"Acreditar" - esta é a temática do espetáculo Believe, uma parceria entre o ilusionista Criss Angel e o Cirque du Soleil em cartaz no Hotel e Cassino Luxor, em Las Vegas. Famoso por usar como poucos as técnicas do ilusionismo consagradas por grandes mágicos como Houdini e David Copperfield, Criss também produz, atua e escreve seus shows, além de ser músico, dançarino e lutador de artes marciais. Ele é também o ilusionista que mais recebe visitas mensais em seu site e virou hit na web mostrando seus famosos - e arriscados - truques: tentar passar de um barril de óleo para outro, atravessar uma parede de aço, ser esmagado por um rolo compressor gigante, levitar de um prédio a outro ou, ainda, caminhar sobre as águas de um lago.
Decidi assistir Believe depois de ver no YouTube um vídeo em que Criss levita sobre o Hotel Luxor, em Las Vegas. O hotel é uma réplica da Esfinge com uma pirâmide de vidro com cerca de 350 metros de altura. No topo da pirâmide, há um feixe de luz que é considerado o mais brilhante de todo o mundo, com 42 bilhões de watts. A luz do Luxor é tão brilhante que pode ser vista do espaço e a temperatura no topo pode chegar a 200º Celsius - a pele humana começa a queimar a 130º C, imagine o que seria levitar a uma temperatura dessas...
Fascinada com os famosos truques conhecidos pela internet, fui ao Luxor certa de que Believe guardava momentos intrigantes. Logo no início do show, um vídeo no telão relembrou os grandes truques do ilusionista, incluindo o trecho da levitação sobre o Luxor. O público aplaudiu de pé, na expectativa do início do espetáculo. Na sequência, o próprio Criss apareceu dando as boas-vindas e iniciando o show de mágica.
No entanto, para quem espera um show à altura da fama do ilusionista ou, no mínimo, condizente com o vídeo apresentado no início, o espetáculo agrada, mas não convence. Com um cenário que parece ter sido inspirado em "Alice no País das Maravilhas" e que prometia misturar o lado lúdico da mágica com a fantasia e a alegoria do circo, o show é, na verdade, um misto de dança, artes circenses e mágica, com ares de super produção. Mas a impressão de que isso vai transcender os shows de mágica que nós já vimos para por aí.
Na história, Criss é um nobre vitoriano enigmático que encontra Kayala e Crimson, duas mulheres que representam diferentes aspectos de feminilidade, e quatro oficiais, que apresentam o público ao teatro barroco da mente de Criss. As mágicas do ilusionista se alternam com os números musicais, e essa alternância vai dando o ritmo de Believe.
O truque mais esperado da noite - o da levitação - não impressionou tanto quanto o da levitação sobre o Luxor. Ele acontece em dois momentos: no primeiro, Criss faz uma das mulheres do Cirque levitar. No segundo, ele mesmo aparece levitando no meio do palco. Em um outro momento, Criss é amarrado pelos pés e suspenso no meio da plateia de cabeça para baixo, vendado e com uma camisa de força. Ele consegue se soltar. Em determinada cena, ele se divide ao meio com o auxílio de uma serra elétrica gigante.
Conforme o show foi acontecendo, fui ficando com a sensação de cansaço. Senti que alguns truques foram muito repetidos, o que tira a impressão de novidade. Por diversas vezes, Criss aparece no palco e, alguns segundos depois, reaparece sentado na plateia.
O fato é que Believe tem recebido duras críticas desde a sua estreia, em 2008, e já passou por algumas transformações para que o duo mágica e Cirque tivessem um maior equilíbrio. Quem já assistiu ao espetáculo antes garante que o show melhorou, mas ainda não está no ponto certo. Criss tem um contrato de dez anos para Believe, que é um dos espetáculos fixos do Cirque Du Soleil em Las Vegas. Eu saí de lá com a sensação de que a parceria realmente pode ser mais explorada. Não que seja hard to believe (difícil de acreditar), como os críticos têm dito por aí, mas Believe tem uma proposta inovadora. Pode ser que a concepção do show esteja à frente do seu tempo, mas, para Criss Angel conseguir transformá-lo em um dos melhores shows do Cirque Du Soleil em Las Vegas, ele vai ter que melhorá-lo - e muito!
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Atualizado em 6 Set 2011.