Elden Ring é um dos melhores souls-likes já criados. O jogo consegue captar um incrível senso de liberdade e exploração, ao mesmo tempo em que entrega batalhas desafiadoras, um excelente sentimento de progressão e uma história misteriosa e bem elaborada. Mesmo após mais de dois anos desde seu lançamento, segredos ainda são descobertos, alimentando inúmeras teorias sobre os personagens e o mundo das Terras Intermédias. Como um grande fã dos jogos da FromSoftware, considero Elden Ring um dos meus favoritos, especialmente pelas qualidades que elogiei extensivamente em minha análise do jogo.
Com o anúncio da DLC Shadow of the Erdtree, minhas expectativas foram cautelosas, questionando se o estúdio conseguiria superar uma obra tão marcante. Felizmente, estamos falando da FromSoftware, conhecida por introduzir conteúdos adicionais que expandem e inovam, transformando a DLC quase em um novo jogo. Para ilustrar, a expansão Old Hunters, lançada para Bloodborne, trouxe batalhas de chefes que se tornaram as minhas favoritas na franquia até então.
Talvez você tenha notado o “até então” na frase anterior; isso porque Shadow of the Erdtree conseguiu alcançar esse topo logo nas primeiras horas de jogo. Mas estou me adiantando. Vamos começar do início nesta análise antecipada para o Pizza Fria e entender por que a nova expansão de Elden Ring não apenas expande as qualidades do jogo base, mas também introduz novas mecânicas que elevam ainda mais o que já estava muito próximo da perfeição.
Seguindo os passos de Miquella
Elden Ring é um jogo que apresentou diversos mistérios em sua narrativa. Embora muitas questões tenham sido respondidas (principalmente em vídeos de lore de 30 horas, que pessoas como eu adoram assistir) e outras permaneçam no campo das teorias, uma das figuras mais enigmáticas do jogo é Miquella. Assim, Shadow of the Erdtree promete expandir a história desse personagem e responder algumas das perguntas levantadas na história original, além de estabelecer novas questões.
No clássico estilo FromSoftware, as respostas nunca são totalmente claras. Embora eu evite detalhar a narrativa nesta análise para evitar spoilers, posso afirmar que a expansão cumpre bem seu papel nesse aspecto. Através de quests de NPCs e descrições de itens, essa nova região introduz novos conceitos e oferece diferentes perspectivas sobre os eventos da narrativa principal de Elden Ring.
Em relação às quests apresentadas, diferente do jogo base onde sentimos uma maior solidão em nosso trajeto até a Erdtree, a nova DLC introduz um senso mais forte de estarmos em uma aventura compartilhada com outros personagens. Aqui, não temos uma mesa redonda com personagens guiados pela graça, mas sim campeões espalhados pelo mundo aberto em vários locais distintos.
Podemos auxiliá-los em suas jornadas e até mesmo pedir ajuda contra chefes. Embora isso não seja totalmente novo, Shadow of the Erdtree consegue transmitir um sentimento mais intenso de que todos estão, de alguma forma, buscando o mesmo objetivo. Ao longo das missões, vários acontecimentos interessantes ocorrem. Por isso, recomendo que os jogadores prestem bastante atenção aos pedidos dos personagens, mesmo que às vezes seja fácil se perder na beleza obscura apresentada pelo Shadow Realm.
A beleza obscura da Land of Shadow
Shadow of the Erdtree é um conteúdo que exige preparo dos jogadores antes mesmo da aventura começar. Como é clássico no estilo de Hidetaka Miyazaki, para acessar a DLC, os jogadores precisam derrotar Starscourge Radahn, um dos chefes mais notáveis da campanha principal (a versão pré-patch, mais difícil que chuva no deserto, sempre terá um lugar especial no meu coração!).
Além disso, é necessário chegar ao castelo de Mohg, Lord of Blood, e derrotá-lo. Preciso admitir que existe um certo encanto em o jogo ter posicionado a expansão em uma das áreas mais secretas. Até pouco tempo atrás, menos de 40% dos jogadores haviam completado essa luta, de acordo com estatísticas de conquistas. Embora o número não seja totalmente preciso, essa escolha de design segue a tradição das DLCs anteriores da FromSoftware. Se alguém estiver lendo esta análise e enfrentando dificuldades para vencer Mogh por dias, recomendo seguir as missões do NPC Yura, que oferece um item útil para essa batalha.
Depois de derrotar o desafiador Lord of Blood, um NPC aparece ao lado do casulo de Miquella e recruta o jogador para uma aventura na Land of Shadow. Ao aceitar, a nova jornada finalmente começa, e logo de cara, os jogadores são introduzidos a uma nova região para explorar. Desde o início, fica evidente que a DLC oferece uma nova perspectiva sobre o mundo de Elden Ring. Em vez de locais brilhantes e cheios de vida que foram gradualmente corrompidos pelos eventos da narrativa, a nova região apresenta o oposto: locais sombrios com uma beleza melancólica que remete a Dark Souls e Bloodborne.
