"Tá cheio de dengo, né?" - Quem nunca ouviu esta fala?! Com toda certeza já ouviu, ou já falou, ou simplesmente já desejou desesperadamente por um dengo, um chamego, um carinho. Cada um tem seu dengo predileto ou da pessoa preferida; na verdade, mesmo em um mundo que se diz pouco emotivo e sem relacionamentos profundos, todos anseiam por uma atenção especial.
O artista Ernesto Neto parece ter se atentado a essa necessidade humana e transformou sua obra em um grande dengo representativo, na tentativa de lembrar que não vivemos um sem o outro. Começa bem a Grande Sala do MAM - Museu de Arte Moderna: foi coberta por uma pele de crochê que nos lembra a infância. E não para por aí. Sua obra nos convida a abraçar, deitar, tocar, sentir e experimentar, porque o dengoso pede mais do que somente o toque. Ele precisa de um contato completo para se sentir querido, à vontade e aconchegado.
É um modo diferente de visitar um museu, quebrando as regras do "é proibido tocar": até os sapatos devem ser retirados para melhor apreciar e compreender a obra. Não somente as crianças correm, se divertem e se jogam na grande almofada de bolinhas como os adultos também, mais discretamente, fazem questão de degustar a novidade.
Na sala de aula criada por Neto fica a dúvida do por que nossas salas não são mais lúdicas. Afinal de contas, se nossas carteiras parecessem gatos e fossem coloridas, seria muito mais divertido aprender.
Dengo fascina não só à primeira vista, mas também atrai com seu colorido e convida para um abraço especial. É difícil sair de lá. Sorriso garantido para o resto da semana. Não perca a oportunidade. Dengo fica exposto até 19 de dezembro de 2010, mas vá com tempo: o balanço de crochê pode ser mais caloroso do que o esperado.
Leia as colunas anteriores de Carolina Teixeira:
Testemunhas históricas
Ao Ar Livre
Sobrados_bar
Quem é a colunista: Carolina Teixeira, 24 anos, turismóloga e estudante de jornalismo.
O que faz: É consultora educacional de intercâmbio cultural, se entregou ao mundo do turismo, pois, desde que se conhece por gente, fica mudando de um lugar para outro.. Também come, fala (muito), dorme, se diverte e viaja igual a tantos, além de escrever vez ou outra.
Pecado gastronômico: Café (não importa como), uma boa massa, sorvete no frio, bolinho de chuva e sonhos aos domingos.
Melhor lugar do Brasil: São Paulo.
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Atualizado em 6 Set 2011.