Guia da Semana

Existem videogames sobre os mais variados temas e mecânicas, mas você ja tinha pensado em um jogo fofinho sobre adorar um demônio antigo enquanto gerencia um culto em homenagem à ele e trucida os hereges que tentam atrapalhar seus planos? Eu também não, mas graças à Deus (ou não né) existem desenvolvedores de jogos com ideias criativas para pensarem nisso e desenvolverem um jogo assim.

E é com essa premissa que nasceu Cult of the Lamb (ou o joguinho do cordeirinho), desenvolvido pelo estúdio Massive Monster e publicado pela nossa querida Devolver Digital, foi lançado para PlayStation, Xbox, Nintendo Switch e PC. O jogo vem com essa premissa de misturar um visual fofíssimo que lembra muito o estilo de animações modernas como Hilda, Steven Universe e Gravity Falls, com uma temática de cultos e práticas satanistas. Cult of the Lamb traz isso tudo com um complexo sistema de gerenciamento e um combate divertido e satisfatório para você converter todos à adorarem seu Deus.

Se você também se interessa em praticar o mal e adorar Aquele que Espera, vem comigo para mais uma análise do Pizza Fria!

O que é Cult of the Lamb?

Cult of the Lamb é um jogo fácil de entender, mas difícil de explicar como ele funciona, entretanto podemos dizer que ele é um jogo de ação e aventura com elementos de roguelike e gerenciamento. O jogo começa com o último cordeirinho vivo amarrado sendo levado para um ritual de sacrifício, na presença de 4 Deuses antigos, e aqui você descobre que com a sua morte uma antiga profecia jamais poderá ser concluída e que essa será a era da adoração da “Antiga Fé”.

Entretanto após ser sacrificado você se encontra com uma entidade acorrentada numa espécie de Limbo, essa entidade é chamada de “Aquele que Espera”, que lhe promete devolver sua vida em troca da sua adoração eterna, que você construa um culto em seu nome, e que você mate todos os 4 deuses da Antiga Fé para libertá-lo de sua prisão. Após aceitar a proposta, o cordeirinho volta à vida e dissolve todos os infiéis que lhe assassinaram e parte para cumprir as promessas feitas ao seu Deus.

Após essa introdução e um breve tutorial de como o jogo funciona, o jogo ja vai te jogar no meio do loop de gameplay, esse que é dividido em duas partes que são as Cruzadas e o Culto, que funcionam respectivamente como um jogo roguelike de ação e um jogo de gerenciamento.

Cult of the Lamb
Você diria que O Culto do Bem não pratica o bem ? (Imagem: Reprodução)

O Culto

Após o tutorial você deverá começar a gerenciar o seu culto, começando obviamente recrutando novos membros e ordenando que eles trabalhem em nome daquele que espera. Essa parte do jogo funciona como se fosse um jogo de gerenciamento simplificado, onde você deve ordenar que seus seguidores trabalhem cortando madeira, quebrando pedra, construindo novas estruturas, plantado alimentos ou rezando para aumentar sua fé.

Como todo bom sistema de gerenciamento você deve cuidar aqui da alimentação dos seus seguidores, cozinhando comidinhas para eles com ingredientes que você plantou ou coletou durante as cruzadas, outro fator que você deve ficar antenado é em relação à lealdade dos seus seguidores, pois dependendo de suas ações os membros do culto podem ficar insatisfeitos com você se recusando à trabalhar ou até mesmo se rebelar contra o culto. Além da fome e da lealdade dos seus seguidores você também deve cuidar das suas doenças, pois alguns deles podem ficar doentes caso você não limpe o culto (afinal esses bichinhos também fazem cocô).

Além de cuidar da manutenção do culto você também pode promover atividades, como um banquete para os membros, umas férias, ordenar que eles trabalhem mais ou até mesmo sacrificar as pessoas em troca de poder para tornar o cordeirinho de Cult of the Lamb cada vez mais forte.

O mais legal desse sistema de gerenciamento em Cult of the Lamb é que cada membro do culto funciona de forma individual tendo a sua própria barra de fome e de saúde, além de possuir características únicas que o diferenciam do restante, como uma afinidade em trabalhar com as fazendas, ou em coletar recursos. Saber organizar esses membros e ordenar que trabalhem de acordo com as suas características pode ser uma tarefa bem divertida. Além disso cada seguidor possuí uma barra de lealdade individual que ao ser preenchida evoluí o seguidor tornando-o mais valioso, por justamente ser mais fiel ao culto.

Cult of the Lamb
Eu juro que isso não foi um sacrifício, olha a carinha de felicidade dele. (Imagem: Reprodução)

Obviamente esses seguidores individualmente complexos não funcionariam sem uma boa variedade de atividades, e é aqui que Cult of the Lamb brilha de fato. O jogo traz uma imensa variabilidade de estruturas que você pode construir e evoluir em seu culto, desde alojamentos para os seguidores, altares de oração, fazendas, locais de mineração, locais para cortar lenha, uma prisão para os rebeldes, covas para enterrar os mortos, e até mesmo um círculo de invocação demoníaco. Essas estruturas são desbloqueadas ao evoluir um nível do culto e elas ficam disponíveis em uma enorme “árvore de estruturas”, que você pode desbloquear para aumentar a produtividade do culto e te ajudar nas cruzadas.

