Borderlands sempre foi uma franquia que eu gostei muito. Lembro como se fosse ontem o meu primeiro contato com a série, em meados de 2013, quando descobri Borderlands 2, que supostamente misturava elementos de RPG em um jogo de tiro em primeira pessoa. Um amigo me apresentou melhor esse jogo, começou a me contar um pouco da engraçadíssima história, da variabilidade de gameplay e do universo interessante do jogo. Então eu decidi deixar o Skyrim de lado na época e dar uma chance para o game. E só posso dizer que foi amor à primeira vista, e a partir daí eu joguei todos os jogos da franquia.

Eis que quase 10 anos depois de eu ter adentrado na franquia, é lançado Tiny Tina’s Wonderlands, um spin-off da franquia original baseado na famosíssima expansão Tiny Tina’s Assault on Dragon Keep, de Borderlands 2, que colocava o jogador dentro de uma campanha de RPG de mesa, narrada pela Tiny Tina, uma das, se não a mais famosa, personagem da franquia. Essa expansão brincava com o fato de ser um jogo “imaginário” e criava situações engraçadíssimas como a própria Tina mudando o roteiro na hora, colocando chefes e cenários na sua frente do nada, tudo isso enquanto você atirava em hordas de criaturas de fantasia medieval.

Apesar de gostar muito da franquia, nenhum outro jogo depois do clássico Borderlands 2 conseguiu superá-lo para mim, e confesso que quando anunciaram um jogo inteiro inspirado na melhor expansão do melhor jogo da série eu revirei um pouco os olhos e me mantive cético, ainda mais depois do controverso Borderlands 3. E graças aos poderes da rainha Rabo de Cavalo eu estava errado, Tiny Tina’s Wonderlands é talvez o melhor jogo da franquia desde Borderlands 2.

Então aventureiro, pegue sua metralhadora e sua espada e vem comigo destruir uns esqueletos, então vem comigo para mais uma análise do Pizza Fria!

O que é Tiny Tina’s Wonderlands?

Se você acha que Tiny Tina’s Wonderlands é mais do mesmo da franquia Borderlands, você nunca esteve tão certo. Entretanto para os aventureiros de primeira viagem, me permitam explicar o que é o título.

Tiny Tina’s Wonderlands é um frenético jogo de tiro em primeira pessoa que mistura elementos de RPG e uma dose exagerada de humor. O game foi desenvolvido pela Gearbox Software e publicado pela 2K Games. Entretanto, se você estiver pensando que é só mais um dos inúmeros jogos nesse estilo, saiba que Tiny Tina’s Wonderlands não é focado em sistemas online ou competitividade. O foco é o mesmo de qualquer outro RPG que você tenha jogado, ou seja, explorar o mundo atrás de itens, realizar missões secundárias espalhadas pelo mundo e procurar segredos, com um modo cooperativo opcional.

O que eu quero dizer é que a franquia Borderlands nunca foi sobre ser um “jogo como serviço” como Destiny 2, mas sim um RPG singleplayer, com modo cooperativo de tiro em primeira pessoa, e Tiny Tina’s Wonderlands, não é diferente.

Borderlands sempre foi pautado pela sua variabilidade de personagens jogáveis, que traziam consigo diversas maneiras de se jogar o mesmo game. Cada personagem trazia consigo uma habilidade ativa e dezenas de habilidades passivas para customizar seu estilo de gameplay, porém em Tiny Tina’s Wonderlands foi adicionado o modo de criação de personagem (que vou explicar um pouco melhor mais pra frente), que imediatamente me deixou preocupado quanto à esse quesito, pois os protagonistas de Borderlands sempre foram uma peça essencial para a franquia.

Outro fator de extrema relevância na série é o seu sistema de “armas aleatórias”, em outras palavras, em Tiny Tina’s Wonderlands todas as armas são geradas proceduralmente, variando cada peça dela seja uma mira, um cano ou até mesmo um elemento diferente. E para combinar com esse sistema, temos um combate em primeira pessoa excepcional, que mistura armas de fogo, balestras, magias, bazucas, espadas, machados e tudo que você puder imaginar em um estilo rápido, dinâmico e divertido.

