Guia da Semana

Acaba de chegar em Pinheiros o Restaurante Preto, que traz da Bahia memórias comestíveis, produtos artesanais e um pouco de amor numa cadência. Cheia de plantas, luz e paredes brancas – da rampa da entrada à “praia” do jardim, passando pelos salões do restaurante e pelo bar-galeria de arte, a casa permite saborear cafezinhos com quitutes debaixo de uma árvore do quintal e coquetéis e petiscos nos arredores do balcão e das obras de arte, além de se deliciar com pratos afro-brasileiros, carinhosos e sustentáveis em todas as mesas.

Aos sabores saudosos soma-se a sustentabilidade. Vai daí uma cozinha de poucos ingredientes base, usados integralmente em diversos processos, obtidos de produtores responsáveis e que, ao cabo, geram pouquíssimos resíduos. Por exemplo, da raiz à folha, sem menosprezar o talo, tudo do coentro é porcionado a vácuo em saquinhos de fécula de mandioca para que sua vida seja prolongada. O coco rende leite e lascas. A tapioca da Feira de São Joaquim é vista como iguaria exclusiva do pudim com pé de moleque.


Foto: Divulgação (via assessoria de imprensa - Comidah)

Já o camarão seco é um episódio à parte: pescado somente na lua nova se tiver tamanho maior que um dedo indicador por uma comunidade ribeirinha de Saubara, no Recôncavo, ele é defumado suavemente dentro de uma oca com brasas de aroeira. Quando chega ao Preto, não é visto como proteína, mas como tempero intransponível. Dessa mesma vizinhança vem o dendê de manufatura, que dá cor e intensidade a diversas receitas sem cair no clichê gastronômico de panelas fumegantes. Aliás, não há clichês nas apostas da casa.


Foto: Divulgação (via assessoria de imprensa - Comidah)

Ali, o arroz caldoso de xinxim de galinha traz farofa de banana para criar “cimento”; a polenta com açafrão real e coco tem ossoubuco cozido longuissimamente; a feijoada branca é de frutos do mar e o Balaio de Gato, uma tábua com tentáculo de polvo, camarão, lula, mexilhão, filé de peixe e legumes assados na brasa, servidos sobre aipim frito e cuscuz de milho, foi montada para ser festivamente compartilhada.


Foto: Divulgação (via assessoria de imprensa - Comidah)

As escolhas cuidadosas aparecem igualmente na carta de drinks, assinada por Christopher Carijó, e se evidenciam no Pancadinha, feito com batida de coco, rum e limão siciliano acompanhada de cocada, no Boca de Zero Nove, que leva gin, limão galego, toque de alecrim, canela e laranja servido em taça defumada) e no Miserê, com gin, dendê, vermute, infusão de laranja bahia e noz-moscada.


Foto: Divulgação (via assessoria de imprensa - Comidah)

Os horários refletem a mesma filosofia: as portas não se fecham entre almoço e de segunda a segunda. Aos finais de semana, a casa abre um pouquinho mais cedo, com um brunch que inclui provocações como a Maria Bonita, um croque madame com requeijão de corte, presunto fresco, bechamel e ovo escalfado, o Zé Pequeno, feito com queijo canastra quente e bechamel e a Panqueca de Filme, com frutas e melaço de cana.

SERVIÇO

Endereço: Rua Fradique Coutinho, 276 – Pinheiros |
Horário de funcionamento: segunda, das 12h às 23h | quarta e quinta, das 12h às 23h | sexta, das 12h à 0h | domingo, das 10h às 20h

Por Amanda Matos

Atualizado em 25 Mai 2022.