O Brasil é líder de mercado na produção de café e o povo praticamente tem no sangue essa fruta que é cultivada desde o século 18 no país. Em São Paulo, a região da Alta Mogiana é a maior produtora do estado e suas enormes fazendas exportam o grão para todo o mundo. Aliás, é ali que está presente a O'Coffee, empresa especialista no cultivo de cafés especiais e também responsável pelos grãos que chegam até as cafeterias do Octavio Café, em São Paulo.
Para se aproximar do consumidor, tanto dos apaixonados pelo grão como daqueles que pretendem se tornar baristas e especialistas na área, a empresa organiza esporadicamente cursos intensos em sua fazenda com o intuito de explorar o processo do café, do pé à xícara. Com vagas concorridas e com próxima turma para outubro de 2018, época da florada, a expedição mergulha de cabeça na história do grão até os dias atuais.
O Guia da Semana conheceu de perto esse lugar incrível e te conta um pouco mais sobre essa experiência imperdível – que tem até um toque aventureiro:
O Chapadão
A Estação Chapadão, situada na cidade de Pedregulho, interior de São Paulo, é um marco na história do café por sua tecnologia e altitude diferenciada na Alta Mogiana. Os trilhos, já desativados, serviram por anos para que os pequenos produtores pudessem enviar os grãos até o porto de Santos - o 'café Santos' era considerado de maior qualidade que o 'café Rio' devido à rapidez do transporte. Graças aos trens, o café não corria o risco de fermentar.
A fazenda também foi palco da Revolução Constitucionalista de 1932, quando houve uma revolta em relação à ditadura, e é possível observar marcas de tiros na pequena igreja que fica ao lado dos chalés.
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana
Para aqueles que têm interesse em participar do curso do Octavio Café, a hospedagem acontece nas acomodações da fazenda - que aliás, são várias! Durante a estadia, que conta com regime pensão completa, o público pode explorar a região e aproveitar a proximidade com a natureza.
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana
O' Coffee
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana
A O'Coffee possui seis fazendas na região da Alta Mogiana, uma das maiores áreas brasileiras responsáveis pela produção do grão, e atualmente exporta para mais de 20 países ao redor do mundo. Com alto nível tecnológico e um cuidado detalhista em relação ao cultivo do grão, o objetivo é alcançar satisfação máxima na hora de degustar o café e, para isso, é preciso olhar com precisão para todo o processo, do começo ao fim.
No total são 14 cafés diferentes que fazem parte do portfólio da empresa e possuem perfis variados – parte da linha é exclusiva e feita de uma variedade específica de café. O Bourbon e o Catuai são dois dos destaques da O'Coffee.
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana
Curso: Da semente à Xícara
A programação do curso é de fazer brilhar os olhos daqueles que são apaixonados pelo grão e têm interesse em se tornarem baristas. A experiência se torna ainda mais completa devido ao fato do Octavio Café deter 100% do controle do processo. No curso, os participantes aprendem desde o preparo do solo até detalhes do planejamento da colheita, secagem dos grãos, provas da bebida para qualificar o nível de excelência, torra, técnicas de extração do expresso e jeitos de degustar o café.
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana
Ao chegar na sede da O' Coffee, um amplo painel mostra todo o processo que é realizado e como a empresa se diferencia no mercado atual. Hoje, a fazenda é uma das grandes produtoras de café especial, e isso quer dizer que o grão feito por eles possui mais de 80 pontos na avaliação da SCA (Specialty Coffee Association) – a metodologia da associação usa como critério categorias como o aroma, sabor, acidez, corpo e ausência de defeitos.
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana
Ao visitar as plantações, o público tem a chance de aprender um pouco mais sobre o preparo da área, como planejar a colheita (tanto manual como mecânica) e a maneira correta de irrigar a área. A experiência ainda promove uma competição de 'panha de café': os participantes aprendem qual grão está pronto para ser colhido e passar para a próxima etapa. No momento, a O'Coffee conta com 5 máquinas de alta tecnologia, direcionadas por funcionários, que são responsáveis pela colheita de determinadas regiões.
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana
Durante o preparo do café, especialistas no assunto explicam a diferença entre o grão natural, o descascado e o despolpado, qual o impacto de cada um deles no sabor da bebida e mencionam quais os defeitos que podem aparecer no café. Ao longo da aula, o público ainda participa de uma degustação intensa para aprender a sentir os aromas e características da bebida.
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana
O processo de identificação da qualidade do café é essencial para oferecer ao consumidor final um grão de alto nível. Aliás, como citamos acima, um café especial precisa ter no mínimo 80 pontos na avaliação do SCA (Specialty Coffee Association) – isso quer dizer que é imprescindível que o controle de qualidade identifique os defeitos no grão.
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana
Mas é claro que para obter uma bebida que preenche o paladar e o lado olfativo daquele que está degustando, o tipo de torra e o método de preparo usado impactam diretamente. É exatamente por isso que um dos temas em destaque do curso ensina um pouco mais sobre as técnicas de extração, como o coador de pano, a prensa e a Chemex.
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana | Primeira foto: Prensa e Chemex
A Chemex leva um nome peculiar, mas o método é bem tradicional - pena que não faz tanto sucesso no Brasil. Talvez você nunca tenha ouvido falar, mas a verdade é que ela foi criada lá em 1941, nos Estados Unidos, por Peter J. Schlumbohm. A diferença principal é a parede tripla que se forma logo que o filtro é encaixado na garrafa. O sabor do café preparado na Chemex costuma ser leve e sem resíduos, uma característica comum dos meios convencionais.
Foto: Juliane Romanini/Guia da Semana
Outro momento especial do itinerário é subir no mirante da fábrica e apreciar o imenso cafezal, que toma conta da paisagem. O pôr do sol é outra atração imperdível que faz parte do passeio.
Informações
Para os interessados em participar do curso criado pela O'Coffee, a viagem tem duração de 5 dias, com pensão completa e inclui o transporte do Chapadão até a fábrica - a locomoção até Pedregulho, ida e volta, fica por conta de cada participante. A data de outubro ainda não está fechada, assim como o preço, mas ao todo são 8 lugares disponíveis. A florada acontece uma vez por ano e deslumbra àqueles que têm a oportunidade de conferir de perto.
Novas informações serão divulgadas nas próximas semanas no site da O'Coffee.
Descrição: o curso intensivo é ministrado nas fazendas da O'Coffee na cidade de Pedregulho, referência entre as produtoras de cafés especiais da Alta Mogiana. O participante viverá uma experiência única e aprenderá sobre todo o processo produtivo, desde a semente, passando pela colheita, beneficiamento, torra, classificação, degustação, chegando até o preparo final de café em diferentes métodos.
*A jornalista Juliane Romanini viajou ao local a convite do Octavio Café
Por Juliane Romanini
Atualizado em 20 Mai 2018.