Intensa talvez seja a melhor definição para ela, que sentia como ninguém a música quando segurava o microfone, e que viveu como ninguém os poucos anos de vida. Dona de um estilo próprio de cantar - rouco e beirando o grito - é considerada por muitos a voz feminina por excelência do rock'n roll e a primeira mulher branca de destaque do blues.
Janis Joplin morreu de overdose de heroína com apenas 27 anos, durante o auge de sua carreira em outubro de 1970, coincidentemente, um mês depois de Jimi Hendrix falecer. Na época, gravava ainda as faixas do seu próximo disco, o Pearl, lançado seis meses depois, ficou durante semanas em primeiro lugar nas paradas norte-americanas. É nele que estão os hits Trust Me, Cry Baby e Mercedes Benz.
Ao total, são sete preciosos álbuns deixados como legado, sendo que cinco deles se tornaram público após sua morte. A jovem do Texas passou como um relâmpago, mas parece mesmo ter sido congelada no tempo. Sua voz áspera e profunda permanece incomparável no cenário musical até os dias de hoje e a verdade é que ela personificava de maneira única o espírito do rock dos anos 60.
Em entrevista ao programa The Dicket Cavett Show, em 1969, Janis Joplin explica que ao cantar, entrava na essência da música e não ficava apenas na superfície, como muitas mulheres faziam. E completa, "é como quando se está fazendo amor com alguém, que você completamente deseja aquele momento como se fosse tudo o que estivesse acontecendo no mundo". E a prova pode ser tirada em qualquer vídeo de seus arrasadores shows.
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Trajetória meteórica
Janis começou a cantar em bares de folk com 17 anos interpretando canções no estilo de Bessie Smith, apenas por diversão, para acompanhar os amigos e tomar cerveja de graça. Rebelde desde cedo, a jovem do Texas decidiu fugir do conservadorismo da sua cidade natal e se mudou para São Francisco. E foi lá que ela conheceu a banda que engataria sua carreira musical, o Big Brother & The Holding Company.
No papel de vocalista, se tornou aos poucos a estrela do rock dos anos 60 e a diva do movimento hippie. A jovem que cresceu escutando blues e que idolatrava Ottis Redding, surpreendeu os mais entusiastas do estilo musical, aparecendo como uma voz branca que cantava como os negros. Em 1967, sua aparição no Monterey International Pop Festival rendeu imensos elogios, sendo considerada, ao lado de Jimi Hindrex, uma das principais atrações do evento.
E ela bradava tão intensamente tudo o que tinha dentro de si que chegava a ofuscar os outros integrantes do grupo. Foi assim que, um ano depois, Janis se separou da banda original para seguir carreira com a The Kozmic Blues Band. Mas a parceria não foi encarada positivamente pelo público e muito menos pela crítica. No lendário Woodstock ela não apareceu no vídeo oficial do festival, porque o show não foi considerado um do melhores. Em 1970, para alegria dos fãs, ela reapareceu com um versão reformulada da antiga Big Brother & The Holding Company.
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No Brasil
No mesmo ano, a rockstar veio ao Rio de Janeiro, mas sem se apresentar, apenas como viagem de férias. Janis passou como um furacão por terras brasileiras, escandalizando os mais conservadores da época. Desceu nua para a piscina do luxuoso Copacabana Palace, sendo interceptado por seguranças e expulsa do hotel, e também foi impedida de entrar no Carnaval carioca, em virtude dos trajes hippies.
Mal sabiam eles que alguns meses depois a polêmica jovem seria encontrada morta num quarto em Los Angeles, eternizando toda sua intensidade. E o Brasil só pôde sentir um pouco - bem pouco - do espírito "Janis Joplin", 40 anos depois. Em maio deste ano, a Big Brother & The Holding Company relembrou os velhos tempos em show lotado, em São Paulo, durante a Virada Cultural. E mesmo sem a estrela, a banda emocionou a plateia, que acompanhou em coro os principais sucessos dela, que é sem dúvida uma das mais marcantes presenças femininas do rock'n roll.
Janis Joplin interpreta " Maybe" - Radar Showlivre
Atualizado em 6 Set 2011.