Guia da Semana

Shadows of the Damned: Hella Remastered é um jogo de tiro em terceira pessoa, fortemente inspirado no macabro e no rock and roll, desenvolvido e publicado pela GRASSHOPPER MANUFACTURE INC. Nele, acompanhamos a jornada de um homem apaixonado, e positivamente furioso, que vai até as profundezas do inferno em busca de sua amada.

E aí, será que vale a pena acompanharmos esse rolê? É o que veremos agora, em mais uma análise totalmente excelente do Pizza Fria.

Até que a morte nos separe

Devo dizer, leitores e leitoras desse canto maravilhoso da grande rede de computadores, que acredito estar vivendo em um universo paralelo. Ou, talvez, que os vultos que rondam minha casa decidiram me levar para uma outra realidade, na qual diversos sonhos se materializam e tudo é feliz, cheio de unicórnios e fofuras. Ou quase, de todo modo. E não digo isso apenas para expressar minha excentricidade, longe disso.

Começo essa análise com essa conversa maluca porque dois grandes desejos do fundo de meu coração foram realizados este ano. Primeiro, um remaster de Lollipop Chainsaw e, agora, uma versão renovada de Shadows of the Damned. De fato, só me falta uma quantidade absurda de dinheiro no bolso e um remake de Godhand para que eu seja um camarada totalmente realizado. Dedos cruzados e pensamentos positivos, caros emocionados e emocionadas.

E quem diria, não é mesmo? Admito que me surpreendi ao saber do lançamento de Shadows of the Damned: Hella Remastered, em grande parte por me lembrar de que o jogo era decididamente cult, em muito devido ao fato de não ter vendido uma quantidade absurda de cópias. Contudo, isso não muda o fato de que a colaboração feita pelos gigantes Suda 51, Shinji Mikami e Akira Yamaoka não seja deveras supimpa. E é disso, minha gente, que falaremos agora.

Shadows of the Damned: Hella Remastered
Os rapazes estão de volta. (Imagem: Divulgação)

História

Shadows of the Damned: Hella Remastered conta as desventuras de Garcia Hotspur, um caçador de demônios que se encontra em uma situação realmente deplorável. Após chegar em casa, depois de um dia sanguinolento de trabalho, nosso chegado vê sua namorada Paula sendo arrastada até o inferno por Fleming, um diabão de marca maior. Agora, ao lado da caveira falante Johnson, Garcia pula de cabeça em um portal e sai quebrando tudo no reino das trevas enquanto procura salvar sua amada.

A trama do jogo é bem simples e direta, com a maior parte do desenvolvimento focando no relacionamento entre Garcia e Johnson, nas histórias de alguns dos chefes e na construção da atmosfera rock and roll do jogo. Além dos visuais e referências, como nomes de músicas de Joy Division nas roupas de nosso protagonista, o game constrói muito bem uma versão bem sombria e estilosa das terras do fogo e enxofre.

Outro ponto marcante de Shadows of the Damned: Hella Remastered, que foi lançado originalmente em 2011, são as diversas piadas e até mecânicas, de certa forma, focadas em uma determinada parte da anatomia masculina. Admito que elas são até que bem engraçadas mas, conforme podemos ver também em opiniões da época em que o título saiu, por vezes acabam errando um pouquinho a mão. É legal rir das implicações de Johnson e das diversas formas que ele toma, mas após a décima vez acaba por ficar um pouquinho puxado demais.

Em suma, Shadows of the Damned: Hella Remastered apresenta um universo interessante que se sustenta muito mais na força de seus protagonistas e suas interações, sejam entre eles ou com o mundo que os cerca, do que em desenvolvimentos mirabolantes de sua trama ou em propor questões filosóficas e morais que farão o jogador lançar o controle para o alto e ponderar sobre o sentido da vida.

Shadows of the Damned: Hella Remastered
Pobre Paula. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Shadows of the Damned: Hella Remastered é um jogo de tiro em terceira pessoa, que mostra o quanto Shinji Mikami conheci do assunto. Ele traz consigo muito do DNA de um de seus magnum opus, a versão original de Resident Evil 4, oferecendo controles por cima do ombro, um monte de inimigos para enfrentar, armas divertidas de usar e uma ação que nunca deixa a peteca cair.

Mas, vamos por partes. Nosso tempo com o jogo, falando de maneira geral, é dividido entre duas seções. As primeiras mais calmas, nas quais exploramos os cenários, geralmente lineares, enquanto ouvimos as conversas de Johnson e Garcia. As segundas, e mais divertidas em minha humilde opinião, focadas no tiroteio desenfreado, no qual precisamos utilizar todo nosso arsenal para evitar que nosso caçador favorito vire comida de demônio.

