O jogo The Plucky Squire, conhecido no Brasil como O Escudeiro Valente, foi revelado em 2022 e rapidamente capturou a atenção do público e da crítica. Com visuais impressionantes e um estilo de gameplay que promete combinar elementos 2D e 3D, além da capacidade de viver e modificar uma história de conto de fadas, o game despertou meu interesse.
A convite da Devolver Digital, pude jogar O Escudeiro Valente antecipadamente e, depois de quase 10 horas de gameplay, tenho muito a dizer sobre o game desenvolvido pela All Possible Futures, que exala criatividade. Os detalhes você confere agora, em mais uma análise antecipada Pizza Fria!
Era uma vez…
Eu escrevi sobre O Escudeiro Valente em agosto deste ano, quando, a convite da Devolver Digital, pude conferir os quatro primeiros capítulos do game. Na ocasião, ressaltei que era o jogo mais criativo que tinha jogado até então, e após quase 10 horas para concluir o game, reafirmo essa opinião. Os demais capítulos do game da All Possible Futures seguem surpreendendo, oferecendo novas mecânicas de gameplay e até mesmo trazendo algumas surpresas inesperadas na narrativa.
A ideia por trás de O Escudeiro Valente é levar o jogador para o coração de uma narrativa literária, que mais parece um conto de fadas, e é completamente jogável. Isso é executado com êxito. O protagonista é Pontinho, o Escudeiro Valente, habitante do Reino de Mana, um local de criatividade, como bem apontado pelo próprio livro. Acompanhado de seus leais amigos, Violeta e Batera, e sob a orientação do mago Barbaluar, o trio embarca em uma missão que parece inofensiva: investigar a origem de misteriosos raios verdes e confrontar o poderoso mago Enfezaldo, suspeito de estar por trás desses eventos.
De fato, Enfezaldo é o responsável por toda essa confusão, mas ele é mais astuto do que pensamos. Ao descobrir que é um personagem de um livro, Enfezaldo encontrou o livro O Escudeiro Valente dentro do próprio livro e, ao perceber que era o antagonista que sempre seria derrotado pelo Pontinho, conjurou um feitiço para banir nosso herói de sua própria trama! Imperdoável, certo? É assim que começa esta narrativa, que se desenrola nos dois primeiros capítulos do jogo.
A partir daí, Pontinho ora se encontra fora do livro, ora dentro dele. Os cenários são bastante dinâmicos e variam muito. No interior do livro, o game é predominantemente uma plataforma 2D. A câmera geralmente adota uma visão aérea, mas há páginas (que funcionam como mapas) dispostas vertical e horizontalmente, alterando a perspectiva do título para uma visão lateral. Quando Pontinho sai do livro, a perspectiva muda para 3D e visitamos a bancada de Sam, um fã de Pontinho e do livro protagonizado por ele, e parte importante da narrativa contada no game.
Isso é fascinante pela maneira como O Escudeiro Valente desenvolve sua narrativa. O título constantemente quebra a “quarta parede”, com Pontinho deixando o livro, mas retornando depois de obter um artefato, o que como já disse, adiciona um humor sutil à história que parece vir de um conto de fadas, mas com um gameplay muito agradável. As mecânicas de jogo são bastante diversificadas devido a essas diferentes perspectivas. Fora do livro, Pontinho só possui poderes quando armado com sua espada – quando está sem ela, deve se esgueirar e não ser visto por inimigos – em trechos que lembram bastante Little Nightmares.
Dentro do livro, por outro lado, a maior parte do gameplay é linear, com exploração e resolução de puzzles, indo e voltando das páginas para encontrar algum item útil, ou mesmo fazendo essa transição indo por fora dele. Entre os artefatos adquiridos por Pontinho estão manoplas, que permite que ele passe as páginas ou incline os livros, além de carimbos, que auxiliam em impedir que determinados objetos se movam, ou mesmo o “carimbomba”, que permite carimbar uma bomba no livro, e explodir determinado ambiente e avançar na narrativa.