As dungeons são mais escuras e cheias de armadilhas que desafiarão os jogadores em cada passo, além de inimigos mais deformados e corrompidos do que nunca. A área inicial até introduz um chefe one-hit kill, que os jogadores são encorajados a evitar até estarem mais fortes. O que se destaca é a maneira como o jogo utiliza a obscuridade dos ambientes para o storytelling. Muitas regiões do Shadow Realm contam suas histórias trágicas antes mesmo que os jogadores interajam com NPCs e inimigos, o que expande significativamente o fator de interpretação do mundo durante a jornada. Castelos, cavernas escondidas e florestas amaldiçoadas são apenas alguns dos grandiosos locais que podem ser explorados e descobertos durante a exploração.
Novos equipamentos e um sistema de progressão inédito
Eu sei, você aí jogador veterano de Elden Ring com a sua build level 200 focada em ataques com sangramento, achou que poderia entrar na DLC já derrotando os chefes com dois ataques especiais né? Felizmente, essa ideia de festa não vai pra frente, porque Shadow of the Erdtree apresenta um sistema único de progressão que vale apenas na região do Shadow Realm. Ao entrar na nova localidade, os inimigos serão escalonados no nível do jogador, ou seja, se prepare para hit kill de alguns chefes se quiser avançar sem explorar.
Assim sendo, para os jogadores ficarem mais fortes, é preciso encontrar um item chamado de Scadutree Fragments que gradualmente aumentarão os status do personagem. Este novo sistema me agradou bastante, pois transmite realmente um sentimento que o personagem está ficando mais poderoso pelo gameplay e não necessariamente pelos números de dano e defesa subindo. Portanto, exploração é extremante essencial, até porque existem várias armas, armaduras e Ashes of War inéditas para serem descobertas no mapa.
Outro aspecto importante é que, após encontrarmos novas armas, é possível retornar ao mapa principal e fazer upgrades usando o ferreiro da Mesa Redonda. Como mencionado anteriormente, o nível dos inimigos aumentará ao voltar para a Shadow Realm, mas isso pode proporcionar a vantagem necessária para derrotar algum chefe. Além disso, os novos locais oferecem diversos materiais de crafting que permitem aos jogadores criar sebos elementais, fornecendo um dano específico para a arma, como fogo, gelo ou até sangramento.
Durante a minha exploração encontrei uma Katana Grande, que acabou sendo bem útil, já que eu estava usando uma build de Samurai. As novas Ashes of War também se destacam, introduzindo novas maneiras para os jogadores batalharem e conquistarem a vitória contra os inimigos. O game também introduz novos medalhões que aumentam os status do personagem e recomendo fortemente que os players explorem as pequenas dungeons em busca deles, pois, podem ser o fator determinando para a vitória.
As melhores lutas contra chefes já criadas pela FromSoftware
É, isso pode ser uma afirmação bem ousada, mas sinto-me confiante em dizer que Shadow of the Erdtree eleva o nível das batalhas em Elden Ring, exigindo dos jogadores um entendimento mais profundo dos oponentes. Este aspecto já estava presente em alguns chefes do jogo base, como Malenia, que desafiava diretamente o estilo padrão de jogar um souls-like, onde apenas desviar e atacar não é suficiente. É necessário pensar estrategicamente, ajustar a build e criar um plano real de abordagem para a batalha. E eu gosto muito disso nessa luta em particular. Para minha surpresa, quase todas as lutas de chefes em Shadow of the Erdtree seguem essa mesma estrutura de confronto.
Claro, nem todos os chefes serão tão desafiadores quanto Malenia, mas os oponentes apresentam variações de ataques nunca antes vistas, obrigando os jogadores a mudarem seu estilo de jogo em tempo real ou enfrentar a morte certa.
Por motivos óbvios, não darei spoilers sobre as lutas nesta análise, pois essa é uma experiência que precisa ser vivida de forma inédita. Entretanto, posso dizer que a DLC, já nos seus dois primeiros chefes principais, demonstra que as coisas mudaram. Apenas rolar e atacar não será mais suficiente, pois o oponente se adaptará, forçando o jogador a fazer o mesmo.
Por exemplo, há um chefe na DLC que, embora comece seu conjunto de movimentos totalmente focado em ataques corpo a corpo, na segunda fase passa a usar extensivamente magia. Isso torna inviável a estratégia inicial de apenas recuar e buscar aberturas. Assim, é necessário adotar uma postura mais agressiva, utilizando ataques especiais e magias. Durante minha experiência, isso foi complicado, pois criei uma build focada em combate corpo a corpo. Por isso, precisei explorar em busca de alguma magia ou ataque especial que causasse dano crítico ao chefe, para ter alguma chance de derrotá-lo.