Shadows of the Damned: Hella Remastered conta com controles bem precisos, que nos permitem mirar, atirar, usar golpes físicos, uma finalização no chão e um tiro especial, chamado Light Shot, para atordoar inimigos e evitar que a escuridão atrapalhe a vida de Garcia. Veja, ela é extremamente nociva, drenando rapidamente nossa vida e fazendo com que até o inimigo mais fraco se torne uma ameaça real.

Esse lance da escuridão é bem interessante, tornando-se um diferencial para o título e modificando algumas seções de maneira bem singular. Por exemplo, certos momentos nos obrigam a ficar dentro dela, tomando dano, para acertamos os pontos fracos de alguns chefes (que são bem legais de enfrentar) ou abrir certas portas. Não é super complexo, mas ajuda a variar o momento a momento do jogo.

Shadows of the Damned: Hella Remastered
Tem uma lanterna aí, meu iluminado? (Imagem: Divulgação)

Outra estrela de Shadows of the Damned: Hella Remastered é Johnson, caveira piadista e arma fenomenal. Nosso camarada pode tomar quatro formas diferentes, sendo uma para dano físico e outras três para distância, cada qual com uma série de melhorias tanto de atributos (usando gemas encontradas nas fases) quanto de funcionalidades. Temos um revolver que pode colocar minas, uma metralhadora com vários canos e uma escopeta com tiro carregável. Todas bem legais de usar e que causam um estrago nos inimigos. Aliás, muitos deles possuem partes que podem ser destruídas. Mire nas pernas e seja feliz.

Em se tratando de novas funcionalidades, contudo, o título deixa um pouco a desejar. Salvo novas roupas, inclusive uma sem jaqueta mostrando várias tatuagens legais do protagonista, e um novo modo new game plus, o título não inova muito. Temos gráficos com um scaling aprimorada para a nova geração e poucas coisas mais. Além disso, não consegui encontrar em nenhum lugar uma forma de customizar as opções gráficas do jogo.

Em suma, diria que o aspecto da jogabilidade de Shadows of the Damned: Hella Remastered se mantém interessante mais pela força do material original do que por conta de novidades que tenham sido implementadas, como é o caso de títulos similares que chegam com novos conteúdos e melhorias de vida. Isso, em minha opinião, foi uma oportunidade perdida.

Shadows of the Damned: Hella Remastered
Onde é que eu estou, mesmo? (Imagem: Divulgação)[

Sons e Visuais

Shadows of the Damned: Hella Remastered possui visuais bem legais, mais por sua estética e design de personagens do que pela potência gráfica propriamente dita. Temos personalidades marcantes, inimigos bizarros e um inferno muito bem construído e realizado, com diversas temáticas. Contudo, o jogo ainda parece um título da década passada, salvo poucas melhorias, e veio sem nossa legenda nacional.

A trilha sonora, por outro lado, é de matar. Akira Yamaoka segue sendo um mestre, criando músicas que lembram seus trabalhos em Silent Hill com uma pegada decididamente mais punk, mostrando as ideias de Suda 51. Continuo gostando o mesmo tanto que na primeira vez que ouvi treze anos atrás (que fase) e acredito que deverá agradar muito a todos vocês. De negativo, a ausência de legendas em português do Brasil.

Shadows of the Damned: Hella Remastered
Mãos para o alto, feioso. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Shadows of the Damned: Hella Remastered?

Shadows of the Damned: Hella Remastered é um remaster que eu esperava bastante, não vou negar para vocês. Como um cara que amou o original, fiquei bem contente de poder jogar em plataformas mais novas, sem precisar desenterrar meu PlayStation 3 da caixa em que o guardo, debaixo do concreto do porão. Contudo, nem tudo foi como eu esperava.

Do lado positivo, o jogo continua sendo uma beleza de jogar, cheio de estilo, super divertido e com uma trilha sonora de quebrar. Atirar continua sendo bem impactante e satisfatório, e as diferentes armas, chefes e inimigos sempre nos deixam animados para o próximo confronto. Contudo, senti que essa versão poderia trazer mais melhorias e novidades, por mais que o jogo base se mantenha forte apesar dos problemas originais.

De todo modo, ainda recomendaria Shadows of the Damned: Hella Remastered para todos os públicos. Os que já jogaram, como eu, poderão ter a oportunidade de reviver um clássico. E os desconhecidos, finalmente, poderão viver as presepadas de Garcia e Johnson. O jogo não é perfeito, longe disso. Mas foi feito com tanto esmero e pasión que seria um pecado não jogar para , ao menos, para conhecer.

Shadows of the Damned: Hella Remastered chega no dia 31 de outubro para PlayStation 5, PlayStation 4Xbox Series X|S, Xbox OnePC, via Steam, e Nintendo Switch.

*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela GRASSHOPPER MANUFACTURE INC..

Pizza Fria

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Por Matheus Jenevain, Pizza Fria

Atualizado em 24 Out 2024.