Quais são as novidades ?

Sim, Tiny Tina’s Wonderlands é uma roupagem nova para Borderlands 3, porém consertando vários problemas de design e mecânicas desbalanceadas do seu antecessor, além de trazer sistemas novos em uma temática completamente diferente do sci-fi original da franquia. Entre as novidades, talvez a mais perceptível, seja a possibilidade de criar seu próprio personagem, que é um sistema que casa muito bom com a temática de RPG de mesa do jogo, porém essa customização de personagem é bastante rasa de início, visto que há poucos itens para você escolher.

Porém, você pode alterar a aparência do seu personagem a qualquer momento durante a sua jornada, e conforme avançar, será possível encontrar, espalhados pelo mundo, diversos itens que serão adicionados no menu de customização do seu personagem, seja um corte de cabelo novo, uma pintura facial nova, uma cicatriz e etc. Então não se preocupe em criar um personagem feio de início.

Outra novidade do jogo é o sistema de classes, após você criar o seu personagem você terá que escolher a sua classe principal entre uma das 6 classes disponíveis em Tiny Tina’s Wonderlands, que são:

• Brr-Ucutu: Os Brr-Ucutu’s são especialistas em combate corpo a corpo, possuindo ataques devastadores que combinam a brutalidade com ataques de gelo.
• Garraforte: Os Garrafortes são guerreiros valorosos e honrados que combinam as forças dos dragões de fogo, com seus martelos espectrais, sempre na companhia de uma serpe cuspidora de fogo.
• Necronata: São os acólitos da morte, que usam parte da sua força vital para criar feitiços macabros envolvendo a necromancia e a manipulação da vida e da morte, os Necronatas possuem um Semilich como companheiro.
• Mago Atirador: São Feiticeiros poderosos focados em destruir hordas de inimigos usando somente poderes mágicos, mas nunca esquecendo também de usar suas armas de fogo para resolver seus conflitos menores.
• Protetor do Esporo: Esses são os mestres da natureza, e especialistas em venenos e esporos. Também utilizam de um arco arcano para resolver problemas maiores, os Protetores de Esporos possuem também um cogumelo expelidor de toxinas como ajudante.
• Facadamante: São os famosos assassinos furtivos, especialistas em ataques críticos. Em um piscar de olhos o Facadamante pode sumir e invocar uma lâmina mágica para dizimar seus inimigos.

Cada uma dessas classes possuí duas habilidades ativas e dezenas de habilidades passivas para montar o seu estilo de jogo, porém o diferencial desse sistema é que em determinado momento da história você pode escolher uma segunda classe dessas para ser sua classe secundária, e combinar os poderes de duas classes em um personagem só. Vale destacar que, durante a sua jornada, você pode sim mudar seus pontos de habilidade e atributos a qualquer momento, porém para mudar a classe secundária, você terá que antes terminar o modo história. Então escolha bem sua classe principal, pois ela não pode ser alterada futuramente.

Essas classes de Tiny Tina’s Wonderlands interagem com o novo sistema de armas corpo a corpo que permite que os jogadores moldem suas habilidades em cima disso, se eles quiserem. Essas armas corpo a corpo variam o dano, velocidade, chance de acerto crítico e tudo mais que uma arma normal possuir, lembrando que tudo isso de forma aleatória assim como o sistema normal de armas. Isso nunca existiu antes na franquia, pois cada personagem possuía somente um único ataque corpo a corpo padrão, agora não mais. Quer uma marreta e usar somente ela? Vai fundo !

Os Atributos também são uma novidade em Tiny Tina’s Wonderlands, e honestamente casam muito bem com a temática do “Bunkers e Bambambãs”, que é o RPG narrado pela Tiny’ Tina. Esses atributos são os clássicos Força, Destreza, Inteligência, Conhecimento, Constituição e Harmonização, esses atributos alteram diretamente o combate e também podem ser redefinidos durante o jogo.

