Os anos 90 estão de volta - prova é a retomada do trip hop do Massive Attack
Na época em que se ouve música em arquivos MP3, descobrem-se novos gênios no You Tube e baixa-se de tudo em torrents e outros softwares, fica até difícil pensar nos álbuns que mais marcaram o ano. No entanto, eles vão continuar, sim, a existir, pois são espelhos do artista na hora em que esse concebe o trabalho, trazendo impresso nas faixas aflições, apostas e criatividade que fazem de cada obra única.
Evidentemente, alguns trabalhos se sobressaem, seja por trazerem cores mais quentes ou por levarem o ouvinte a paisagens sonoras inusitadas e intimistas.
O Guia da Semana apresenta a sua discoteca básica de 2010, com alguns dos álbuns nacionais e internacionais mais comentados nesses 12 meses. Do rock ao pop sertanejo, da dance music ao pagode, a lista traz artistas e obras que merecem, minimamente, cinco minutos de uma boa audição. Eis os destaques:
Massive Attack - Heligoland
O duo formado por 3D (Robert Del Naja) e Daddy G (Grant Marshall) foi o grande precursor do trip hop, gênero que estourou na década de 90 com bases eletrônicas suaves e batidas em downbeats. Passados alguns discos e tentativas de aproximação com uma soft music que não colou, o novo álbum da dupla, Heligoland, busca retomar uma estrada que parecia perdida. E eles conseguiram, apresentando um álbum com bom equilíbrio entre os tempos eletrônicos e a batida dos demais gêneros musicais.
Ivete Sangalo - Ao Vivo no Madison Square Garden
Foto: Getty Images
Primeira brasileira a se apresentar no Madison Square Garden, Ivete investiu mais de U$ 5 milhões no show
Em se tratando de música nacional não tem para ninguém. Ivete Sangalo é o nosso blockbuster, nosso arrasa-quarteirão. Em outubro, ela tornou-se a primeira artista brasileira a se apresentar sozinha no Madison Square Garden, um dos palcos mais importantes do planeta. O CD e DVD são o resultado desse registro.
A brincadeira não foi barata. Dados da imprensa chegam à cifra de US$ 5 milhões gastos na produção. Só de colaboradores foram 800 pessoas, carregando e montando 30 toneladas de equipamentos. Valeu o investimento. Em 1º de dezembro, 300 mil cópias (dos dois tipos de mídia) já tinham sido compradas na pré-venda pela Internet, mostrando a força da cantora.
Victor e Leo - Boa Sorte pra Você
Lançado em agosto, o quarto álbum de inéditas da dupla vendeu mais de um milhão de cópias em menos de cinco meses de distribuição. Apesar da dupla ser associada ao rótulo sertanejo universitário, o álbum Boa Sorte traz tudo quanto é tipo de estilo em suas faixas, passando pelo pop, folk, bolero e até reggae. Ah, e claro, e duas faixas do famoso estilo que lançou a dupla ao estrelato.
Talvez seja esse o trunfo da dupla: acordes leves de violão, rimas fáceis e que grudam n'alma com forte apelo romântico, como no sucesso Borboletas. Além do jeito todo particular de bons moços.
Rihanna - Loud
Há cerca de três anos, qualquer rodinha na qual música pop seja o assunto o nome Rihanna é citação obrigatória. Pudera. Desde o hit Umbrella, de 2007, essa jovem nascida na minúscula Ilha de Barbados, na América Central, tem influenciado a cena mundial. Se Rihanna está de bem com a vida, o pop está solar. Se brigava com o ex Chris Brown, a sonoridade de seu trabalho acompanhava o luto.
No último lançamento, Loud, a artista buscou se distanciar da última fase tão marcada no álbum anterior, Rated R. O R&B funkeado, marca da cantora no início da carreira, continua lá. No entanto, o atual trabalho assume um forte flerte com a dance music e algumas composições mais arriscadas, indicando a busca de um caminho mais autoral por parte da artista.
Katy Perry - Teenage Dream
Foto: Getty Images
Katy Perry animou todo o tipo de plateia, especialmente a juvenil, com o seu Teenage Dream
Outro nome que é quase sinônimo de pop na música americana. Bonita, desbocada na medida e extremamente sensual, essa jovem de 25 anos lançou em agosto Teenage Dream, uma das produções mais caprichadas do ano. Só no Brasil, foram 20 mil cópias em apenas um mês, um feito tão grande que concedeu ao álbum a comenda de Disco de Ouro da associação do setor.
Singles pegajosos, como o hit internacional California gurls, e canções que misturam cordas e uma boa base eletrônica, caso de Fireworks, são as marcas do álbum. Mesmo que as outras músicas não tenham o mesmo destaque, não dá para negar a importância do trabalho, apenas encoberto pelas estripulias da cantora, que se casou escondido de todos na Índia com o comediante inglês Russel Brand.
Exaltasamba - Exaltasamba 25 anos
Gravado em junho no estádio do Palmeiras, o DVD merece destaque tanto pela data comemorativa, um marco que poucos grupos do gênero conseguiram, como na escolha do repertório.
Péricles (banjo e vocal), Pinha (repique de mão), Thiaguinho (banjo e vocal), Brilhantina (cavaco) e Thell (tantã) optaram por juntar canções inéditas e versões de músicas que influenciaram a carreira do grupo. A lista vai de Bem Que Se Quis, de Marisa Monte, a Fugidinha, de Michel Teló. Se fosse uma banda novata, a escolha seria temerosa. Mas, para quem tem quatro DVDs e 15 CDs já lançados, a proposta soou como um presente ao público, mostrando outras possibilidades sonoras do conjunto.
Atualizado em 6 Set 2011.