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Sinceramente, não sei o que vi nesta profissão de ator! Um bom curso é caro, ganha-se mal, sucesso é para poucos e o sindicato ainda te cobra um valor absurdo para conseguir seu registro. É, não é mole! Na realidade, eu sei sim: é o que eu amo. É a profissão pela qual eu levanto todo dia na esperança de me sentir realizado.
Às vezes, eu assisto as histórias de grandes atores da televisão brasileira (aqueles que começaram desde a época da TV Tupi) e vejo quão fácil era entrar para o seleto grupo de artistas, já que poucos se arriscavam. Os teatros não eram bem vistos. Aliás, mulher, por exemplo, que trabalhava como atriz era até tida como prostituta! Os homens não ficavam atrás também. O teatro de revista das "cocotinhas" imperava e glamuroso era ser ator de radionovela! Cara, eu queria ter nascido nesta época e ter participado de uma. Acho incrível quando ouço em meus arquivos aquelas novelas feitas na raça com efeitos sonoros precários tirando sons de qualquer objeto para representar a vida real através dos sons.
Tempos depois veio a novela de televisão e todos os bons atores foram correndo mostrar suas caras naquele quadrado em preto e branco trago por Assis Chateaubriand para o Brasil. No começo, eram apenas 50 unidades em todo o país, se não me engano. Depois vieram mais e mais até que a TV se popularizou e várias pessoas se juntavam na casa dos vizinhos, que podiam ter uma, para ver toda a programação da emissora. Minha avó me conta com perfeição este tempo. Meu pai só foi ver TV pela primeira vez na vida aos 5 anos, ou seja, na década de 50! Ele era pobrezinho e a mãe dele mal tinha dinheiro para um rádio.
Hoje a TV está até no ônibus circular e as novelas sendo transmitidas ali mesmo: um pequeno resumo para quem perdeu o capítulo de ontem. Mas porque insisto na televisão e não falo do teatro? É simples: quem não quer ter sucesso em sua carreira e ser reconhecido por aquilo que faz? Hoje, no Brasil, a cultura de ir ao teatro é ainda fraca - infelizmente -, então penso na TV como o ápice de um sucesso reconhecido por todos. Fama é só consequência.
O que dá dinheiro nesta profissão também é o teatro musical. Isso eu queria muito fazer, mas ainda preciso me lapidar mais para poder soltar o gogó como grandes cantores de musicais que vejo por aí. Só que para eu conseguir uma boa base para me jogar nos testes de grandes musicais, preciso de dinheiro que se transforma em aula e que, por sua vez, me dará mais oportunidade. Contudo, a primeira peça desta cadeia de dominós eu não tenho, então fica um pouco mais difícil dar o pontapé inicial, não é?
Bom, acho que o negócio é galgar degrau por degrau mesmo. Nada de saltos ornamentais para alcançar voos muito altos, senão a queda pode ser bem grande. Vou me despedindo por aqui e na próxima semana conto um pouco mais sobre esta minha vida de ator!
Quem é a colunista: Felipe Carvalho.
O que faz: Ator e jornalista! E, atualmente, aprendiz de alta gastronomia.
Pecado Gastronômico: Doce, meu querido doce.
Melhor lugar do mundo: Minha terra, Taubaté, no colo da minha mãe.
O que está ouvindo no iPod, carro, mp3, rádio: Além da rádio Sulamérica Trânsito, Jay Vaquer e Jota Quest (forever!)
Fale com ele: [email protected] ou o siga no Twitter (@heterozigoto)
Atualizado em 6 Set 2011.