Claro, provavelmente, em algum tempo, esses chefes serão derrotados com builds poderosas criadas pelos jogadores, mas isso não muda o fato de que Shadow of the Erdtree apresenta uma grande inovação na forma como as lutas contra chefes são estruturadas. Outro fator que já era um destaque em Elden Ring e se sobressai ainda mais aqui é o design dos chefes e seus ataques. Muitas lutas agora exigem que encontremos uma sincronia perfeita para ter alguma chance de vitória.
No entanto, o jogo impressiona tanto com os golpes dos inimigos, especialmente os ataques mágicos, que muitas vezes eu ficava mais maravilhado ao ver um ataque inédito do que frustrado por morrer. Claro, isso varia de jogador para jogador, mas é notável o cuidado que Shadow of the Erdtree tem em transformar até as lutas mais desafiadoras em verdadeiras obras de arte visuais.
Visuais e Trilha Sonora
Shadow of the Erdtree apresenta visuais impressionantes que se distinguem do jogo base ao introduzir uma atmosfera mais sombria e obscura. A tonalidade visual do título muda completamente para mostrar aos jogadores locais considerados proibidos pelos habitantes das Terras Intermédias, e o jogo consegue transmitir esse sentimento com maestria através da ambientação. Até mesmo os campos abertos conseguem ser intimidadores com inimigos escondidos, florestas tomadas por sombras que buscam atacar o jogador e pequenos detalhes, como as igrejas encontradas na região. Diferente das introduzidas pela campanha principal, essas igrejas não representam mais uma ideologia de adoração, mas sim a dominância da corrupção, evidente pela destruição que permeia esses locais.
A expansão também apresenta uma verticalidade muito maior em relação ao jogo base, com muitos itens e até áreas secretas escondidas atrás de picos altos de montanhas, topos de castelos e catacumbas que mais parecem labirintos cheios de armadilhas. A sensação de explorar e finalmente desvendar novos caminhos e chegar a áreas secretas é incrível. Embora isso já existisse em Elden Ring, Shadow of the Erdtree torna essa exploração ainda mais recompensadora com a inclusão de itens e chefes secretos.
A trilha sonora é outro fator que se destaca de forma impressionante na expansão. A FromSoftware nunca decepciona quando o assunto é trilha sonora épica, mas aqui, é outro nível. Principalmente nas lutas contra chefes, as faixas tornam a luta ainda mais impressionante, destacando-se pelas mudanças bruscas durante as transições de fases dos bosses. Um trabalho tão impressionante foi realizado que até mesmo as lutas em dungeons contra mini-chefes apresentam músicas únicas.
Desempenho
Minha experiência foi no PlayStation 5. O jogo não apresenta mudanças significativas em relação ao jogo base, oferecendo dois modos: Qualidade e Desempenho. O primeiro modo apresenta gráficos em 4K travados em 30 FPS, além da possibilidade de ativar Ray Tracing, que introduz sombras mais realistas. Já no modo Desempenho, a alta resolução é mantida com o framerate destravado, variando entre 50 e 60 FPS. O desempenho foi bem estável durante minha jornada, mesmo em localidades com vários efeitos de partículas. Além disso, não enfrentei problemas relacionados a travamentos ou bugs.
Vale a pena comprar Elden Ring Shadow of the Erdtree?
Shadow of the Erdtree apresenta uma significativa evolução em relação ao jogo base. A expansão não só amplia os aspectos que já funcionavam bem em Elden Ring, como também inova nos melhores elementos do jogo, incluindo exploração, construção de builds e, principalmente, as batalhas contra chefes. O título impressiona ao entregar uma atmosfera sombria e distinta da experimentada anteriormente, proporcionando uma sensação renovada de descoberta durante a exploração e os confrontos.
A verdadeira joia da expansão são as boss fights, que elevam a jornada a um ápice inédito nos jogos da FromSoftware. As batalhas são mais épicas e desafiadoras do que nunca, exigindo que os jogadores se adaptem e utilizem novas táticas em tempo real. Esta abordagem torna Shadow of the Erdtree um dos melhores exemplos do gênero, destacando-se pela inovação e pela profundidade das lutas contra chefes.
A ambientação da expansão também merece menção, com locais que transmitem um sentimento de proibição e perigo através de sua estética sombria e detalhada. Campos abertos intimidadores, florestas escuras e igrejas corrompidas criam um cenário que enriquece ainda mais a narrativa do jogo.
Combinando uma trilha sonora épica que intensifica as batalhas e um desempenho sólido no PlayStation 5, Shadow of the Erdtree mantém a tradição de excelência da FromSoftware e eleva a experiência de jogo a novos patamares, se tornando uma das melhores expansões do gênero.
Elden Ring Shadow of the Erdtree será lançado no dia 20 de junho para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Steam. O expansão suportará Smart Delivery em consoles Xbox, assim como uma atualização gratuita para o PS5 para jogadores que comprarem a versão de PS4.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Bandai Nanco.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Leandro Paiva, Pizza Fria
Atualizado em 18 Jun 2024.