Lembrando também que quase todas as atividades que você realiza no culto afetam diretamente de alguma forma no combate e nas cruzadas.

As Cruzadas

Em Cult of the Lamb, as cruzadas como eu disse anteriormente, funcionam como expedições onde você deve ir em busca de recursos, fiéis e poderes para derrotar seus inimigos. Entretanto vale lembrar que o outro objetivo que “Aquele que Espera” te pediu era que você matasse todos os quatro bispos da antiga fé. Cada um desses bispos fica localizado em um mapa diferente ordenados do mais fraco ao mais forte, e para derrotar um bispo você deve destruir o selo que o protege vencendo o seu mapa pelo menos quatro vezes antes de derrotá-lo.

Cult of the Lamb
Esse é um exemplo de como é o selo do bispo, você deve desbloqueá-lo antes de lutar de fato com o chefe (Imagem: Reprodução)

Esses mapas funcionam como “dungeons” de roguelikes tradicionais, onde você tem que derrotar hordas de inimigos e explorar essas salas geradas proceduralmente atrás de novos fiéis, recursos ou personagens para te ajudar na sua jornada. Para isso você contará com um arsenal relativamente grande para você expressar o seu estilo de combate da melhor maneira possível, esse arsenal conta com armas e magias dos diversos tipos, desde martelos, adagas, espadas, até magias de veneno, necromânticas, de gelo ou simples projéteis para trucidar todos os hereges que ousam desafiar a fé do “Aquele que Espera”.

O combate de Cult of the Lamb é bastante gostoso, controlar o cordeirinho é intuitivo e responsivo e o impacto dos seus golpes e magias é satisfatório o suficiente para te manter engajado em derrotar todos os monstros que ousarem passar na sua frente. Esse combate obviamente não se sustenta sozinho e somado à ele o jogo traz uma boa variedade de inimigos dentro dos seus respectivos biomas, além de obviamente as lutas contra os bispos da Antiga Fé que são os chefes principais do jogo. Esses chefes de Cult of the Lamb são assustadoramente criativos e desafiadores de se enfrentar e muitos exigem bastante do jogador para serem derrotados.

Cult of the Lamb
Durante as Cruzadas você pode deitar os hereges na porrada da maneiras mais criativas possíveis (Imagem: Divulgação)

A soma desses sistemas e como isso é engajante

As cruzadas e o sistema de gerenciamento de Cult of the Lamb, trazem uma dinâmica de jogo que é praticamente impossível de enjoar criando um ritmo que intercala em momentos de ação frenética nas cruzadas e de calmaria e estratégia no gerenciamento do culto. Essa dinâmica as vezes é quebrada quando algum personagem ou membro do culto te pede alguma missão específica, seja pescar, seja visitar uma aldeia vizinha ou até mesmo apostar em um jogo de dados, a variabilidade de conteúdos de Cult of the Lamb é impressionantemente gostosa.

E para os jogadores que não querem “perder tempo” com atividades secundárias o ritmo de jogo é interessante e gostoso por si só, pois essas interações entre o Culto e As Cruzadas e como cada uma dessas partes influencia e interage com a outra motiva o jogador a progredir em ambas as partes, seja para evoluir o culto para ficar mais forte no combate para coletar mais recursos para o culto. Toda essa dinâmica entre essas duas faces do jogo é retroativa e cada uma alimenta e evolui a outra.

Esse ritmo de Cult of the Lamb motiva o jogador a estudar e entender todos os sistemas disponíveis, e acabar uma Cruzada nunca é sobre a próxima Cruzada como na maioria dos jogos roguelike, mas é sobre como você irá evoluir o seu culto e progredir para ir na próxima expedição mais forte.

Cult of the Lamb | Review
Durante a sua jornada você encontrará vários personagens, mas nenhum tão legal quanto o peixe pescador de bigode (Imagem: Reprodução)

Vale a pena jogar Cult of the Lamb?

Cult of the Lamb é um jogo que dispensa comentários pra mim, é uma experiência divertida, engajante e que vai lhe proporcionar boas gargalhadas e bons momentos de desconforto (principalmente quando você sacrificar aquele membro fiel que lhe ajudou tanto). O jogo traz uma estética que dispensa comentários, uma trilha sonora que combina muito bem com tudo que o jogo traz (trilha essa que eu escutei enquanto escrevia essa análise). Além disso, tudo o jogo é extremamente gostoso de se jogar e de se aprofundar nos sistemas mais complexos que ele traz. Cult of the Lamb é um título indispensável para qualquer um que tenha um mínimo de interesse em cultuar um demônio enquanto cuida de animais fofinhos.

Cult of the Lamb foi publicado pela Devolver Digital e está disponível para PC, via SteamNintendo SwitchPlayStation 4, PlayStation 5Xbox One e Xbox Series X|S.

*Review Elaborada em um PC equipado com uma GTX, com código fornecido pela Devolver Digital.

Pizza Fria

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Por Matheus Feldmann, Pizza Fria

Atualizado em 21 Ago 2022.