A zona oeste do Rio de Janeiro foi palco, no final dos anos 1990, de um ambicioso projeto de entretenimento: o Terra Encantada. O parque, que buscava ser uma versão brasileira da Disney, foi inaugurado em 1998 na Barra da Tijuca.
Prometendo diversão e modernidade em uma área de 300 mil metros quadrados, o empreendimento atraía olhares de investidores e entusiasmo do público. Contudo, o sonho se desfez em pouco mais de uma década, culminando no encerramento das atividades e demolição total do espaço em 2016.
Com um orçamento inicial de US$ 235 milhões, o Terra Encantada nasceu com a proposta de se consolidar como referência na América Latina, afirma o site Terra. A promessa era atrair 3,5 milhões de visitantes por ano, gerando uma receita anual de cerca de US$ 70 milhões apenas com ingressos.
O projeto atraiu o apoio de grandes nomes nacionais e internacionais, incluindo Garoto, Coca-Cola e Petrobras, além de bancos como o BNDES e o Bank of America. No total, empresas e investidores injetaram bolsas de milhões de dólares para erguer o parque.
No entanto, o brilho inicial escondeu os problemas que surgiram desde o começo. A apresentação, marcada para outubro de 1997, foi adiada e aconteceu apenas em janeiro de 1998, com menos da metade das lojas e atrações em funcionamento.
Apesar do potencial, a gestão do Terra Encantada sofreu dificuldades desde a abertura. O parque começou a operar com um número limitado de brinquedos e algumas das atrações anunciadas nunca saíram do papel. A ideia era criar um espaço que celebrasse a cultura brasileira, com personagens inspirados em lendas e animais nativos, mas a execução ficou aquém do esperado.
A experiência dos visitantes logo foi marcada por falhas e críticas. Comentários negativos e denúncias de propaganda enganosa passaram a circular, e a falta de manutenção das atrações se tornaram evidentes. A situação se agravou com incidentes que mancharam a confiança do parque.
Logo no primeiro mês de funcionamento, um grave acidente envolveu a atriz Ísis de Oliveira, que sofreu um ferimento na coluna ao utilizar a atração “Cabum”, uma torre de queda livre de 67 metros.
Outros episódios também ajudaram para a má reputação da imagem do parque. Em 2002, uma briga durante um show da banda Charlie Brown Jr. terminou em vandalismo, com várias lojas saqueadas. Dois anos depois, um balão que caiu na área do parque provocou um incêndio, destruindo a tematização da estação da montanha-russa Monte Makaya.
A tragédia mais marcante aconteceu em 2005, quando um jovem sofreu traumatismo craniano após cair de uma atração. Em 2010, um acidente fatal colocou fim às operações: Heydiara Lemos Ribeiro, de 61 anos, morreu após cair da Monte Aurora, encerrando de vez as atividades do Terra Encantada.
Em 2013, o terreno foi adquirido pelas construtoras Queiroz Galvão e Cyrela por cerca de R$ 1,5 bilhão, iniciando um novo ciclo de especulação imobiliária.
Em 2015, os brinquedos do parque começaram a ser desmontados, e no ano seguinte, o espaço foi completamente demolido. Hoje, o parque permanece apenas na memória de quem vivenciou seus momentos.
Confira:
Por Gabrielly Bento
Atualizado em 29 Out 2024.