Marias são o grande destaque entre os indicados para o Grammy Latino deste ano que acontece em Las Vegas, em 11 de novembro. Em categorias concorridas e disputando prêmios com grandes nomes, as chances não são da mesma dimensão. O nicho instrumental promete, no entanto, trazer muito mais oportunidades de um prêmio para artistas tupiniquins.
Cerimônia sempre animada e normalmente mais eclética e justa do que sua versão original, este ano conta com duas brasileiras concorrendo em categorias de peso. Maria Bethânia e a canção Tua concorrem a gravação do ano e Maria Gadú, como revelação.
A briga não está nada fácil. Ambas concorrem com nomes, como Alejandro Sánz (intérprete da famosa Corazón Partío) e com o violonista uruguaio Jorge Drexler. Autor da música tema do longa Diários de Motocicleta, o músico já tocou em São Paulo, no Bourbon Street, em um ótimo show intimista e cheio de detalhes.
Tanto Gadú quanto Bethânia não devem sair de lá com o prêmio. Vejo a segunda com uma chance maior, em se tratando de uma artista consolidada no cenário. O mercado e a crítica, formatados para o público norte-americano em geral, costumam ter certa resistência com revelações que não cantam em espanhol, maioria maciça dos artistas indicados.
No entanto, sem querer discutir talento e qualidade das nossas Marias, a música instrumental e erudita corre um sério risco: tornar o Brasil um bicho-papão de títulos. Na categoria melhor álbum, somos absoluta maioria: três indicações. Paulo Moura e Armandinho, com Afrobossanova, o incrível duo Yamandu Costa & Hamilton de Holanda, com Luz da Aurora, e o virtuoso Arthur Maia, com O Tempo e a Música. Posso não ser um grande especialista em música instrumental, mas ver e ouvir esse pequeno gigante - que deve ter a altura do jogador Romário, no máximo - tocar seu baixo fretless afinadíssimo é simplesmente sensacional. Já na categoria jazz latino, Sambolero, de João Donato Trio, está na disputa como melhor álbum.
Entre os prêmios nos quais apenas brasileiros concorrem, destaco apenas um, que talvez seja menos conhecido do grande público. Como melhor álbum de MPB, minha aposta fica com o grande guitarrista Toninho Horta, com Harmonia & Vozes. Ele disputa com João Bosco, Jorge Vercillo, Gilberto Gil, Joyce e Dorival Caymmi
Como não podemos ser apenas ufanistas, temos de lembrar dos outros caras que estão na corrida: Arturo Sandoval, que concorre a alguns prêmios técnicos, além de melhor álbum instrumental com A Time For Love; Joaquín Sabina, dono de uma poesia rústica e uma voz muito característica, com o álbum Vinagre Y Rosas; Juan Luis Guerra, que já até gravou com Ivete Sangalo; e os roqueiros do Los Claxons. Então marque na agenda e fique na torcida: 11 de novembro é o dia do Grammy Latino!
Leia as colunas anteriores de Rafael Gonçalves:
Todo mundo em pânico
Da produção a perfeição
Quando tudo parou
Quem é o colunista: Jornalista, músico e só usa meias brancas e calçados pretos, igual ao Michael Jackson.
O que faz: Jornalista, compositor, violonista e cantor.
Pecado gastronômico: Chocolates, churrasco (feito por mim) e molho de alho caseiro da vó!
Melhor lugar do Brasil: Qualquer um que comporte a equação praia +violão + amigos.
O que ele ouve no carro, em casa e no IPod: Um pouco de tudo e de tudo um pouco.
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Atualizado em 6 Set 2011.