Guia da Semana

Recentemente, fui convidado para mergulhar no universo sombrio de Witchfire, a convite da desenvolvedora The Astronauts. Decidi então explorar o jogo e seus sistemas, que estão disponíveis em acesso antecipado na Epic Games Store.

Witchfire é um jogo singular e desafiador de se definir, mas, para não me alongar, posso dizer que é um Roguelike de tiro em primeira pessoa com elementos dos jogos Soulslike e Extraction Looters. Sinceramente, essa premissa já foi suficiente para capturar meu interesse, mas o que realmente agrega valor é a ambientação Dark Fantasy. A combinação de armas, magias, espadas e monstros, aliada a gráficos e efeitos especiais de tirar o fôlego, cria um título que, ao menos à primeira vista, é extremamente atraente para qualquer um que tenha visto o jogo em grandes eventos.

Mas será que essa abordagem inovadora de gameplay e os impressionantes gráficos resultam em uma experiência satisfatória? Ou será apenas uma “capa bonita” para o jogo? Foi isso que me propus a descobrir durante o acesso antecipado de Witchfire, em mais uma preview do Pizza Fria!

O combate em Witchfire é de tirar o fôlego

Como mencionei anteriormente, Witchfire combina diversos gêneros em uma tentativa de criar algo distinto. No entanto, em sua essência, é um jogo de tiro em primeira pessoa que acerta em cheio: o combate é, sem dúvida, o ponto alto do jogo até o momento. Cada arma tem um funcionamento diferente e único, que se transforma à medida que você progride e evolui, mudando não apenas em números, mas no próprio gameplay. Por exemplo, a metralhadora no nível dois possui um sistema de aquecimento que, se bem gerenciado, pode aumentar significativamente o dano.

O jogo também dispõe de uma variedade de magias, divididas entre fortes e fracas. As fortes são devastadoras com um tempo de recarga longo, enquanto as fracas podem ser utilizadas com mais frequência, geralmente agregando mais à dinâmica do combate do que ao poder puro. Aliadas às armas, as magias conferem ao jogador uma mobilidade incrivelmente alta, digna de comparação com jogos como DOOM ou Ultrakill.

A combinação dessas mecânicas cria uma experiência de combate única e cativante, perfeita para fãs de jogos de tiro intensos.

Witchfire
Além de prazeroso, o combate em Witchfire é visualmente impressionante. (Imagem: Divulgação)

Como funciona Witchfire?

Um bom combate é essencial, mas para sustentar o interesse dos jogadores, é necessário também ter sistemas e uma estrutura de gameplay que sejam funcionais e divertidos. Witchfire segue uma estrutura semelhante à de outros jogos Roguelike do mercado atual. Nele, você possui uma base onde pode aprimorar habilidades, armas e desenvolver seu personagem antes de embarcar em uma expedição.

As expedições em Witchfire assemelham-se a jogos de extração, como Escape From Tarkov: você entra em um mapa fixo em busca de recursos. Embora o mapa não seja gerado de forma procedural, os eventos que ocorrem são. Isso significa que cada partida é única devido às variações na disposição dos inimigos, mini-chefes e baús. Geralmente, esses eventos consistem em uma horda de inimigos com dificuldades variando entre fácil, médio e difícil, mas também incluem outros tipos de desafios, como enfrentar um mini-chefe.

Ao completar esses eventos, você recebe upgrades poderosos que valem apenas durante aquela partida. Derrotar inimigos e abrir baús garante a moeda do jogo chamada Witchfire, utilizada para melhorar seus equipamentos na base. Essa moeda é similar às “souls” da franquia Dark Souls: se você morrer, todas as Witchfires caem no chão e devem ser recuperadas na partida seguinte. No entanto, o jogo introduz um elemento de Extraction Looter, com portais espalhados pelo mapa que funcionam como pontos de saída. Ao usá-los, você salva suas Witchfires acumuladas para gastar na base.

O objetivo em cada mapa é derrotar um grande Chefe, marcado no local, que apresenta um desafio considerável e exige preparação cuidadosa. Atualmente, o jogo dispõe de apenas dois mapas e dois chefes, o que pode parecer limitado.

Witchfire
Além disso, Witchfire também oferece uma narrativa envolvente e uma construção de mundo interessante. (Imagem: Reprodução)

Porém…

Apesar da ideia intrigante de mesclar diferentes gêneros, a execução não resultou em uma experiência totalmente agradável para mim. Em teoria, a proposta era atraente, mas na prática, a diversão de Witchfire reside quase que exclusivamente no combate. A estrutura de risco e recompensa do jogo incentiva um estilo de jogo lento e cauteloso para evitar a perda de upgrades, já que a morte implica na perda de todo o progresso daquela sessão, a menos que você retorne para recuperá-lo. Lembra-se de que os eventos do mapa são gerados proceduralmente?

Muitas vezes, encontrei um evento extremamente difícil bloqueando meus recursos, tornando-os inacessíveis no início e forçando-me a iniciar uma nova partida para fortalecer meu personagem antes de tentar recuperar os recursos da partida anterior — isso se eu não morresse no processo.

Essa foi apenas uma das várias dificuldades que enfrentei durante o tempo que passei jogando. Além dos diversos bugs, que não mencionarei detalhadamente por serem esperados em um acesso antecipado, o jogo se mostra extremamente desafiador e punitivo. Os inimigos causam muito dano e a escassez de itens de cura praticamente não permite erros.

Minha experiência geral com Witchfire foi bastante frustrante, influenciada tanto pela estrutura do jogo quanto pela dificuldade e pela falta de recursos que realmente auxiliem durante a partida. Contudo, preciso dizer que adorei o combate do jogo, que foi um dos mais satisfatórios que joguei este ano em primeira pessoa.

Witchfire
Apesar dos contratempos, o combate do jogo sustenta a experiência até o fim. (Imagem: Divulgação)

O que esperar de Witchfire?

Witchfire desponta como um título de grande potencial: seus gráficos estonteantes, um universo cativante e uma ambientação meticulosamente criada se destacam e, aliados a um sistema de combate excepcional, têm tudo para consolidar o jogo como um dos melhores roguelikes dos últimos anos. No entanto, por ora, a escassez de variabilidade, a falta de opções de acessibilidade e certos problemas estruturais resultam em uma experiência mais frustrante do que prazerosa. É lamentável, pois Witchfire possui um potencial enorme, mas parece que, no momento, é como uma obra de arte com uma aparência esplêndida e uma execução que deixa a desejar.

Witchfire foi lançado no dia 20 de setembro e está disponível somente para PC, via Epic Games Store, em acesso antecipado.

*Preview elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela The Astronauts.

Pizza Fria

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Por Matheus Feldmann, Pizza Fria

Atualizado em 6 Nov 2023.