O sistema de combate é bastante tradicional e não apresenta grandes inovações: utilizamos a espada para atacar, aprendemos novas habilidades, como golpes à distância, e o HP é representado por um coração dividido em barras. Contudo, o jogo surpreende em certos momentos com mecânicas interessantes, provocando um sorriso com algumas reviravoltas. Por exemplo, no primeiro capítulo, enfrentamos um chefe em uma luta de boxe – o que também acontece em um momento específico ao fim da história. Já no quarto capítulo, a batalha se desenrola em uma carta, remetendo aos clássicos RPGs de turnos. Quando precisamos acionar nossos companheiros, Batera e Violeta, ambos também temos mecânicas de gameplay que remetem aos games clássicos.
O Escudeiro Valente também separa alguns trechos interessantes, também dentro do livro. Ao fim do jogo, há uma mudança inesperada na narrativa, o que afeta toda a estética do título, e é curioso como a All Possible Futures criou esse movimento. Uma pena que, para quem não domina o inglês, esse trecho pode acabar um pouco perdido no entendimento e contexto da narrativa. Mas é fantástico!
Audiovisual impactante
Ponderados os principais elementos de gameplay, é hora de falar do aspecto audiovisual de O Escudeiro Valente. E como o game é agradável aos olhos e ouvidos. A arte é leve, criativa e divertida, enquanto a trilha sonora compõe bem todos os momentos de gameplay. O ápice para os brasileiros fica por conta da dublagem em momentos impactantes do jogo, com uma excelente atuação de Mauro Ramos (dublador de Shrek e Pumba, por exemplo) que nos encanta. O desempenho do título também é excelente. Jogando em uma RTX 2080, o game suportou a resolução 4K com a qualidade gráfica no Épico acima dos 60 FPS em todos os momentos, incluindo aqueles de transição entre os mundos 2D e 3D.
Vale a pena comprar O Escudeiro Valente (The Plucky Squire)?
E aí, pessoal, será que O Escudeiro Valente (The Plucky Squire) merece um lugar na sua biblioteca de jogos? Depois de quase 10 horas de gameplay, minha resposta é um sonoro sim! A All Possible Futures conseguiu criar uma experiência que é ao mesmo tempo inovadora e nostálgica, misturando elementos 2D e 3D com uma narrativa envolvente que quebra a quarta parede de forma brilhante.
O game brilha com seu visual cativante e mecânicas diversificadas que mantêm a jogabilidade fresca e surpreendente. A dublagem em português, com a voz marcante de Mauro Ramos, é um deleite à parte, enriquecendo ainda mais a imersão. No entanto, vale mencionar que em um momento específico, ao fim da história, o título pode deixar a desejar em termos de acessibilidade linguística para quem não domina o inglês.
O sistema de combate é funcional, mas não é o grande destaque. As mecânicas e mudanças de perspectiva, tanto dentro quanto fora do livro, são o verdadeiro charme de O Escudeiro Valente. A diversão de navegar pelos cenários dinâmicos e explorar as diferentes formas que a história assume ao longo do gameplay é o que realmente faz o título se destacar.
Então, se você curte uma aventura que mistura criatividade com um toque de conto de fadas e mecânicas inovadoras, O Escudeiro Valente é uma compra que vale a pena e está na hora de embarcar nessa aventura com o carismático Pontinho e sua turma. O Escudeiro Valente (The Plucky Squire) chega hoje para PC, via Steam, PlayStation 5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch. Assinantes do PS Plus Extra/Deluxe terão a oportunidade de adicionar o jogo à sua biblioteca como parte da assinatura mensal, oferecendo aos membros uma vantagem adicional, já no lançamento.
*Review elaborada em um PC equipado com uma RTX, com código fornecido pela Devolver Digital.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Lucas Soares, Pizza Fria
Atualizado em 17 Set 2024.