A Fundação Bienal de São Paulo (FBSP) busca, em parceria com o Programa Brasil Arte Contemporânea, envolver e aproximar o mundo global das artes à população. A proposta é mesclar todas as principais artes distribuídas pelo mundo em um único espaço.
Em sua 29ª edição, a Bienal de Artes decidiu articular a arte e a política, o seu vínculo presente, direta ou indiretamente, muito propício para o momento vivido no Brasil, isto é, de eleições presidenciais. Pensando nesta proposta, a edição deste ano procurou aproximar o ser humano dito comum do artista, colocando o artista como alguém responsável, através de sua arte, por auxiliar na formação social. "Uma celebração do fazer artístico e uma afirmação de sua responsabilidade perante a vida", afirma a curadoria.
Por essa razão, predispôs-se a levantar questionamentos nos visitantes com relação ao cotidiano e seu modo de viver. Teoricamente, este posicionamento mais, digamos, `responsável` seria válido, de certa maneira, e até faria uma relação com os debates da sustentabilidade mundial: a necessidade de uma sociedade mais integrada com o todo, para se desenvolver com mais qualidade, em vez de somente quantidade.
Entretanto, isso se tornou um pensamento extremamente subjetivo. Aos visitantes presentes nesta edição, ficou a dúvida sobre o assunto discutido. Não há uma orientação natural nos posicionamentos das obras apresentadas, tampouco uma temática visível no caminhar da exposição.
Houve um excesso de imagens digitais e utilização de vídeos que, de certa forma, contrariou a fala do curador com relação à função da Bienal de Artes, defendida como um evento de "insubstituível aproximação com as obras - cujas imagens digitais na tela do computador jamais provocarão...". E foram tão mal trabalhadas que foi possível observar muitos visitantes de costas para os vídeos.
Algumas obras ainda se agarraram ao momento de grandes discussões ambientais, como foi o caso da obra que utilizou várias caixas de papelão para construir espaços `úteis`. Entretanto, discute-se se a arte permanecerá cumprindo o seu papel de `obra de arte` a partir do momento em que se dispõe como algo funcional. Mas não se posicionou contra ou a favor do meio ambiente ao esparramar tantos jornais em determinado espaço ou utilizar (desperdiçar) tanta água em uma apresentação externa.
Talvez a confusão vista no formato da 29ª Bienal tenha sido uma releitura da atual sociedade quanto à sua posição a tudo o que está acontecendo, isto é, há mais desordem do que ordem. Ou, talvez, era para ser inexpressiva e permitir que um trio de amigos fizesse muito mais sentido em seu mini flash-mob em favor da natureza. Quando eles surgiam, dois deles vestidos com sacos pretos de lixo e com falas sobre reciclagem, e o outro, estático, como a pensar o que fazer com aquele lixo, todos paravam, deixavam de lado o mundo da arte, para desvendar essa atitude. Mais reflexiva, mais política, mais artística e muito mais sustentável.
Leia as colunas anteriores de Carolina Teixeira:
Natal de luzes e cores
O dengo em meio ao caos
Testemunhas históricas
Quem é a colunista: Carolina Teixeira, 24 anos, turismóloga e estudante de jornalismo.
O que faz: É consultora educacional de intercâmbio cultural, se entregou ao mundo do turismo, pois, desde que se conhece por gente, fica mudando de um lugar para outro.. Também come, fala (muito), dorme, se diverte e viaja igual a tantos, além de escrever vez ou outra.
Pecado gastronômico: Café (não importa como), uma boa massa, sorvete no frio, bolinho de chuva e sonhos aos domingos.
Melhor lugar do Brasil: São Paulo.
Fale com ela: carolinatex@gmail.com ou acesse seu blog
Atualizado em 6 Set 2011.