Outra grande novidade de Tiny Tina’s Wonderlands é a adição do mapa mundi, já que você controlará uma miniatura do seu personagem em uma visão isométrica do mapa do jogo. A dinâmica aqui funciona como se fosse um game da franquia Pokémon, onde você irá explorar esse “mundinho” procurando atalhos, acampamentos de bandidos, cavernas, minas e até mesmo bandidos na grama alta (isso mesmo). Esse mapa traz uma dinâmica interessante pro jogo, pois ele te desafoga e te da um descanso do tiroteio frenético e desenfreado do jogo normal, e é bastante divertido explorar essa mapa.

Talvez a maior novidade de Tiny Tina’s Wonderlands seja as novas Câmaras do Caos, que é um recurso desbloqueado após a campanha inicial. As Câmaras do Caos são um modo “rogue like”, ou seja são arenas geradas proceduralmente onde você terá que enfrentar hordas de inimigos para acumular pontos. E entre uma arena e outra você pode escolher alguns modificadores, para facilitar ou dificultar o desafio, e consequentemente conseguir mais ou menos itens. Esse modo é bastante divertido e é um conteúdo que te incentiva a jogar de novo e de novo.

Essas foram algumas das novidades, mas vale ressaltar que Tiny Tina’s Wonderlands traz diversas melhorias em comparação ao título anterior, melhorando problemas de balanceamento e os problemas em relação aos itens lendários, que eram comuns em Borderlands 3.

O jogo também traz de volta o modo cooperativo clássico da franquia, e como principal novidade traz ainda no lançamento, o cooperativo local (coisa que só foi adicionada via atualizações no Borderlands 3). E também vale lembrar que o jogo conta com crossplay entre todas as plataformas disponíveis.

A História

A premissa da história é bastante simples, o jogador controla o “Chefe do Destino”, um dos responsáveis pelo destino da Wonderlands. Eventualmente O Senhor dos Dragões rouba o artefato mais poderoso do mundo que é a Espada das Almas, e com ela, assassina a Rainha Rabo de Cavalo, que é a rainha e deusa de todo o reino e talvez o ser mais poderoso existente (sim, ela é um unicórnio). Cabe a você jogador vingar a morte da rainha, derrotar O Senhor dos Dragões e resgatar a Espada das Almas.

Tiny Tina’s Wonderlands traz uma história muito divertida, mesclando a narração da Tiny Tina com os eventos em tempo real do jogo. Isso gera situações engraçadíssimas como por exemplo ela discutindo com o vilão (que em teoria é ela mesma que atua). O vilão do jogo “O Senhor dos Dragões” é um dos pontos mais fortes do jogo, o personagem é extremamente carismático, divertido e lembrar que todas as suas falas são feitas pela própria Tina deixa ele mais engraçado ainda. E para mim é o melhor vilão da franquia, depois do icônico “Handsome Jack”.

E justamente por se tratar de uma história paralela aos eventos principais da franquia e um mundo completamente novo, eu acredito que essa talvez seja a melhor porta de entrada para novos jogadores, visto que não há aquela pressão de entender os acontecimentos e personagens anteriores. O máximo que um novo jogador irá perder é algumas piadas, personagens antigos e referências, mas nada muito relevante não. Isso tudo se dá pelo fato do jogo trazer um elenco inteiro de personagens novos e interessantes.

Vale a pena comprar Tiny Tina’s Wonderlands?

Tiny Tina’s Wonderlands é um jogo extremamente divertido, engraçado e carismático, que traz muitos conteúdos para todo tipo de jogador, conteúdos esses que mesclados ao divertidíssimo combate cria um excelente RPG de Tiro e talvez o melhor jogo da franquia Borderlands. O jogo também é uma excelente porta de entrada para novos jogadores, mas sem tirar aquilo que os veteranos mais gostam que é uma variabilidade de chefes, armas, habilidades e um mundo divertido e denso de se explorar.

Mas, no fim das contas, Tiny Tina’s Wonderlands é um jogo que é mais do mesmo, e cabe a você decidir se irá querer atirar em mais inimigos com uma roupagem nova ou não. O game está disponível para PlayStation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Epic Games Store.

* Review elaborada em um Playstation 4 Slim, com código fornecido pela 2K.