente e a ancestralidade.
Atualizado em 25 Jun 2021.