Guia da Semana

GYLT é um jogo pouco conhecido no Brasil, mas que já existe desde 2019, quando foi lançado como um exclusivo do Google Stadia. Com o fim da plataforma no ano passado, o título foi anunciado para PC e consoles, chegando no próximo dia 6. Desenvolvido e publicado pela Tequila Works, em parceria com a Parallel Circles, o game conta a história de Sally, uma jovem adolescente, que parte em uma busca por sua prima Emily, desaparecida há um mês.

Antes de começarmos essa review, é importante frisar que GYLT é um jogo de terror, mas que aborda um tema cotidiano para muitas crianças e adolescentes mundo à fora: o bullying. Logo, de uma forma poética, o título entrega uma experiência narrativa e visual incrível, mas que pode não entregar tanto assim ao considerarmos elementos de gameplay. Quer saber o que achei? Vem comigo em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

Uma narrativa perturbadoramente sombria

GYLT segue a história de Sally, uma jovem garota que se encontra em um mundo sombrio e assustador enquanto procura por sua prima desaparecida, Emily. Sally chega a sua cidade natal, Bethelwood, mas que está bem diferente, mergulhada em um pesadelo sombrio e repleta de criaturas grotescas. À medida que exploramos os arredores, percebemos que a cidade, na verdade, é um reflexo distorcido dos próprios medos e traumas internos da personagem.

Isso porque, como disse acima, a temática do bullying desempenha um papel importante na narrativa de GYLT. Tanto Sally quanto Emily são vítimas de bullying, e o jogo explora as consequências emocionais e psicológicas dessa experiência. O game aborda esses temas de maneira sensível, trazendo à tona os traumas e desafios enfrentados pelas personagens.

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Pois é, Sally, eu te entendo… (Imagem: Reprodução)

Isso acontece através de mensagens e elementos presentes no cenário, que são usados para contar parte da narrativa. Esses elementos incluem diários, quadros e outros objetos encontrados ao longo da jornada de Sally. Eles fornecem informações adicionais sobre a história, as memórias das personagens e ajudam a construir o enredo.

Além disso, a relação entre Sally e Emily é um aspecto fundamental da história de GYLT. Enquanto Sally busca encontrar sua prima, a história explora os laços de amizade e apoio entre as duas personagens. Essa relação serve como um motor emocional para a jornada de Sally e adiciona um elemento de conexão pessoal à narrativa.

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Cenas como essas são vistas em GYLT. E é de partir o coração (Imagem: Reprodução)

Um gameplay simples

GYLT é um jogo relativamente simples, que se escora, principalmente, em sua narrativa. Baseado praticamente na furtividade, GYLT enfatiza a necessidade de se esgueirar e evitar confrontos diretos com os monstros do mundo desde o começo. Para isso, os jogadores devem usar o ambiente ao seu favor, evitando serem detectados enquanto exploram os cenários.

Por outro lado, apesar da furtividade ser incentivada, há momentos em que o combate se torna necessário. Ele é feito através de uma lanterna, que encontramos ainda na primeira hora, em que Sally pode disparara feixes de luz nos pontos fracos dos inimigos e eliminá-los. Isso é adequado, principalmente, em momentos de “apuros”, já que o combate é desencorajado, os inimigos causam grande dano e o ideal é eliminá-los de surpresa, nos aproximando por trás e dando um golpe certeiro, desde que tenhamos bateria.

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Uma das formas de derrotar os inimigos em GYLT é atingir os pontos fracos (Imagem: Reprodução)

Isso nos leva a falar de uma sacada genial incorporada por GYLT, que é o gerenciamento dos recursos. Por mais que isso seja algo bem comum em jogos de terror, a nossa barra de vida é, na verdade, sinalizada por bombinhas de asma (eu te entendo muito, Sally!), enquanto as baterias da lanterna são as munições que usamos no combate. Isso adiciona um aspecto estratégico ao gameplay, fazendo com que os jogadores decidam quando e onde usar seus recursos.

Soma-se a isso os diversos puzzles ambientais que encontramos ao longo de GYLT. Eles não são difíceis, sendo que na maioria das vezes são resolvidos por observação do cenário, como mover escadas, desligar energia, ou encontrar uma sequência correta de botões para liberar a vazão de um bueiro. Em alguns momentos, é simplesmente tentativa e erro até conseguir.

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Com uma inteligência limitada, como quem faz bullying, os inimigos de GYLT fazem movimentos repetitivos (Imagem: Divulgação)

Visualmente competente

GYLT apresenta um estilo visual marcante e estilizado. Os cenários e personagens são criados com atenção aos detalhes, e o jogo utiliza uma paleta de cores que contribui para a atmosfera sombria e assustadora do mundo alternativo. O estilo visual cria uma estética única que complementa a narrativa e o tom geral da experiência. Isso porque o título utiliza cutscenes para contar parte da narrativa, apresentando-as de forma semelhante a histórias em quadrinhos. Essa abordagem visual adiciona um toque interessante à apresentação do enredo. No entanto, algumas transições acabaram mal executadas entre cutscenes e o gameplay de fato.

No entanto, GYLT possui uma ambientação intrigante, com cenários que representam uma versão distorcida da escola de Sally e partes da cidade de Bethelwood. A qualidade da composição dos cenários é eficiente, variada, e eles refletem a realidade alternativa e a temática de pesadelos presentes no jogo. Esses cenários são explorados pelos jogadores durante a jornada de Sally, oferecendo uma imersão visual na narrativa.

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O visual fofinho de Sally contrasta com ambientes escuros e uma trilha sonora eficaz e perturbadora (Imagem: Divulgação)

No quesito sonoro, tanto a trilha quanto os efeitos são competentes, e contribuem para a ambientação. A trilha combina elementos típicos de games de suspense, ajudando a criar uma atmosfera tensa e envolvente, enquanto os efeitos aprimoram a imersão do jogador no mundo do jogo, criando uma sensação de perturbação e intensidade.

Por fim, é importante ressaltar que o GYLT chegou dublado em inglês e legendas em português de Portugal, não havendo nenhuma opção in-game, ao menos no PlayStation 5, para alterar essa opção. A única possibilidade de idioma é desligar as legendas, e a única configuração de vídeo possível é relacionada ao HDR. Pontos negativos, de fato.

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A escola é onde boa parte da narrativa se passa (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar GYLT?

GYLT é uma aventura narrativa envolvente, que combina uma estética visual marcante, uma trilha sonora adequada e uma história que aborda temas emocionais e importantes. O gameplay é enfatizando a furtividade. O título ainda traz um combate, ainda que limitado, e quebra-cabeças ambientais variados. De uma forma geral, embora algumas mecânicas possam parecer simples demais, a história e os elementos audiovisuais compensam, criando uma atmosfera intrigante. Se você está em busca de uma experiência sombria e reflexiva, GYLT, que será lançado no dia 6 de julho para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox OnePC, via Steam, pode ser uma ótima escolha.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Tequila Works.

Pizza Fria

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Por Lucas Soares, Pizza Fria

Atualizado em 4 Jul 2023.